Morte a sangue-frio de bebé indígena passa despercebida no Brasil

Security camera footage shows suspect approaching mother and child. Photo: ScreenShot

Câmara de segurança (CCTV) mostra o suspeito a aproximar-se da mãe que amamentava a criança. Captura de tela

Na tarde de 30 de Dezembro, uma mulher da tribo Caingangue amamentava o seu filho de dois anos, sentada num passeio junto à central de autocarros da cidade de Imbituba, no Estado de Santa Catarina, Brasil. Eles tinham dormido naquele local juntamente com um grupo de indígenas após terem efetuado uma viagem de autocarro que durou oito horas, desde a cidade de Chapecó para Imbituba onde vendem artesanato.

No estado de Santa Catarina, sul do Brasil, o fim do ano é a época em que as suas praias famosas ficam cheias de turistas vindos de outras partes do país e do estrangeiro como Uruguai e Argentina. O povo indígena vê neste influxo de visitantes uma oportunidade para vender artesanato e gerar alguma receita. As estações rodoviárias ficam cheias de artesãos, que passam ali a noite para estarem mais perto dos clientes que chegam de autocarro.

A jovem mãe segurava o seu bebé encostada ao muro quando um desconhecido se aproximou deles. Imagens CCTV mostram o homem a aproximar-se, primeiro tocou na face do menino Vítor Pinto e depois com uma pequena lâmina desferiu um golpe cortando a garganta do Vítor fugindo logo de seguida. A mãe, desesperada, gritou por ajuda mas o pequeno Vítor acabaria por morrer. Tinha apenas dois anos.

Este crime horrendo de uma criança, assassinada a sangue-frio, nos braços da mãe e em plena luz do dia não fez as manchetes da imprensa nacional. Apenas alguns jornais locais deram a notícia, de forma discreta. A jornalista Eliane Brum, opina sobre o caso no jornal espanhol El País:

Se fosse meu filho, ou de qualquer mulher branca de classe média, assassinado nessas circunstâncias, haveria manchetes, haveria especialistas analisando a violência, haveria choro e haveria solidariedade. E talvez houvesse até velas e flores no chão da estação rodoviária, como nas vítimas de terrorismo em Paris. Mas Vitor era um índio. Um bebê, mas indígena. Pequeno, mas indígena. Vítima, mas indígena. Assassinado, mas indígena. Perfurado, mas indígena. Esse “mas” é o assassino oculto. Esse “mas” é serial killer.

Quais as vidas que têm mais importância?

Illustration of a fight between indigenous people and militias during Brazil's Colonial era, by Johann Moritz Rugendas | Image: Public domain

ilustração de luta entre povos indígenas e milícias da época colonia brasileira. Autor: Johann Moritz Rugendas. Imagem: Domínio público

Desde que a América Latina se tornou um “negócio europeu” – como lhe chamava o jornalista Eduardo Galeano – a vida indígena sempre foi a mais barata do continente. Não é novidade, “o racismo sobre o povo indígena é histórico” sublinha o professor Waldir Rampinelli numa entrevista à Rádio Campeche logo após a morte do pequeno Vítor.

Assim que a gente se tornou independente, para os indígenas nada mudou […] Esse preconceito contra os indígenas chega até os dias de hoje. Tanto é que matar um indígena na rodoviária de Imbituba, aparentemente, é um crime muito menor do que matar uma criança branca numa rodoviária de Florianópolis.

Elaine Tavares, uma jornalista a viver em Santa Catarina, refere que quando os exploradores Espanhóis e Portugueses chegaram à América Latina, os povos indígenas foram denominados de “não-humanos, cidadãos de segunda classe, sem almas, inúteis”

Ao longo de todos esses séculos foi sendo construída uma imagem negativa do indígena, justamente para que pudesse ser justificada a invasão e o roubo de suas terras e riquezas. Os índios são vistos como um atrapalho, uma lembrança desconfortável do massacre. Por isso que o melhor acaba sendo confiná-los em alguma “reserva” longe dos olhos das gentes. Mas, se eles decidem sair e dividir a vida no mundo branco, aí a coisa fica feia.

No Estado de Mato Grosso do Sul, cerca de 300 índios foram mortos em conflitos fundiários, no passado recente. Muitos líderes indígenas tentam chamar a atenção para o que eles chamam de um “genocídio”, que está a acontecer no país, por milícias organizadas. Muito pouco tem sido feito sobre esta matéria. Os suicídios também têm sido uma constante, sobretudo na etnia Guarani-Kaiowá. De acordo com o New York Times, os suicídios entre a tribo é 12 vezes maior do que a média nacional.

