Brasil: Dia da consciência negra e o debate sobre racismo

De 1550 a 1888, pelo menos 3 milhões de africanos foram brutalmente enviados ao Brasil pelos mercadores de escravos, o que significa quase metade de todos os escravos levados à América do Sul. A maioria deles veio de Angola e Moçambique, que eram então colônias portuguesas na África, e foi submetida ao trabalho escravo nas plantações de cana-de-açúcar no nordeste.

Durante os anos da escravatura, milhares conseguiram escapar montando colônias livre conhecidas como quilombos. O mais famoso de todos foi o Quilombo dos Palmares, em Alagoas, liderado por um escravo fugitivo conhecido como Zumbi, que veio a se tornar símbolo de resistência por defender o povoado contra as forças coloniais. Zumbi foi assassinado em 1695 e no aniversário de sua morte, 20 de novembro, o país renova sua permanente luta contra a discriminação.

(Foto de Iberê Thenório)

Blogueiros refletem sobre exclusão social, racismo e orgulho

A influência cultural da África continua forte no Brasil, um país onde os descendentes de africanos foram quase metade da população de 180 milhões de habitantes. Apesar disso, a discriminação econômica, social e de outras formas continua sendo a principal herança da migração em massa forçada da escravatura. De acordo com o último censo, no ano 2000, brasileiros de descendência africana formam 63% do setor mais pobre da sociedade, embora apenas 5% deles se declarem como ‘de origem negra’. Roice, Leandro e Milena, da escola de segundo grau estadual Jair Toledo Xavier, analisam os números e refletem sobre as causas da discriminação:

A lei proíbe o racismo, mas mantém estruturas sociais e econômicas que o alimentam. Pode evitar que um viole o direito do outro, mas não tem como levar brancos e negros a se amarem e menos ainda como ajudar cada pessoa a se sentir bem em sua pele e em sua identidade cultural. No Brasil, os dados oficiais mostram que as desigualdades sociais são mais profundas à medida que as pessoas pobres não só são empobrecidas, mas são negras.

(Foto de Iberê Thenório)

Será que a lei funciona de verdade como deveria? Aldo Cerqueira Santos publica uma coleção de depoimentos de pessoas que foram vítimas de discriminação e deixa algumas perguntas para reflexão. A última delas é:

Estes depoimentos aconteceram há dez anos. Por que até hoje existe preconceito racial.

E será que existe, na verdade, racismo em um país tão etnicamente misto como o Brasil? Esse é ainda um assunto muito debatido e altamente polêmico. Edu junta mais de 50 comentários em três postagens sobre o assunto. Em uma delas, ele escreve:

O único tipo de preconceito que existe é o preconceito SOCIAL, relacionado à condição financeira e os símbolos de status ostentados pelo indivíduo. Neste país, não se olha cor antes de se julgar uma pessoa – se olha o que ela tem no bolso. No pulso. O que ela veste. Um negro rico é mais respeitado e bem tratado que um branco pobre – como se fosse uma pessoa melhor apenas por ter grana.

Zélio Luz, que relata ainda ser vítima de racismo mesmo tendo se estabelecido como engenheiro, está entre os que discordam nos comentários dessa posição, convidando o autor da postagem a experimentar ser negro por um dia e listando algumas das situações pelas quais ele já passou em um Brasil racista:

Muitos como o dono do texto, dizem que temos complexo de perseguição… imaginemos que você seja negro, e que entre em um desses cursinhos preparatórios, depois de trabalhar o dia inteiro, para pagar é claro o tal cursinho. Vai ao banheiro e se depara com a seguinte mensagem: “SAI FORA PRETO AQUI NÃO É SEU LUGAR” o que você faria? Imagine-se caminhando em um bairro nobre, vestido “arrumadinho” indo para o trabalho, alguém o vê se aproximar e percebendo sua negritude, atravessa para o outro lado da calçada segurando sua bolsa desesperadamente, o que você faria? Imagine-se agora em uma balada na vila olimpia, arrumadinho novamente, alguém lhe entrega as chaves do carro e lhe pede para que guarde no estacionamento, o que você faria?

