“Vingadores” se reúnem no Twitter para ajudar a divulgar a votação no Brasil

Ilustração por Giovana Fleck/Global Voices

Começou com um chamado à luta pelo ator Samuel L. Jackson, o próprio Nick Fury da Marvel, através da sua conta no Twitter e, em 28 de outubro, a dois dias do segundo turno das eleições presidenciais no Brasil, alguns dos seus “Vingadores” o apoiaram para espalhar a palavra aos brasileiros sobre a importância do voto.

O presidente incumbente da extrema direita, Jair Bolsonaro (Partido Liberal, PL), está enfrentando o ex-presidente de esquerda, Luiz Inácio Lula da Silva (Partido dos Trabalhadores, PT) em uma eleição polarizada, considerada a mais importante desde a redemocratização. Após 21 anos de ditadura militar, os brasileiros recuperaram o direito ao voto apenas em 1989.

Jackson tuitou em português, marcando colegas atores do Universo Cinematográfico Marvel (MCU) para apoiar que os brasileiros declarassem porque iriam votar, seguindo um tuíte do comediante e apresentador de TV brasileiro Fábio Porchat:

Mark Ruffalo, também conhecido como Hulk, que já havia engajado na campanha pró-Lula no primeiro turno, compartilhou um tuíte de Thelma Assis, médica que venceu o Big Brother Brasil em 2020, defendendo a ciência. Bolsonaro agiu contra o uso de máscaras e atrasou a compra de vacinas durante a pandemia da COVID-19. O Brasil registrou mais de 680.000 mortes relacionadas com a pandemia:

Robert Downey Jr., o “Homem de Ferro”, retuitou o comentário de um usuário de que ela tinha saído e conversado com pessoas que ainda não tinham decidido se iriam votar. No primeiro turno, mais de 32 milhões de brasileiros se abstiveram, apesar de a votação ser, em sua maioria, obrigatória no país:

Chris Hemsworth, “Thor”, retuitou a mensagem de uma usuária dizendo que ela convenceu as pessoas a votar usando a Amazônia como argumento principal. Durante o governo Bolsonaro, a floresta tropical registrou taxas inéditas de desmatamento:

Don Cheadle, que interpretou o amigo do Homem de Ferro, James Rhodes/Máquina de Combate, respondeu a um tuíte da cientista política Nailah Neves, sobre a luta histórica pelo direito ao voto dos povos negros e indígenas. Mais de 50% dos brasileiros se identificam como negros e o país tem mais de 250 povos indígenas diferentes:

Benedict Wong, que interpreta Wong nos filmes Marvel, retuitou uma mensagem sobre o voto contra os altos preços dos alimentos. O Brasil voltou ao Mapa da Fome da ONU e tem uma estimativa de 33 milhões de pessoas vivendo em insegurança alimentar, apesar de o país ser um dos principais fornecedores de alimentos do mundo:

Ainda no reino dos quadrinhos, o escritor Alan Moore, criador de “V de Vingança” e “Watchmen“, publicou uma carta de apoio a Lula, como confirmado por sua filha Leah:

Carta aberta de Alan Moore ao Brasil. Publicarei o texto em BR abaixo quando receber o link.

O ator Mark Hamill, que interpretou Luke Skywalker nos filmes Star Wars, também tuitou em apoio a Lula tanto no primeiro quanto no segundo turno. Assim como fez o escritor de Sandman, Neil Gaiman.

Bolsonaro tem o apoio do ex-presidente dos EUA, Donald Trump, e do astro do futebol brasileiro Neymar, que tem feito campanha nas redes sociais para ele. O atleta até prometeu um gol a Bolsonaro durante a Copa do Mundo no Qatar.

“O dia mais importante, 30 de outubro”

Outras vozes internacionais também debateram o que está em jogo na votação brasileira. A revista científica Nature publicou um editorial com o título: “Há apenas uma escolha nas eleições brasileiras, para o país e para o mundo”, acrescentando que “um segundo mandato para Jair Bolsonaro representaria uma ameaça à ciência, à democracia e ao meio ambiente”.

Antes do primeiro turno, o jornal britânico The Guardian já havia publicado um editorial apontando os riscos da reeleição de Bolsonaro. Agora, eles o reforçaram:

More than 2bn trees have been felled during Mr Bolsonaro’s term in office. He has also fostered an increasingly dangerous culture for environmental defenders – as exposed by the murder of the activist Bruno Pereira and the Guardian contributor Dom Phillips this June. In contrast, analysts suggest a victory for Lula could see an 89% cut in rainforest loss.

A secondary – but still deeply alarming – risk is of a further entrenchment of anti-democratic authoritarianism. If Mr Bolsonaro is re-elected, he will be emboldened, and will benefit from the strengthened rightwing presence in Congress. There are fears that he could undermine institutions and change the constitution to allow himself a third term.

Mais de 2 bilhões de árvores foram derrubadas durante o mandato do Sr. Bolsonaro. Ele também promoveu uma cultura cada vez mais perigosa para os defensores do meio ambiente – como exposto pelo assassinato do ativista Bruno Pereira e do colaborador do The Guardian Dom Phillips em junho deste ano. Por outro lado, os analistas sugerem que uma vitória de Lula poderia resultar em um corte de 89% na perda da floresta tropical.

Um risco secundário, mas ainda profundamente alarmante, é de uma futura consolidação do autoritarismo antidemocrático. Se o Sr. Bolsonaro for reeleito, ele será encorajado e se beneficiará da presença reforçada da direita no Congresso. Há receios de que ele possa minar as instituições e mudar a constituição para se permitir um terceiro mandato.

O The New York Times publicou um vídeo de seis minutos três dias antes da votação, afirmando que o dia 30 de outubro, o dia do segundo turno, será o dia mais importante para o Planeta Terra:

No domingo, os brasileiros vão às urnas para eleger seu próximo presidente. Porém está em jogo algo muito mais importante do que a liderança da maior economia da América do Sul.

As pesquisas têm indicado a vitória de Lula, repetindo o primeiro turno, quando ele recebeu 48,4% dos votos contra os 43,2% de Bolsonaro. Os resultados serão confirmados no mesmo dia das eleições, 30 de outubro.

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