Direito à terra

Indigenous people protest outside Brazil's Supreme Court | Image: Wilson Dias/AgênciaBrasil/CC 3.0

Índios protestam em frente ao Tribunal Supremo. Imagem: Wilson Dias/AgênciaBrasil/CC 3.0

Em todo o país, o povo indígena luta para obter a devida demarcação e reconhecimento das suas terras de acordo com as diferenças regionais de Estado para Estado. Muitos vivem nas ruas ou acampam ao lado das auto estradas construídas sobre as suas terras. O Governo de Dilma Roussef tem o pior registo de demarcação de terras dos últimos 30 anos.

O Congresso está na iminência de aprovar uma emenda constitucional que altera a forma como a demarcação de terras é efetuada. Se aprovada, a PEC 215 vai transferir a decisão final da demarcação e propriedade de terra indígena do poder executivo para o legislativo. A medida vai colocar a palavra final nas mãos do Congresso e no lóbi dos grandes produtores agrícolas – ruralistas.

Entretanto, as disputas de terra continuam a ser fomentadas. Em Novembro, uma reserva em Florianópolis foi invadida pelo antigo proprietário que não aceitou o montante pago para devolver as terras para os povos indígenas. Um mês antes da invasão, um juiz decidiu contra o homem, com base em que ele sabia que se tratavam de terras indígenas, quando ele comprou a propriedade. A chefe da tribo, Kerexu Yxapyry – também conhecida por Eunice Antunes – já havia denunciado as ameaças de morte e perseguição de que tem sido alvo (antes da invasão) mas nenhuma ação foi tomada.

O assassino de Vitor

Dois dias depois do assassinato, o suspeito de 23 anos entregou-se à polícia e confessou o crime. Decidiu entregar-se por temer pela própria vida mas até ao momento não apresentou o motivo pelo crime. Relatos da polícia dão conta que o autor do crime possa sofrer de perturbações psicológicas.

Mas se não há muito para dizer sobre o assassino, a morte de Vítor diz muito sobre como o Brasil cuida o seu povo nativo. Eliane Brum comenta que:

Quem continua morrendo de assassinato no Brasil, em sua maioria, são os negros, os pobres e os índios. […] Estamos nus. E nossa imagem é horrenda. Ela suja de sangue o pequeno corpo de Vitor por quem tão poucos choraram.

 

16 comentários

  • Douglas Goncalves

    Pensem, apenas pensem: “Índio mata criança de 2 anos em São Paulo”. Imaginem o brasil parando, o ódio que não se vê hoje aflorando em todo mundo. Os bolsonaros dizendo que os índios são a escória.

    • Caio Queiroz Opaleiro

      Que pena que o Bolsonaro nunca disse isso, e sim disse que os imigrantes do estado-islâmico não deveriam vir pro Brasil! E ainda bem que não vieram, olha a onda de estupros e crimes que está acontecendo na europa!

      • Lucas Alexandre

        Sempre tem um imbecil para defender outro imbecil.

        • Caio Queiroz Opaleiro

          Exato, olha ai você defendendo a esquerda!

          • realista1

            Alguem falou em esquerda aqui? Mania essa de quem discorda do Bolsonaro é logo tachado de esquerda. Seguidores de Bolsonaro são mestres em falácias.

            Aliás olha que seu ídolo fez –> antes votou contra PEC porque prejudicar os militares, depois mudou de ideia quando soube que militares não iam ser prejudicados. Ele só pensou na classe dele e não no povo:

            # (VOTO CONTRA) BOLSONARO SOBRE A PEC 241

            /watch?v=Z6EaukSjPDc

            # (VOTO A FAVOR) Bolsonaro muda de opinião sobre PEC 241. Moro compara os corruptos que ele prende a assassinos.

            /watch?v=JLYnHD5McsU

             
  • Eu acho que o rapaz foi pago pra fazer isso. Não acho que era doente não. Foi premeditado.

  • Laucinelio Gomes de Resende

    Os brancos ao longo da historia, que foram os conquistadores e colonizadores, incluindo os cristãos ( católicos, protestantes e anglicanos) têm feito mais mal à humanidade do que os negros,índios e amarelos. Será que haverá extinção das expécies, desenvolvida pelos próprios homens ao longo da história, comportando-se como suicidas!!! Quem detrói o ecossistema e os hábitats é um suicida, pois destrói a Natureza que o mantém vivo. Ainda bem que sou branco, mas tenho o cérebro incolor.

