Nas redes sociais, moçambicanos clamam por justiça no caso das dívidas

Sala de julgamento do ex-Ministro das Finanças de Moçambique na África do Sul | Usada com permissão do Centro de Integridade Pública

Desde o passado dia 29 de Dezembro de 2018, Moçambique faz manchete dentro e fora do país por conta de um caso polémico que se alastra desde 2015.

Tratam-se de dívidas que foram contraídas pelo Governo do anterior Presidente de Moçambique, Armando Guebuza, sem aval da Assembleia da República, muito menos informação aos parceiros de cooperação e de desenvolvimento do país.

No total, as dívidas prefazem cerca de dois mil milhões de dólares, repartidos entre três projectos que aparentemente deviam servir para a protecção e segurança de Moçambique.

Este facto fez com que em 2016 Moçambique ficasse sem o apoio ao orçamento do Estado por parte dos parceiros, bem como sem alguns investimentos que estavam previstos.

Por conta destas dívidas foi iniciado, em 2015, um processo de investigação envolvendo a Procuradoria Geral da República de Moçambique, mas que não surtiu nenhum efieto prático até ao momento.

Passados quase três anos, o caso está agora sob investigação da justiça americana, tendo culminado com a detenção, no dia 29 de Dezembro de 2018, do ex-Ministro das Finanças, Manuel Chang, na África do Sul.

Após a detenção deste, começaram a circular informações que davam conta da intenção dos EUA em extraditar Chang até aquele país, facto que até hoje não aconteceu. Sabe-se ainda que estão detidas outras pessoas nos EUA por conta do mesmo caso.

Várias são as reacções que surgem de dentro e fora de Moçambique, sendo a destacar a vontade de se verem punidos os culpados pelas dívidas.

Moçambicanos querem a extradição de Manuel Chang

O entendimento de que Manuel Chang deve ser julgado nos EUA é partilhado amplamente por vários moçambicanos, como é o caso de Elvino Dias:

A EXTRADIÇÃO É INCONTORNÁVEL

Uma das notícias que marcou a imprensa nacional e internacional ontem foi a de que as autoridades de Moçambique pediram à África do Sul a Extradição de Manuel Chang, ou seja, para se julgarem entre bradas.

Na solidão da minha pocilga, pesquisei para analisar se tal facto era possível ou não, tendo em atenção que os EUA também pretendem a extradição do mesmo INDIVÍDUO. Da pesquisa obtive as seguintes respostas: NA EXTRADIÇÃO VIGORA O PRINCIPIO DA PRIORIDADE, ou seja atende-se ao pedido do Estado que solicitou em primeiro. Os EUA solicitaram em primeiro.

O mesmo tipo de opinião é partilhada pelo Professor Universitário e activista, Adriano Nuvunga:

A extradição de Chang é importante para compreendermos os contornos da dívida ilegal; responsabilização criminal dos lesa-pátrias; recuperação dos activos do odioso calote e, fundamentalmente, a Assembleia da República anular as leis que legalizam as dividas ilegais que oneram o nosso povo e empurram a nossa juventude para o desemprego e marginalidade.

Mais incisivo foi o activista social do Parlamento Juvenil, Socrates Mayer:

O povo têm de se libertar de vermes nocivos (ladrões do povo) e apostar na esperança do bem-estar ( outra força partidária), porque aceitar os gatunos e lesa-pátria. E aceitar a ladroagem dos governantes. E caso Chang volte à Moçambique vamos caminhar até à ponta vermelha e retirar o empregado que viola os interesses do patrão. Digamos Chang em moz não…

Usando a hashtag #, o Centro de Integridade Pública, lançou uma campanha nas redes sociais, para que os moçambicanos se oponham a possível pagamento das dívidas.

O humor tem sido igualmente usado para clamar por justiça perante a prisão do ex-Ministro na África do Sul, tal como fez o comediante Txiobullet através de um vídeo com mais de dezassete mil visualizações.

Outros se questionam sobre o desfecho deste caso, visto que o julgamento de Manuel Chang só poderá retomar no dia 5 de Fevereiro:

Os EUA entendem da matéria mas não tem o arguido. A RSA tem o arguido mas não entende da matéria. Moçambique não tem o arguido e nem entende da matéria. Questão a resolver: Para onde deve ir o arguido?

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