O Movimento Passe Livre (MPL), que encabeçou os primeiros protestos de junho de 2013 no Brasil, voltou à convocar manifestações nas cidades de São Paulo, Rio de Janeiro e Belo Horizonte contra mais um aumento das tarifas do transporte público. Milhares de pessoas foram às ruas e, como em outras ocasiões, foram recebidos com brutalidade pela Polícia Militar.
Em São Paulo, a passagem de ônibus (controlados pela prefeitura), trem e metrô (sob responsabilidade do governo do estado) subiu de R$ 3,50 para R$ 3,80, enquanto no Rio de Janeiro e Belo Horizonte o aumento foi somente nos ônibus, de R$ 3,40 e R$ 3,80 — em Belo Horizonte, já é o segundo aumento em menos de seis meses.
As primeiras informações sobre a manifestação em São Paulo davam conta da presença de entre 10 mil e 30 mil pessoas (ao final a estimativa foi reduzida para 3 mil). No Rio de Janeiro estima-se em 10 mil manifestantes.
Antes mesmo da manifestação, a professora Esther Solano desabafou:
A caminho da manifestação contra o aumento. É tão decepcionante ter o mesmo roteiro se repetindo anos depois: a falta de diálogo dos governantes e, tristemente, talvez de novo as cenas de detidos e feridos que poderemos ter hoje.
A História se repete e aprendemos tão pouco dela…
Em São Paulo, por volta das 19:30, a PM começou a atacar os manifestantes. O Perfil do Centro de Mídia Independente, no Twitter, postou uma série de fotos da repressão. Manifestantes ficaram feridos, atingidos por estilhaços de bombas ou por balas de borracha. Ao menos um policial foi ferido na ação.
A página do PSTU (Partido Socialista dos Trabalhadores Unidos) postou um vídeo que mostra a repressão da PM contra manifestantes:
E um vídeo feito pela Record News do alto de um prédio mostra a polícia espancando as pessoas com cassetetes. A jornalista Jéssica de Souza postou no Facebook foto das marcas da agressão que sofreu da PM. O fotógrafo Guilherme da Rocha, do portal Justificando, foi agredido pela polícia e forçado a apagar as fotos que havia feito da prisão de manifestantes.
Um manifestante chegou a ser jogado no chão por um policial que o ameaçou com uma pistola apontada para sua cabeça.
São Paulo police officer caught pointing gun at #ContraTarifa transport protester. Circumstances unclear. Photo: @G1 pic.twitter.com/fGYXeIwbSx
— Ben Tavener (@BenTavener) January 8, 2016
Após o início da repressão, Black Blocs fizeram barricadas com fogo e chegaram a depredar ao menos um ônibus enquanto eram caçados pela polícia. A PM também alegou, via Twitter, que uma viatura teria sido alvo de pedras.
Mascarado quebra vidro de ônibus durante protesto em SP. SIGA a cobertura: https://t.co/xPKK1Tqi7P #G1 pic.twitter.com/CrR6l3lP0o
— G1 (@g1) January 8, 2016
O coletivo Jornalistas Livres gravou um momento em que policiais militares colocam material suspeito na mochila de um manifestante em São Paulo para incriminá-lo, uma tática já conhecida e muitas vezes repetida:
Já no Rio de Janeiro, a manifestação, com cerca de duas mil pessoas, seguia pacífica quase até o final quando, próximo à estação Central do Brasil, no centro, a polícia começou a atirar bombas e balas de borracha. O perfil no Facebook Annonymous Black Faces postou um vídeo que mostra a repressão na entrada do Morro da Providência, próximo à estação. No minuto 1:00 do vídeo é possível ver um policial com uma pedra na mão que, ao ser denunciado, joga-a no lixo
Também circularam nas redes sociais fotos de um rapaz, em roupas normais, se comunicando por um rádio, no meio dos manifestantes. Ativistas dizem tratar-se de um P2 (agente infiltrado da Polícia), que estaria utilizando o equipamento para coordenar o confronto com a polícia.
P2 no ato #ContraTarifa do @mpl_sp. Esse aí é tão pala que só faltou a camiseta “Movimento Black Bloc”. pic.twitter.com/lBlDMmlmvP
— Oliver Cauã Cauê (@olivercaua) January 9, 2016
O jornal Correio do Rio postou em sua página do Facebook um vídeo com um resumo do protesto no Rio de Janeiro.
Em Belo Horizonte o protesto foi pacífico, sem agressões por parte da Polícia Militar. A Mídia Ninja postou uma série de fotos em sua página no Facebook do Rio de Janeiro [1], São Paulo [1] e Belo Horizonte [1].