    • Caio Queiroz Opaleiro

      Não só os cristãos, antes de sair pregando ódio aos cristãos, lembre-se também dos islamistas que fazem violência alheia em seus países! Corrija seu comentário!

      • Laucinelio Gomes de Resende

        Caio, não sinto ódio por ninguém, pois o ódio é um sentimento que nasce dentro de você e já começa a fazer mal a si mesmo. Realmente eu me esqueci dos islamistas e dos judeus que é o povo mais racista da humanidade. Você sabia que o jihad islâmico que mantém os semitas em guerra até 2016, teve início com As Cruzadas católicas? Já ouviu falar nas Cruzadas, as Guerras Santas cristãs. No massacre da Noite de São Bartolomeu pelos cristãos, na Santa Inquisição dos cristãos, na Caça às Bruxas, pelos cristãos. Você precisa conhecer mais a história trágica e criminosa do cristianismo ao longo dos séculos.

        • Caio Queiroz Opaleiro

          Ainda bem que você mesmo disse, ao longo dos séculos, hj em dia não existe mais, diferente dos nossos amiguinhos islâmicos! Ah, e os judeus só lutam contra os islâmicos pra proteger a terra deles! Ah, e sim, eu estudei sobre as maravilhosas cruzadas, onde os islâmicos só ganhavam as batalhas fazendo armadilhas, já que eram muito FRACOS pra ir num mano a mano com os templários/cristãos!

          • realista1

            1) Judeus inventaram de “retornar” a terra deles após muito tempo, sendo perseguidos em países cristãos como Alemanha (com antissemitismo estimulado por Lutero com livros como Sobre judeus e suas mentiras).
            Aliás nem foram os islamicos a causa dos judeus quererem “retornar”

            2) Estudou as cruzadas? Pois deveria estudar melhor. Os cristãos atacavam a si proprios além nas Cruzadas que saquearam Constantinopla. E atacavam judeus tb.

            Eu vou postar mais sobre isso nos comentarios a seguir.

             
          • realista1

            CRUZADAS E ANTISSEMITISMO

            […]

            Este processo de peregrinação se inicia no

            “Concílio de Clermont”, em 1095, estabelecendo-se na Europa ordens militares
            como os Templários, que ocasionaram transformações na vida cotidiana e no
            destino dos judeus, e criaram um abismo entre a civilização ocidental e o
            Judaísmo. Cresce, assim, uma sistematização das hostilidades contra os judeus.
            Como a Igreja os declara “inimigos da fé”, as camadas populares iniciam uma onda
            de violência contra os Filhos de Israel.
            Afinal, a maioria deles vivia nas cidades e tinha uma formação superior àquela
            encontrada na população local.

            […]
            VÉSPERAS DA PRIMEIRA CRUZADA
            Na época medieval, desfrutavam de tranquilidade e prosperidade na Europa
            cristã os judeus que habitavam em territórios do Império Carolíngio, assim como
            os que, na Península Ibérica, viviam sob domínio muçulmano. Porém, a luta entre
            o poder papal e o crescente poder político dos monarcas, criou-lhes uma nova
            situação.
            Em meados do século 11, era instável a situação dos judeus da Europa central.
            Na França e na Alemanha, dependiam da proteção dos reis, com os quais mantinham
            relações “aceitáveis” já que os reis careciam de seus talentos e suas riquezas.
            Os judeus concediam empréstimos aos governantes, que, entre outros, os incumbiam
            de coletar impostos para o Tesouro Real, atividade que os tornaria cada vez mais
            impopulares entre os camponeses e a pequena nobreza que os culpava pelas
            penúrias pessoais e a impossibilidade de progredir na vida. Ao se iniciarem as
            Cruzadas, muitos cristãos mantinham dívidas com judeus. A peregrinação à Terra
            Santa era não só uma forma de receber perdão da Igreja e do Céu pelos pecados,
            mas também um meio de libertar-se das obrigações econômicas.
            Alguns anos antes das Cruzadas, aconteciam perseguições esporádicas. Um
            cronista judeu anônimo relata o massacre de Otranto, uma vila ao sul da Itália,
            em 930: “Judeus foram perseguidos… ao Rabino Yeshaya lhe atravessaram o
            pescoço com uma faca e o mataram como a um cordeiro no pátio da sinagoga; e o
            Rabino Menachem caiu dentro de um poço, e a nosso mestre o estrangularam”. Em
            1007 aconteceriam massacres na França e a expulsão e conversões dos judeus de
            Mogúncia (Mainz), na Alemanha.