(Foto de Iberê Thenório)

Um dos assuntos destacados no debate acima foi o sistema de distribuição de vagas, aprovado em maio de 2004, uma medida legal que permitiu que universidades federais adotassem um sistema de cotas, a serem distribuídas de acordo com a cor da pele e classe social para aumentar o acesso de descendentes de africanos à educação superior. Isso é chamado de ‘racismo soft’ e é a pior forma de discriminação, de acordo com Reality is out there:

Falo daqueles que acham que, sim, os negros são inferiores e precisam de um tratamento diferenciado por parte dos brancos privilegiados senão nunca chegarão a ser nada na vida. Aqueles que não acreditam que, dando-lhe consições iguais, um negro é capaz de disputar uma vaga de trabalho em igualdade de condições ou até mesmo levar vantagem sobre um branco.

Para dizer a verdade, no Brasil, o termo ‘racismo’ é usado na maioria das vezes em relação à discriminação contra as pessoas de acordo com a cor da pele delas. Sérgio Mendes lembra a seus leitores que a palavra não deveria ter apenas essa conotação:

Já que tanto se batem pela questão do racismo contra os negros, poderiam, sensatamente, perceber que o inverso também o é. A palavra racismo não tem um componente “negro” no seu significado. Racismo é o preconceito que determinada raça ou etnia tem contra outra, independentemente se são brancos contra negros, negros contra brancos, portugueses contra espanhóis, paulistas contra nordestinos ou sérvios contra croatas: é racismo da mesma maneira, independente de qual parte parta.

(Foto de Iberê Thenório)

Eduardo Peret vai além, refletindo sobre todas as formas de discriminação, seja contra homossexuais, mulheres ou raças, concluindo:

Então, vamos todos nos educar para a verdadeira perfeição, alcançando as virtudes da tolerância e da aceitação mútua. Aí, sim, as paradas, os dias internacionais e as comemorações de consciência e de orgulho serão desnecessários. Porque todos nós seremos verdadeiramente iguais, tal como quando nascemos.

(Foto de Iberê Thenório)

E Jaqueline Lira, professora e blogueira, encerra o debate se orgulhando de sua descendência [pt]:

Tenho orgulho de ser negro. Não sou marrom, nem furta cor, nem camaleão. Sou negra.

Valeu Zumbi é um novo blogue lançado para divulgar informações sobre o Dia da Consciência Negra em todo o Brasil.

Todas as imagens que ilustram essa matéria foram gentilmente cedidas por Iberê Thenório. Veja todas as fotos do Dia da Consciência Negra ano passado na Avenida Paulista, São Paulo.

 

(texto original de Paula Góes)

 

O artigo acima é uma tradução de um artigo original publicado no Global Voices Online. Esta tradução foi feita por um dos voluntários da equipe de tradução do Global Voices em Português, com o objetivo de divulgar diferentes vozes, diferentes pontos de vista. Se você quiser ser um voluntário traduzindo textos para o GV em Português, clique aqui. Se quiser participar traduzindo textos para outras línguas, clique aqui.

49 comentários

  • Permita-me discordar então de seu ponto de vista, caro Greco-Romano. Discordo da distinção que fazes entre racismo e “racialismo”. De fato não consigo enxergar a grande diferença entre os dois. Poderia deixá-la mais clara?

    Sem me alongar demais, gostaria de deixar claro que — a meu ver, e ao ver de muitos além de mim — a atual situação da América Latina (que, oxalá, há de melhorar) se deva sobretudo à profunda exploração sofrida por este continente nos últimos 500 anos nas mãos de vários outros povos, de várias formas distintas. Colocar a culpa de nossa situação social/econômica em nossa diversidade cultural é fatalmente, a meu ver, uma afirmação profundamente racista e xenofóbica. Não foram nossos índios, ou os negros que para cá vieram como escravos, que nos empobreceram. Não culpo também o povo europeu como um todo — o que seria um racismo às avessas — mas uma rápida leitura de historiadores ou antropólogos que se debruçaram sobre a história de nosso continente pode mostrar que nossa pobreza e caos tem uma profunda ligação com as políticas de exploração aplicadas inicialmente pelos europeus (a saber, espanhóis, holandeses, franceses, ingleses e, claro, portugueses). Por isso, afirmar que alguma etnia de nosso “caldeirão” étnico é culpada por nossa situação é, a meu ver, o mesmo que dizer que a etnia culpada é a caucasóide — uma afirmação que eu me recuso a fazer, tamanho o seu simplismo e injustiça.

