Dez posts que representam reações de latino-americanos à invasão do Capitólio nos EUA

Captura de tela de um tuíte usando o famoso meme do Bob Esponja.

Quando partidários do presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, invadiram o Capitólio no dia 6 de janeiro, latino-americanos levaram suas reações para o Twitter. E o humor prevaleceu.

A jornalista Jordana Timerman escreveu em seu boletim diário que “Schadenfreude é possivelmente a emoção dominante para muitos países latino-americanos, acostumados a receber declarações generalizadas dos EUA sobre a agitação política nacional”. Schadenfreude é uma palavra de origem alemã que significa “a experiência de prazer, alegria ou autossatisfação causado ao saber sobre ou testemunhar problemas, fracassos ou humilhação de outra pessoa”.

Outros comentaristas criaram memes que expõem a amarga ironia dos EUA, que historicamente apoiou golpes na América Latina, experimentando uma possível tentativa do que foi descrito por alguns como um autogolpe liderado por Trump.

Em um comício do dia 6 de janeiro, Trump convocou seus apoiadores para se juntarem à campanha que ele iniciou desde que o resultado da eleição de novembro de 2020 foi confirmado, buscando anular os votos e bloquear a certificação – principalmente cerimonial – dos resultados do Colégio Eleitoral. Uma multidão violenta de apoiadores de Trump invadiu o Capitólio deixando cinco mortos. O presidente agora corre o risco de impeachment.

Aqui estão dez postagens em redes sociais que caracterizam as reações dos latino-americanos on-line.

1.

Sempre que há uma crise política na América Latina, como quando o ex-presidente da Bolívia, Evo Morales, fugiu do país em novembro de 2019 em meio a turbulências políticas, comentaristas costumam compartilhar hipóteses de como os Estados Unidos poderiam estar envolvidos na mudança de regime:

Quando você entra no Twitter e vê que os EUA estão desestabilizando o próprio governo e não um país da América Latina. #Capitólio #Trump #Biden

2.

O presidente eleito dos EUA, Joe Biden, reagiu rapidamente ao ataque chamando os manifestantes de “terroristas domésticos” e repetiu um refrão comumente usado em momentos como este – “Isso não nos é quem somos”:

Joe Biden: O que está acontecendo no Capitólio não nos representa como América, isso não é quem somos ??.

3.

Dada a turbulenta relação da América Latina com a política externa dos EUA, uma emoção que muitos latino-americanos não estavam sentindo por seu vizinho do norte era a pena:

Notícias: “Golpe de Estado nos EUA, tumulto no Capitólio, pedidos de impeachment do presidente, conspiradores insanos acusam a si mesmos de serem infiltrados, dia sombrio para a democracia”.

4.

O cientista político John Polga-Hecimovich compartilhou um “banco de dados” de regimes que sofreram autogolpes e que agora inclui os Estados Unidos:

Meu banco de dados de tentativas do autogolpe atualizado (1992-2021)

5.

O artista e fotojornalista haitiano, Fortune Edris, “subtuítou” no Facebook sobre os Estados Unidos ao se referir a um símbolo americano clássico – a águia – e a um princípio espiritual com origens asiáticas:

Il faut que l’oiseau bec fer sache que le karma existe.

Posted by Fortune Edris on Friday, January 8, 2021

O pássaro com bico de ferro precisa saber que o carma existe.

6.

A ativista feminista salvadorenha Virginia se expressou com uma alegre Schadenfreude:

Amigas, para que servem dois séculos de intervenção política gringa se não para nos fazer morrer de rir agora?

7.

O Twitter da América Central contribuiu com uma piada antiga:

‘Por que não há tentativas de golpe em Washington DC?

Porque não há embaixada dos EUA lá.’

Eles terão que repensar essa velha piada.

8.

Alguns brincaram com o fato de que alguns países – como a Venezuela, que passou pelo seu próprio “golpe autoinfligido” em torno das eleições do país em março de 2017 – ficaram dessensibilizados para eventos desse tipo:

Americanos: como vocês não estão impressionados com as notícias de hoje?

9.

A professora universitária brasileira, Lola Aronovich, alertou sobre uma figura que pode estar acompanhando de perto os eventos nos Estados Unidos, pelos motivos errados – o presidente Bolsonaro:

10.

O colunista Leví Kaique Ferreira focou na política externa dos EUA e suas intervenções para libertar os países de regimes não democráticos:

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