            Entre os séculos 8 a 11, os judeus da Espanha viviam em paz e integrados
            ao Estado islâmico, sendo considerados pelos cristãos como “colaboradores” dos
            muçulmanos.
            Em 1064, na conquista de Barbastro, motivado pelos maus tratos a
            judeus, o Papa Alexandre II escreveu aos bispos hispânicos, lembrando-os da
            diferença entre muçulmanos e judeus: “Os primeiros são inimigos irreconciliáveis
            dos cristãos, enquanto os últimos são meros colaboradores”.
            Antes da Primeira Cruzada, os reis e as autoridades eclesiásticas
            reconheciam o valor dos judeus oferecendo-lhes proteção e direitos.
            Em 1084,
            o Bispo de Espira lhes outorgou uma carta de privilégios, reconhecendo-os como
            agentes colonizadores da cidade. Em 1090, o rei Henrique IV renovou-lhes os
            privilégios, outorgando um direito similar aos judeus de Worms. Esses documentos
            lhes permitiam exercer livremente o comércio, garantindo também suas liberdades
            religiosas.
            […]
            PRIMEIRA CRUZADA
            A Primeira Cruzada foi proclamada em 1095, pelo Papa Urbano II, com o
            objetivo duplo de auxiliar os cristãos bizantinos e libertar Jerusalém e a Terra
            Santa do jugo muçulmano. Na verdade, a Primeira Cruzada não foi um único
            movimento, mas um conjunto de ações bélicas de inspiração religiosa, que incluiu
            a Cruzada Popular, a Cruzada dos Nobres e a Cruzada de 1101.
            A conclamação era para libertar Jerusalém dos infiéis, mas a Primeira
            Cruzada deu vazão a uma longa tradição de violência organizada contra os judeus.

            Primeiro na França e, depois, na Renânia, alguns líderes de grupos populares
            interpretaram que a guerra contra os infiéis podia ser aplicável não só aos
            muçulmanos, no Levante, mas também contra os judeus
            , que viviam na maioria
            das comunidades europeias. Muitos cristãos não viam motivo para viajar milhares
            de quilômetros para lutar contra os inimigos do Cristianismo, quando estes
            estavam, também, à porta de suas casas.
            O cronista Samuel ben Yehudá descreveu o sentimento judaico por volta de
            1096:
            “… Caiu sobre nós uma densa escuridão”. Outro cronista do século 12
            assim se expressou: “As lagostas não têm rei, mas andam todas em bandos”,
            fazendo clara alusão à postura devastadora dos cruzados. Uma cruzada não era
            apenas a retomada dos Lugares Santos cristãos tomados pelos árabes; era também a
            vingança pelo suposto crime de “deicídio” cometidos pelos judeus.

            Em 1096, os cruzados, liderados por Godofredo de Bouillon e Robert de
            Normandia, iniciam sua própria guerra contra os infiéis, saqueando e
            assassinando, sem trégua, todos os judeus à sua frente.
            Na crônica de Samuel
            ben Yehudá ficou registrada a vinda dos cruzados: “Quando passam por povoados
            onde há judeus, dizem que viajam a terras distantes à procura de vingança dos
            ismaelitas; porém aqui vivem também judeus cujos antepassados mataram e
            crucificaram sem motivo. Portanto, devemos destruí-los como povo para que o nome
            de Israel não seja lembrado..”
            . O conceito de “deicídio” surgido no século 4
            voltara revigorado.
            Mesmo que as atrocidades começassem em Rouen e Normandia, as maiores
            matanças se propagaram em direção do rio Reno, região superpovoada por
            comunidades judaicas
            . No início do verão de 1096, cerca de 10 mil cristãos
            partiram em cruzada, percorrendo o vale do Reno em direção ao Norte (direção
            oposta a Jerusalém), iniciando uma série de pogroms. A proteção dada aos judeus
            por bispos e imperadores não evitou uma catástrofe de dimensões gigantescas.
             
