Na segunda-feira, 8 de outubro, o presidente Álvaro Uribe Vélez apareceu em rede nacional de televisão dizendo que ele estava sendo acusado de encomendar o assassinato do comandante da força paramilitar conhecido como René. De acordo com a Reuters [en]:
The court, which is probing dozens of Uribe's political allies on charges they supported paramilitary death squads, accuses the president of obstructing those investigations while Uribe says it is plotting against him. In several radio interviews, Uribe said on Tuesday the court offered benefits including a reduced sentence to jailed paramilitary chief Jose Moncada in exchange for testifying that the president ordered the killing of another militia boss in 2003. He made the charge in private questioning last week and news of his testimony has just begun circulating.
A corte, que está investigando dezenas de aliados políticos de Uribe sobre acusações de apoio a esquadrões de morte paramilitares, acusa o presidente de obstruir o curso das investigações, enquanto afirma que o tribunal estaria conspirando contra ele. Em várias entrevistas de rádio, Uribe disse na terça que a corte ofereceu benefícios, incluindo a redução da sentença do comandante paramilitar preso Jose Moncada, em troca de um testemunho acusando o presidente de ter encomendado o assassinato de outro chefe da milícia em 2003. Ele fez a acusação durante um interrogatório privado na semana passada e a notícia desse testemunho está começando a circular.
Xinhua [en] complementa:
“The country needs to know if the president is an assassin or if the lawyer and Mr. alias Tasmania are liars. All we Colombians can be investigated, starting from the president, but it is necessary that the means be legal and decent,” Uribe told a press conference. […] Velazquez has received the unanimous support of the supreme court's 23 judges through a communique.Uribe said, “I believe that it is bad to obtain a deceitful confession through torture or through gifts.” High peace commissioner, Luis Carlos Restrepo, said in 2004 that “Rene” confessed to him that he feared to be a victim of assassination attempts ordered by Uribe or by the government forces, and that is why he had refused to leave the concentration region.
“O país precisa saber se o presidente é assassino ou se o advogado e o Sr. conhecido como Tasmânia estão mentindo. Todos nós, colombianos, podemos ser investigados, a começar pelo presidente, mas é necessário que o processo seja conduzido de forma legal e decente”, disse Uribe em uma conferência de imprensa. […] Velazquez recebeu apoio unânime dos 23 juízes da corte através de um comunicado. Uribe disse “Acredito que é ruim obter uma confissão falsa através de tortura ou de propina”. O comissário para a Paz, Luis Carlos Restrepo, disse em 2004 que “Rene” teria confessado a ele que temia ser vítima de tentativa de assassinatos a mando de Uribe ou forças do governo, e que por isso ele se recusava a deixar o campo de concentração.
No domingo, uma carta do comandante da força paramilitar Moncada, conhecido como Tasmania (ou talvez Taz-Mania, já que o desenho animado na televisão [en], é mais conhecido na Colômbia do que na ilha australiana), foi entregue ao presidente pelo seu irmão mais velho, Santiago Uribe, de acordo com o jornal nacional El Tiempo [es]. Como de costume, o incidente deixou a blogosfera colombiana revoltada, causando uma grande discussão entre os apoiadores do presidente Uribe e os que estão do lado da Corte Suprema, especialmente quando o juiz Iván Velásquez, um dos acusados pelo presidente, “carrega [en] o peso de investigar mais de 30 políticos por seus links com ex-lideranças da organização paramilitar Autodefesas Unidas da Colômbia (AUC)”, a maioria da coalizão do governo, inclusive o próprio primo do Sr. Uribe, senador Mario Uribe Escobar.
Carlos Cuentero [es] escreve no El desván:
Gritos e insultos a la Corte Suprema de Justicia… ¿dictadura democrática?
Gritos e insultos à Corte Suprema de Jutiça? Ditadura democrática?
No blogue Atrabilioso [es], o jornalista Miguel Yances faz um resumo do caso e ataca a imprensa colombiana:
Lo extraño de este suceso es que la opinión especializada que difunden los medios masivos, de forma casi generalizada se dedicó a descalificar, no a Tasmania ni al magistrado, sino al presidente; mientras que en la Urna Virtual de Caracol, más del 70% de quienes participaron, estuvieron de acuerdo con el proceder presidencial. ¿Por qué algunos políticos, periodistas y medios masivos -me consta que El Universal no- le cargan tanta bronca al presidente? ¿Solo por qué es buen negocio; o por venganza? La venganza la sanciona la opinión pública, y el dinero es bueno y necesario, pero hay que medir bien las formas que se usan para conseguirlo.
