Em 12 de março de 2019, Dia Mundial Contra a Censura Cibernética, vários grupos de mídia nas Filipinas marcaram a data realizando protestos para denunciar os contínuos ataques cibernéticos em seus sites. Os grupos afirmam que os ataques têm recebido o apoio do governo.
Desde dezembro de 2018, os sites dos grupos de mídia alternativa Bulatlat, Kodao Productions, Pinoy Weekly e Altermidya têm sido alvos de ataques distribuídos de negação de serviço (DDoS).
Os sites Arkibong Bayan, Manila Today e União Nacional de Jornalistas das Filipinas também foram atacados no mês passado.
De acordo com a Aliança de Imprensa do Sudeste Asiático, pelo menos 10 casos de ataques cibernéticos a jornalistas filipinos foram documentados desde que o presidente Rodrigo Duterte chegou ao poder em 2016.
A Qurium, uma fundação de mídia sediada na Suécia que tem ajudado esses grupos de mídia, confirmou os ataques DDoS contra Altermidya e outros sites de notícias alternativas.
We can confirm that the attack against @Altermidya started the 8th february around 7 AM and has not stopped since then. Hosting provider has suspended their account. https://t.co/WaxyLpDj3y
— Qurium Media (@Qur1um) February 12, 2019
Podemos confirmar que o ataque contra @Altermidya começou no dia 8 de fevereiro, por volta das 7 da manhã, e não parou desde então. O provedor de hospedagem suspendeu sua conta. https://t.co/WaxyLpDj3y
Os detalhes dos ataques DDoS foram relatados à Equipe Nacional de Resposta a Emergências de Computadores (NCERT) do Departamento de Tecnologia da Informação e Comunicações (DICT). Após passar um mês sem que o órgão do governo tivesse acusado o recebimento do relatório, os grupos de mídia liderados por Altermidya decidiram protestar em frente ao escritório da NCERT.
Em um editorial conjunto, os grupos de mídia relacionaram os ataques cibernéticos às medidas repressivas do governo contra a dissidência:
The Duterte regime is using every means to silence dissent, criticism and free expression: from threats, incarceration to killings, to cyber warfare. The main target of this latest assault are the alternative media that mostly via online disseminate reports and views on events and issues that are rarely covered, if at all, by the dominant media. The goal is to deny a public hungry for information the reports and stories that it needs to understand what is happening in a country besieged by lies and disinformation.
O regime de Duterte está usando todos os meios para silenciar os dissidentes, as críticas e a liberdade de expressão; desde ameaças e encarceramento até assassinatos e guerra cibernética. O principal alvo deste último ataque são os meios alternativos que, principalmente via on-line, divulgam relatórios e visões sobre eventos e assuntos que raramente são cobertos, se é que são, pela mídia dominante. O objetivo é negar ao público ávido por informações os relatos e histórias necessárias para entender o que está acontecendo em um país cercado de mentiras e desinformação.
O editorial condenou os crescentes ataques contra a imprensa, especialmente aqueles considerados críticos do governo de Duterte.
On the #WorldDayAgainstCyberCensorship, #Engagemedia participated in a protest rally in Manila arranged by Philippine-based alternative media groups to condemn the continuous cyber attacks against critical media pic.twitter.com/LCu2dGJnff
— EngageMedia (@EngageMedia) March 12, 2019
No #DiaMundialContraACensuraCibernética, a #Engagemedia participou de uma manifestação de protesto organizada em Manila por grupos de mídia alternativa baseados nas Filipinas para condenar os contínuos ataques cibernéticos contra a mídia crítica ##NoToCyberCensorship (Não à censura cibernética) #DefendIndependentMedia (Defenda a mídia independente) #DefendPressFreedom (Defenda a liberdade de imprensa). pic.twitter.com/LCu2dGJnff
Rhea Padilla, coordenadora nacional da Altermidya, explicou no Facebook o motivo do protesto contra a NCERT:
This is why we are here. We demand that they act on the attacks. Otherwise, we will be lead to believe that NCERT and DICT are complicit in the attack on press freedom.
Esse é o motivo de estarmos aqui. Nós exigimos que eles ajam nos ataques. Caso contrário, seremos levados a acreditar que o NCERT e o DICT são cúmplices no ataque à liberdade de imprensa.
O repórter da Altermidya, Toby Roca, repetiu as palavras de Padilla:
There is still time for DICT to act. The government can investigate the cyberattacks and prosecute those responsible. The state must recognize that sustained denial of service attacks done via Philippine servers constitute criminal activity that must be stopped. #KeepUsOnline
— Toby Roca (@tobyroca) March 12, 2019
Ainda há tempo para o DICT agir. O governo pode investigar os ataques cibernéticos e processar os responsáveis. O estado precisa reconhecer que os sustentados ataques de negação de serviço feitos por meio de servidores filipinos constituem atividade criminosa que deve ser interrompida. #KeepUsOnline
A diretora-executiva da Kodao Productions, Jola Diones-Mamangun, criticou o uso de bots e trolls para prejudicar o trabalho da mídia independente:
Not content with fomenting disinformation and fake news, the Duterte administration is hell-bent on silencing what it considers as fierce critics and political opponents and goes to extreme lengths and harnessing even the power of the dark web.
Não contente em incentivar a desinformação e as notícias falsas, o governo de Duterte está decidido a silenciar o que considera críticos duros e oponentes políticos, vai a extremos e aproveita até mesmo o poder da web negra.