             

             
          • realista1

            ▉ CRUZADAS – CRISTÃOS CONTRA CRISTÃOS PELO LUCRO

            https://pt.wikipedia .org/wiki/Quarta_Cruzada

            A Quarta Cruzada (1202-1204) foi começada com a intenção de tomar a Terra Santa, então em mãos muçulmanas, através da conquista do Egito. Entretanto, a cruzada foi desviada de seu intuito original e os cruzados, junto aos venezianos, tomaram e saquearam Constantinopla, cidade cristã capital do Império Bizantino. Esse evento levou à fundação do Império Latino e à consolidação do Grande Cisma do Oriente entre a Igreja Católica e a Igreja Ortodoxa.

            A partir de 1198, o papa Inocêncio III começou a incitar a cristandade para empreender um novo esforço de cruzada, tendo tido bastante receptividade junto da nobreza europeia. O prestígio e capacidade de legislação e de organização eram apanágio deste papa, o que fazia recair sobre o seu pontificado uma enorme aura de confiança popular.

            A Quarta Cruzada foi empreendida por Balduíno IX, Conde de Flandres, e por Bonifácio II, Marquês de Monferrato. O transporte dos exércitos fez-se a partir de Veneza, república comercial que então vivia numa tensão crescente com Constantinopla depois do massacre de mercadores daquela cidade italiana em 1182 devido aos privilégios comerciais que detinham. Se por um lado a pretensão papal desta cruzada apontava para a destruição do poderio muçulmano no Egito, por outro a tensão entre Veneza e os bizantinos acabaria por influenciar o decurso das operações militares, cujos objectivos se centravam cada vez mais em Constantinopla, devido à intenção veneziana de vingar o massacre dos seus mercadores. Além disso, o Egito mantinha boas relações a todos os níveis com Veneza.

             
          • realista1

            ▉ CRUZADAS E ANTISSEMITISMO

            http://www.morasha .com.br/historia-judaica-na-antiguidade/judeus-durante-a-primeira-cruzada.html

            […]

            Este processo de peregrinação se inicia no
            “Concílio de Clermont”, em 1095, estabelecendo-se na Europa ordens militares
            como os Templários, que ocasionaram transformações na vida cotidiana e no
            destino dos judeus, e criaram um abismo entre a civilização ocidental e o
            Judaísmo. Cresce, assim, uma sistematização das hostilidades contra os judeus.
            Como a Igreja os declara “inimigos da fé”, as camadas populares iniciam uma onda
            de violência contra os Filhos de Israel.

            Afinal, a maioria deles vivia nas cidades e tinha uma formação superior àquela
            encontrada na população local.

            […]

            VÉSPERAS DA PRIMEIRA CRUZADA

            Na época medieval, desfrutavam de tranquilidade e prosperidade na Europa cristã os judeus que habitavam em territórios do Império Carolíngio, assim como os que, na Península Ibérica, viviam sob domínio muçulmano. Porém, a luta entre o poder papal e o crescente poder político dos monarcas, criou-lhes uma nova situação.

            Em meados do século 11, era instável a situação dos judeus da Europa central. Na França e na Alemanha, dependiam da proteção dos reis, com os quais mantinham relações “aceitáveis” já que os reis careciam de seus talentos e suas riquezas. Os judeus concediam empréstimos aos governantes, que, entre outros, os incumbiam de coletar impostos para o Tesouro Real, atividade que os tornaria cada vez mais impopulares entre os camponeses e a pequena nobreza que os culpava pelas penúrias pessoais e a impossibilidade de progredir na vida. Ao se iniciarem as Cruzadas, muitos cristãos mantinham dívidas com judeus. A peregrinação à Terra Santa era não só uma forma de receber perdão da Igreja e do Céu pelos pecados, mas também um meio de libertar-se das obrigações econômicas.

            Alguns anos antes das Cruzadas, aconteciam perseguições esporádicas. Um cronista judeu anônimo relata o massacre de Otranto, uma vila ao sul da Itália, em 930: “Judeus foram perseguidos… ao Rabino Yeshaya lhe atravessaram o pescoço com uma faca e o mataram como a um cordeiro no pátio da sinagoga; e o Rabino Menachem caiu dentro de um poço, e a nosso mestre o estrangularam”. Em 1007 aconteceriam massacres na França e a expulsão e conversões dos judeus de Mogúncia (Mainz), na Alemanha.

            Entre os séculos 8 a 11, os judeus da Espanha viviam em paz e integrados ao Estado islâmico, sendo considerados pelos cristãos como “colaboradores” dos muçulmanos. Em 1064, na conquista de Barbastro, motivado pelos maus tratos a judeus, o Papa Alexandre II escreveu aos bispos hispânicos, lembrando-os da diferença entre muçulmanos e judeus: “Os primeiros são inimigos irreconciliáveis dos cristãos, enquanto os últimos são meros colaboradores”.