    Obrigado, contudo, por expressar sua opinião. Seja sempre bem vindo ao Global Voices em Português. E se estiver curioso para saber mais do que estou falando, recomendo-te um livro excelente de um grande observador das bandas de cá: “As Veias Abertas da América Latina, escrito por Eduardo Galeano”.

    Abraços do Verde.

    • Pedro Almeida

      Bravo! Daniel vc brilhou nesta análise da nossa história.
      Seus comentários são didáticos e ponderados.

      É ótimo acompanhar suas intervenções moderadoras.

      Respeitosas Saudações!

      OBS.: como boa sugestão de leitura poderiamos consultar também a cativante obra do Eduardo Bueno (Coleção Terra Brasilis)

  • RACISMO, de acordo com o Houaiss:

    Datação
    sXX cf. AGC

    Acepções
    ■ substantivo masculino
    1 conjunto de teorias e crenças que estabelecem uma hierarquia entre as raças, entre as etnias
    2 doutrina ou sistema político fundado sobre o direito de uma raça (considerada pura e superior) de dominar outras
    3 preconceito extremado contra indivíduos pertencentes a uma raça ou etnia diferente, ger. considerada inferior
    4 Derivação: por analogia.
    atitude de hostilidade em relação a determinada categoria de pessoas
    Ex.: r. xenófobo

    PS: Greco-Romano, Racialismo é uma palavra que não existe, mas acho que a sua noção dela se encaixa bem na primeira definição de Racismo mesmo.

  • greco-romano

    Eu acho que vou ser mal interpretado ao expor as minhas ideias sobre esta assunto.Não acredito na tão propalada “fraternidade de raças”,nem nos “benefícios” da mestiçagem.Essa mesma mestiçagem é absolutamente prejudicial para o progresso das nações.Se duvidam de mim,olhem á vossa volta,vejam o estado em que estão não só vocês,brasileiros,mas o resto da América Latina.Os contactos raciais redundaram em grande miscigenação,que bloqueou o progresso do Brasil e criaram situações e cenários de terceiro-mundo.
    É um facto,meus senhores:quantas mais raças diferentes coabitarem no mesmo espaço geográfico,mais problemas e tensões sociais se verificam.
    Estudos de investigadores com créditos firmados,como James Watson,Chamberlain ou Gobineau provaram a inaptidão de certas raças,como a negra,para o progresso tecnológico e construção económica e jurídica de um país.Basta ver como está a África actual:um completo caos,com guerras civis e morticínios terríveis.
    Não me venham agora chamar de racista,nem de nazi,eu não sou nada disso:sou Identitário,sou pela preservação da estirpe,no caso,caucasóide,e defendo a separação total das diferentes raças do Mundo,no seu próprio espaço.Acreditem que era a melhor forma de evitar muitos problemas.
    Feliz Ano Novo.

  • Caro Greco-Romano. Não sei o que mais me impressiona. Se suas posturas, ou a impressão dada pela sua resposta de que nem sequer leste o que foi escrito por mim e pela Paula. Para não gastar o meu e o seu tempo com argumentos longos que, temo eu, também não te darás o trabalho de ler, gostaria de fazer apenas uma citação de Zygmunt Bauman, sociólogo polonês também com “muitos créditos firmados”, a respeito do que pode ser chamado de racismo:

    “sobre o racismo, Bauman (1989:1998), citando Pierre-André Taguieff, nos traz a idéia de que ele possuí três níveis, sendo o primeiro uma reação natural ao estranho desconhecido, racismo primário, o racismo secundário é aquele que ocorre quando se introjeta uma teoria que cria bases lógicas para o ressentimento; e o racismo terciário é aquele que além dos outros dois níveis, se utiliza de argumentos biológicos. (Bauman, 1989:1998. p. 85)”

    Posto isso, e a definição de dicionário tão bem citada pela Paula, acredito que é patente que não podes fugir do fato de que suas afirmações são racistas. Mais do que isso, tratam-se de racismo terciário, segundo a teoria de Taguieff.

    No mais, devemos também estar lendo teóricos bastante distintos a respeito dos motivos históricos e econômicos da atual situação do “terceiro mundo”. Acreditas realmente que foi a mistura das raças, e não a invasão e pilhagem das riquezas do sul por parte de alguns europeus, o motivo de nossos problemas? Negas então que estes fatos sequer aconteceram?