O estranho desse acontecimento é que a opinião especializada difundida pelos meios de comunicação de massa, de forma quase generalizada, se dedicou a desqualificar não Tasmânia ou a justiça [Velásquez], mas o presidente, enquanto na urna virtual da TV Caracol TV mais de 70% dos participantes concordaram com a forma com que o presidente procedeu.
Por que alguns políticos, jornalistas e meios de comunicação – pelo que me consta não o El Universal [jornal para o qual Yances trabalhar] – têm tanta bronca com o presidente? Só porque é um bom negócio ou por vingança? A vingança é sancionada pela opinião pública, e o dinheiro é bom e necessário, mas é preciso se mesurar bem os caminhos usados para ganhá-lo.
Valentina Díaz do Realidades Colombianas [es] diz:
¿Qué interés oculto tiene el presidente para seguir en la misma tónica echarle leña a la fogata contra el poder judicial y presionar para orientar las investigaciones de la Fiscalía? ¿Por qué el Comisionado de Paz asegura que “alias ‘René’ no se desmovilizaba porque tenía miedo que el presidente y su amigo Ernesto Garcés lo mataran”? Por eso y mucho más hay quienes creen que estamos al borde del desplome institucional.
Que interesses ocultos tem o presidente para seguir a mesma tática de colocar lenha na fogueira contra o poder judicial e pressionar para orientar as investigações do Ministério Público? Por que o Comissionado assegura que “o tal René não se desmobilizava porque tinha medo de que o presidente e seu amigo Ernesto Garcés estavam para matá-lo”? Por essas e outras há quem acredite que estamos à beira de um colapso institucional.
NoequinoXio [es], Carlos Uribe golpeia a forma como que o incidente chegou à imprensa de forma tão intensa:
Es necesario concluir también en que alguien –persona o grupo– desconocido aún, ha sido el promotor de todo este lamentable enredo para quizás poner el debate nacional en otra parte y desviar la atención de todo el mundo, incluidos por supuesto los medios de comunicación que corren desbocados y sin criterio detrás del escándalo.Persiste, finalmente, la confirmación de que la Corte Suprema de Justicia –como le ha tocado otras veces a la Corte Constitucional– anda enfrentada a la Presidencia, porque aquí hay que incluir a todos los turiferarios. Y que el Presidente de la República no pierde oportunidad para revolver la opinión, para hacer uso y abuso de los medios de comunicación, más allá de la mesura deseable, y que sobre todo, le encanta el poder concentrado en una sola figura, la suya, que ahora comienza a ser promovida como candidata a un tercer periodo presidencial. Que Dios nos ayude, si es que ya no ha firmado un acuerdo con nuestro piadoso soberano.
É também necessário concluir também que alguém – pessoa ou grupo – ainda desconhecido, tem promovido todo esse enredo lamentável para talvez desviar o debate nacional e a atenção do mundo, incluindo, claro, os meios de comunicação que agiram de maneira imprudente e sem critérios por trás do escândalo. Persiste, finalmente, a confirmação de que a Corte Suprema de Justiça, e como de outras vezes a Corte Constitucional – está enfrentando a presidência, porque aqui é preciso incluir todos os
puxa-saco. E que o presidente da República não perde uma oportunidade de agitar a opinião pública, para usar e abusar dos veículos de comunicação, para além da medida desejável, e que acima de tudo, ele gosta do poder concentrado em uma só figura, a sua, que agora começa a ser promovida como candidata a um terceiro mandato presidencial [en]. Que deus nos ajude, se é que já firmamos um acordo com nosso piedoso soberano.
Tienen Huevo [es] puxa o assunto pelo lado engraçado descrevendo o tal Tasmânia como Taz [en] e o conhecido como René como Kermit [en], conhecido na América Latina como Rana René.
(Texto original por Carlos Raúl van der Weyden Velásquez)
O artigo acima é uma tradução de um artigo original publicado no Global Voices Online. Esta tradução foi feita por um dos voluntários da equipe de tradução do Global Voices em Português, com o objetivo de divulgar diferentes vozes, diferentes pontos de vista. Se você quiser ser um voluntário traduzindo textos para o GV em Português, clique aqui. Se quiser participar traduzindo textos para outras línguas, clique aqui.