            Antes da Primeira Cruzada, os reis e as autoridades eclesiásticas reconheciam o valor dos judeus oferecendo-lhes proteção e direitos. Em 1084, o Bispo de Espira lhes outorgou uma carta de privilégios, reconhecendo-os como agentes colonizadores da cidade. Em 1090, o rei Henrique IV renovou-lhes os privilégios, outorgando um direito similar aos judeus de Worms. Esses documentos lhes permitiam exercer livremente o comércio, garantindo também suas liberdades religiosas.

            […]

            PRIMEIRA CRUZADA

            A Primeira Cruzada foi proclamada em 1095, pelo Papa Urbano II, com o objetivo duplo de auxiliar os cristãos bizantinos e libertar Jerusalém e a Terra Santa do jugo muçulmano. Na verdade, a Primeira Cruzada não foi um único movimento, mas um conjunto de ações bélicas de inspiração religiosa, que incluiu a Cruzada Popular, a Cruzada dos Nobres e a Cruzada de 1101.

            A conclamação era para libertar Jerusalém dos infiéis, mas a Primeira Cruzada deu vazão a uma longa tradição de violência organizada contra os judeus. Primeiro na França e, depois, na Renânia, alguns líderes de grupos populares interpretaram que a guerra contra os infiéis podia ser aplicável não só aos muçulmanos, no Levante, mas também contra os judeus, que viviam na maioria das comunidades europeias. Muitos cristãos não viam motivo para viajar milhares de quilômetros para lutar contra os inimigos do Cristianismo, quando estes estavam, também, à porta de suas casas.

            O cronista Samuel ben Yehudá descreveu o sentimento judaico por volta de 1096: “… Caiu sobre nós uma densa escuridão”. Outro cronista do século 12 assim se expressou: “As lagostas não têm rei, mas andam todas em bandos”, fazendo clara alusão à postura devastadora dos cruzados. Uma cruzada não era apenas a retomada dos Lugares Santos cristãos tomados pelos árabes; era também a vingança pelo suposto crime de “deicídio” cometidos pelos judeus.

            Em 1096, os cruzados, liderados por Godofredo de Bouillon e Robert de Normandia, iniciam sua própria guerra contra os infiéis, saqueando e assassinando, sem trégua, todos os judeus à sua frente. Na crônica de Samuel ben Yehudá ficou registrada a vinda dos cruzados: “Quando passam por povoados onde há judeus, dizem que viajam a terras distantes à procura de vingança dos ismaelitas; porém aqui vivem também judeus cujos antepassados mataram e crucificaram sem motivo. Portanto, devemos destruí-los como povo para que o nome de Israel não seja lembrado..”. O conceito de “deicídio” surgido no século 4 voltara revigorado.

            Mesmo que as atrocidades começassem em Rouen e Normandia, as maiores matanças se propagaram em direção do rio Reno, região superpovoada por comunidades judaicas. No início do verão de 1096, cerca de 10 mil cristãos partiram em cruzada, percorrendo o vale do Reno em direção ao Norte (direção oposta a Jerusalém), iniciando uma série de pogroms. A proteção dada aos judeus por bispos e imperadores não evitou uma catástrofe de dimensões gigantescas.

             
  • Mariah Schloss

    O que esperar de um País invadido e saqueado, que se estabece e se fixa com bases racistas.

  • realista1

    1) Como saber se o crime foi de racismo? Não é porque alguem de uma etnia nao-indigena mate um indigena que isso deve ser considerado crime racial ou etnico. Se for assim toda vez que alguem branco matar alguem não-branco vai ser considerado racismo, ainda que o motivo não tenha sido esse. O caso do indio Pataxó, por exemplo, morto queimado em 1996 por jovens de classe media, que confundiram ele com mendigo deitado num banco de onibus, seria crime movido por preconceito social (por confundirem ele com mendigo) e não racial.

    2) Vida indigena era considerado a mais barata? Nem tanto. Pelo menos por parte da Igreja Catolica não era. Basta conferir a questão das missões indigenas. A vida infigena poderia ser barata pro colono mas não pra tudo que era da colonia, como já citado antes.

    ● Pôr um materia pondo historico sobre indigenas sendo massacrados pode até parecer ser correto mas isso pode causar mais comoção do que senso crítico apurado, pois as pessoas podem ser induzidas a tomar partido sem os fatos serem avriguados.

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