    Mais uma vez me pergunto se sua lógica não nos levaria à conclusão final de que, se alguma “raça” (conceito que acho inadequado) foi culpada pela pobreza na África e na América Latina, esta seria a “raça caucasóide” que você tanto defende. Mas mais uma vez, já que pareces não ter lido minhas afirmações anteriores, repito que acho esta idéia igualmente injusta, embora seja também patente que foram as riquezas pilhadas de nossa terra que financiaram a saída da Europa de sua situação de miséria e caos do século XVI.

    Não são raças, mas homens e instituições, que causam a miséria, a guerra e potencializam o flagelo das doenças. Não é a cor da pele, mas a êtica dos homens e mulheres, que é responsável pelos desdobramentos da história. Posto isso, acredito, e nisso não estou sozinho, que toda esta conversa sobre raças é uma cegueira, e uma asneira, sem tamanho — sendo em alguns lugares inclusive considerada uma conduta criminosa.

    Agora responda minha pergunta. Você realmente acredita que a exploração e o massacre promovidos pelos europeus na África e na América Latina não é uma das causas principais da situação destes continentes? Esta pergunta é muito importante para que eu possa entender em que ponto estamos discutindo — se na dimensão político-econômica, ou na dimensão dos delírios de um xenófobo.

    Feliz Ano Novo para todos, de Norte a Sul.

  • Daniel, excelente explicação, infelizmente o camarada Greco-Romano não está aqui para ouvir – e se passar de novo não vai ler argumentos contra o racismo científico que ele tanto defende. Acho que ele anda procurando posts sobre o assunto na blogosfera para deixar seus comentários, sem nem mesmo ler os textos quanto mais os comentários. Que fiquem aqui as suas sábias linhas para aqueles que queiram de verdade refletir.

  • Muito obrigado pelos elogios a meu comentário, Paula. Confesso que fiquei com medo de ser um pouco emocional em minha resposta, mas como não ser emocional ao ler certos disparates?

    O Global Voices em Português é um espaço livre de discussão onde todas as idéias tem direito de existir, o que não quer dizer que estejam livres de causar uma reação indignada por parte de outros participantes. Posto isso, sinto-me à vontade para opinar dentro do razoável em relação aos comentários que recebemos, e mesmo as matérias que traduzimos. Quando faço isso, sou Daniel Duende, o blogueiro, e não o coordenador do Global Voices em Português.

    Embora discorde do Greco-Romano, espero que ele não pense que está sendo censurado (no sentido de ter sua voz calada). Ele tem direito de expor suas idéias, mas sempre que o fizer, espero que haja quem possa se contrapor a eventuais disparates expostos por ele. Espero que o mesmo aconteça sempre comigo, e com qualquer comentador, se este disser semelhantes disparates.

    Assim segue a nossa conversa (e eu espero MESMO que o Greco-Romano apareça para responder às perguntas que foram colocadas).

    Abração do Verde.

  • greco-romano

    Eis-me aqui de novo para responder ponto por ponto às vossas afirmações,que me parecem tendenciosas e irrealistas.Devem ser os vossos donos anti-racistas e multiculturalistas a darem-vos a injecção…
    Qual é o problema de não gostar de outras pessoas que não sejam da minha raça?…Por acaso,existe alguma lei escrita que me obrigue a fazê-lo?!
    Acho que vocês não têm bem a noção do que andam a defender,e sim,o Racialismo existe,sim senhora,está vivo e recomenda-se,para quem não saiba.
    Mantenho a minha opinião:tenho muito mais afinidade em todos os sentidos com um europeu,seja ele Alemão,Espanhol,Italiano,ou mesmo com um Hindu da Índia,do que com um negro ou um índio,ou ainda um mestiço(pior ainda,porque este nem sabe aquilo que é,coitado…).
    Defendo uma Europa Indo-Europeia livre,democrática e branca.A propósito,já levámos tempo demais com vagas de imigrantes de países do 3º mundo,que têm descaracterizado,a pouco e pouco,a nossa identidade cultural e racial,e isso tem que acabar.
    Digam-me agora,vocês que são anti-racistas(e políticamente correctos,diga-se de passagem)porque é que quando aparecem negros ou outras etnias mobilizados em associações e movimentos cívicos ou políticos,são louvados e acarinhados,mas quando surgem caucasóides nas mesmas situações,já são “racistas”,”fascistas” e o diabo a sete?…Ah,pois é,é complicado,não é?
    Coitadinhos dos tipos de cor,que sofreram tanto no passado,e tal e tal,mas t~em mil e um apoios dos governos,para tudo e mais alguma coisa,enquanto que um branco tem que trabalhar,pagar impostos e se refila,vai preso.Muito bem…A Europa é branca e Árica e merece o direito a continuar a sê-lo,livre de misturas raciais infecciosas e perigosas para a sua identidade.
    Se não gostaram do que leram,paciência,se todos pensassem da mesma forma isto não tinha graça.Mas vocês vão ver que cada vez mais gente na Europa,me irá dar razão,e abrir os olhos para os efeitos nefastos do multiculturalismo e universalismo esquerdistas.A iminvasão tem que parar na Europa,ou corremos o risco de nos tornarmos como os países da América Latina,com tudo de mau que isso tem.
    Passem bem todos.

