“A exclusão de O Ano em que Meus Pais Saíram de Férias da lista do Oscar de melhor filme em língua estrangeira se deve não a mérito do próprio filme nem à campanha tímida para vender o filme nos Estados Unidos, mas às estúpidas regras em torno desta categoria”. Chico Fireman solta o verbo.
3 comentários
O que me leva a me perguntar por quê somos tão preocupados em ter o NOSSO cinema reconhecido pela Academia NORTE-AMERICANA de cinema. Nosso público, e nossos festivais, não são importantes o bastante?
Toda esta preocupação com o reconhecimento por parte da Europa e dos EUA me soa um bocado como coisa de colonizado querendo agradar o patrão. Em vez disso, deveríamos dar mais valor a nossos festivais e nossos prêmios. Estes sim refletem, ou deveriam refletir, o valor de nossos filmes dentro de nosso contexto e nosso convívio real.
Abraços do Verde.
Prezado Daniel, você está errado. Assim como médicos, odontólogos, engenheiros, jornalistas etc, querem e devem ser reconhecidos no mundo inteiro, nossos profissionais do cinema também o querem.
Não existe nenhum absurdo em uma categoria que já ultrapassou a fase de amadorismo querer um reconhecimento profissional. Vejo , Sr Daniel , que sua paranóia ideológica está impedindo-o de ver o fato simples como é: reconhecimento internacional da excelência do desempenho do cinema brasileiro.
Roberto
Prezado Roberto, posso entender o que você quer dizer com “nossos profissionais querem e devem ser reconhecidos no exterior”. Todo profissional, principalmente aquele que faz um bom trabalho, e o faz com paixão, quer e merece reconhecimento. Querer que este reconhecimento seja também internacional também me parece natural.
O que não me desce pela garganta é a enorme importância que se dá a este reconhecimento internacional, em comparação ao reconhecimento doméstico. Coisa do tipo, um filme indicado para premiação pela academia norte-americana parece “valer” mais para nosso público do que qualquer outro filme que tenha sido premiado em outros festivais (mesmo que sejam internacionais) mas não tenha chamado a atenção dos distribuidores de “Óscares”.
Nada tenho contra o desejo de ser reconhecido. O que me incomoda é quando este reconhecimento internacional específico parece ser muito mais importante do que todo e qualquer outro reconhecimento. Por que é tão importante que nossos filmes ganhem prêmios de uma academia que premia tantos filmes de qualidade duvidosa enquanto pouca gente se importa com as mostras e premiações de nossos próprios festivais?
Não se trata de paranóia ideológica, meu caro Roberto. Posso ser radical, mas paranóia (no sentido literal, de ‘para-noesis’ — pensar alterado, desviante) é achar que um filme vale mais se for reconhecido lá fora do que se for reconhecido aqui. Desta forma, acho um bocado paranóico — louco mesmo — esta sanha por Óscares. Mas como tudo que discorda da Globo e da Veja parece ser “esquerda radical” no Brasil, talvez o paranóico aqui seja eu.
Abraços do Verde.