    P.S. Não ando a copiar textos de outros sites,como alguém para aí disse.Sei muito bem daquilo que falo.

  • Acho que o Greco-Romano tem uma dificuldade séria de entendimento – eu disse que a palavra RACIALISMO não existia em um determinado dicionário, ele entendeu que eu tinha dito que a coisa de fato – que não passa de um racismo científico – não exisitia. Infelizmente, existe sim, e foi sa a base da sociobiologia racista nazista. Na minha humilde opinião, uma idéia defasada, uma forma acobertada de RACISMO mesmo.

    Eu disse que ele andava procurando textos na internet para deixar seus comentários nefastos, ele entendeu que eu disse que ele estava copiando textos. Infelizmente, ele realmente acredita nisso tudo que fala e fala com gosto.

    Ninguém mencionou aqui que negros ou pessoas de outras raças, ou até “tipos de cor”, como ele coloca, podem ser racistas, ou podem defender superioridade – acho que falamos aqui de direitos iguais, igualdade, reconhecimento do ser humano, etc. Infelizmente, mais uma vez, ele entendeu errado.

    Mas se ele não entende coisas simples e básicas que lê em um debate como esse, quem somos nós, pobres mestiços, para querer que ele entenda algo mais amplo como direitos humanos, quiça a beleza interior de cada ser humano. Infelizmente, ele só enxerga a cor da pele.

    Eu diria, Daniel, que não é um caso de moderação, é um caso de cadeia mesmo.

  • Pois é, Paula. Me entristece ver que movimentos como este propalado pelo nosso comentador Greco-Romano realmente existam. Me entristece mais ainda pensar que talvez eles tenham algum vulto no continente europeu, embora nem todos os seus partidários sejam tão verbais como nosso comentador.

    Espero que ele esteja enganado em seus augúrios de que o movimento tenda a crescer na Europa. Toda esta ideologia “racialista” me parece o ápice da ignorância e do atraso. Em tempos da tão festejada globalização (que acredito beneficiar mais aos europeus do que aos latino-americanos e africanos), estas idéias de segregação e superioridade são simplesmente a contra-mão de tudo, e estão profundamente fora de lugar, em qualquer lugar que seja.

    Mais do que isso, considero inaceitável e ofensiva a afirmação de que o senhor Greco-Romano tema que a Europa se torne “como a América Latina”. Ele deve estar se esquecendo que está a falar também com latino-americanos (entre os quais me incluo com orgulho) e com mestiços (entre os quais todos nós nas américas nos incluímos, geralmente com igual orgulho). Mais do que racista, o senhor Greco-Romano, que não tem sequer a coragem de mostrar seu nome e seu rosto, está sendo ofensivo. Isso é inaceitável e me deixa profundamente irritado.

    É um absurdo criticar as leis que eventualmente beneficiem certos grupos étnicos, como se todos fossem iguais. Nunca houve igualdade entre as raças, e se há leis que privilegiam aqui e alí certo grupo étnico, estas vem para tentar sanar as históricas e constantes benesses experimentadas pelo homem branco-europeu-protestante em todo o mundo, desde o tempo dos “descobrimentos”. Igualmente absurdo, se não estúpido e mal intencionado, é afirmar que os movimentos afirmativos de negros, mulheres ou qualquer outra minoria sejam a mesma coisa que um movimento de “orgulho branco”. Nem negros, nem mulheres, nem gays e lésbicas, nem mestiços tiveram jamais o poder que os brancos europeus tiveram para oprimir, escravizar e massacrar as minorias acima citadas.

    De igual mau gosto, se não de igual burrice, é o argumento de que estamos a defender um ponto que nos foi “injetado por nossos donos multi-culturalistas”. Não temos “dono”, senhor “Greco-Romano”. Não somos escravos ou posse de ninguém. Somos livres pensadores levando em frente um projeto no qual acreditamos, e por sorte temos o prazer de trabalhar em conjunto com várias pessoas de várias etnias e regiões que pensam de forma bem distinta da sua e que são igualmente livres e dispostas a trabalhar em prol do bem de todos.

    Acredito que esta discussão não há de levar a lugar algum. Tuas idéias racialistas me chocam e me enojam. Seja sempre livre para frequentar o Global Voices Online e o Global Voices em Português, mas vou me reservar o direito de não discutir com vossa absurda xenofobia e ignorância histórica, senhor Greco-Romano.

    Passar bem.

  • greco-romano

    Estimados Paula e Daniel,julgo que vocês estão a fazer um julgamento errado e sem sentido a mim e ás minhas ideias.O mundo é livre,existe liberdade para cada qual pensar como melhor acha,e quando a Paula diz que o meu caso é de cadeia,não está a ser defensora da liberdade de expressão,e isso foi um pouco infeliz da sua parte.
    Aquilo que defendo para o meu país e para a Europa Indo-Europeia em geral é a preservação da sua cultura e características raciais.Atenção:a opinião pública está de tal maneira formatada pelos média esquerdistas e universalistas,que proclamam o ideal de miscigenação rácica,e logo,a destruição de todo um património precioso e inalienável.Eu não acho isto saudável para o meu país.Agora,se vocês acham o máximo a mixórdia de raças,força,estão no direito de pensar assim…Eu não!

    Se calhar vocês devem estar a pensar:este tipo é um perigoso neo-nazi,cuidado com ele,vamos já denunciá-lo!…Não podiam estar mais errados,a burrice não foi minha,admitam.Defendo a democracia,a liberdade de expressão,o livre pensamento sem qualquer tipo de censura,mas defendo também,o direito a querer defender a minha estirpe e preservá-la de contactos raciais destruidores da sua essência original.
    Eu acho que o facto de haver,aí no Brasil,tantos brancos a simpatizarem com os negros,mulatos e quejandos,tem a ver com o medo que os descendentes dos europeus sentem dos descendentes dos africanos.Estou certo ou estou certo,caros Paula e Daniel?…

    A questão do desenvolvimento económico e as disparidades entre países da Europa,África ou América Latina e Caraíbas é muito simples de determinar:onde se encontrarem a habitar mais elementos de etnias não europóides,mais atrasado se encontra o progresso desse país.Verdade ou mentira?Se não estão convencidos,vou-vos dar um exemplo:comparem a Islândia com São Tomé e Príncipe,e já entenderam o que eu quero dizer.Não preciso de fazer um desenho,pois não?

    Reflictam bem no que me disseram,quando expus a minha opinião.Quem é que está a ser totalitarista,quem é que está a ser fundamentalista,ao defender a mestiçagem?Não sou eu de certeza…As vossas ideias é que são totalitárias,ao quererem que toda a gente viva ao lado de quem não partilha qualquer espécie de afinidades.Isso,sim,é que é puro totalitarismo,não é o ideário racialista-identitário,ou agora vocês acham crime querer-se valorizar e proteger a sua própria raça e herança cultural?!Volto a afirmar:as vossas mentes estão tão impregnadas da “cassete” multi-culturalista de extrema-esquerda,que já não há volta a dar.lamento que pensem dessa forma,apoiarem a diluição das identidades étnicas através da mistura racial.Isso é um grande crime,não é o contrário,meus caros…
    Pensem bem no que vos disse e deixem-se de discursos miserabilistas e bacocos.

    Até depois.

    • sofia

      Caro grego-romano
      mas que ignorancia. Acha-se realmente superior? Deus nos criou e disse para que nos amasemos pois todos dele somos criacao independentemente de racas e nacionalidade,e pelas leis dele deu-nos a terra para andar livremente,onde na verdade deveriamos circular sem a necessidade de pedir autorizacao ou de carregar documentos. Deus criou os passaros livres para circular nos ceus e a nos livres para circular na terra. O portugues infelizmente ainda antes de nascer ja esta a ser ensinado a ser racista.

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