Em um campo de futebol, que mais parece o meio da rua de qualquer grande cidade do Brasil, dois times se enfrentam. De um lado, jovens vestem a camisa amarela da seleção brasileira, máscaras do Anonymous e lenços Black Bloc. De outro, policiais fardados se preparam para a ação. Misturando imagens reais dos protestos ocorridos no país em 2013 e encenações, a Anistia Internacional conta assim o lado obscuro de como o Brasil se prepara para a Copa, em um vídeo lançado nesta terça, 20.
O vídeo é parte da campanha “Dê cartão amarelo”, lançada no início de maio em vinte países, pedindo ao governo brasileiro medidas para acabar com a repressão policial durante as manifestações. Especialmente durante a Copa do Mundo que se inicia em junho. Com frases como “protesto não é crime” e “sem falta, Brasil!”, a campanha inclui também um abaixo-assinado, que será entregue à presidente Dilma Rousseff. O documento já possui mais de 18 mil assinaturas.
Cartão amarelo para os dois lados
Entre as reivindicações levantadas pela Anistia no documento, estão a garantia de que o governo brasileiro “tome todas as medidas necessárias para garantir o direito à liberdade de expressão e manifestação pacífica” e de “que a polícia e outras forças de segurança cumpram com a legislação e padrões internacionais para direitos humanos e aplicação da lei”.
O ministro dos Esportes brasileiro, Aldo Rebelo, no entanto, não gostou nada da ação. Em artigo publicado na página do Ministério, também nesta terça, além de criticar campanhas recentes da Anistia – como o abaixo assinado contra a construção da usina de Belo Monte e a campanha pela desmilitarização das polícias – o ministro defendeu a maneira como o governo vem atuando durante as manifestações, desde
junho do ano passado:
Não saiu do governo federal, empenhado em realizar a Copa da Paz, um só ato restritivo do direito à manifestação pública. A rua é o palco da liberdade. Mas não é lícito aplaudir “manifestantes” praticando saques no comércio, vandalizando equipamentos de utilidade pública, incendiando ônibus do transporte popular e carros da imprensa, depredando prédios da democracia representativa, agredindo jornalistas, ferindo transeuntes, imolando policiais como tochas humanas.
O esquema de segurança preparado para o mundial inclui 170 mil homens nas ruas e 2 bilhões de reais em investimento. Números que despertam atenção e um pouco de preocupação, segundo revelou a assessora de direitos humanos da Anistia, Renata Nader, em entrevista a BBC:
Claro que vemos com muita preocupação esta estrutura de segurança que está sendo montada para os grandes eventos. Não pela escala, porque em outros países também há grandes operações em situações como essa. Aqui o que preocupa é o nosso histórico. O histórico de momentos do uso da Força Nacional e do Exército, em operações no Rio de Janeiro, por exemplo, com saldo de mortes e excessos.
5 comentários
Que tal a Anistia Internacional arrumar empregos para os funcionários de uma concessionária de veículos (de Belo Horizonte) que foram demitidos após ter sido totalmente destruída por manifestantes no ano passado???? Agora direitos humanos são apenas para marginais e desordeiros??? Quem vai cuidar das famílias dos desempregados?? a Anistia Internacional com esse discurso hipócrita???
Estão colhendo assinaturas no exterior contra o Brasil, como se estrangeiros pagassem imposto no Brasil. Eles também são muito sem noção, não somente a polícia despreparada. Os estrangeiros que assinam mal sabem onde fica o Brasil.
Protesto é de direito, ameaças, mortes, violência, desperdício de água e eletricidade, destruição do patrimônio, não. No final que vai pagar por isso é o povo.
Mas mandem sim a conta para a Anistia Internacional, é algo que todos deviam fazer, assim os aponta para a responsabilidade e coloca a par do que acontece.
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Estão colhendo assinaturas no exterior contra o Brasil, como se estrangeiros pagassem imposto no Brasil. Eles também são muito sem noção, não somente a polícia despreparada. Os estrangeiros que assinam mal sabem onde fica o Brasil.
Protesto é de direito, ameaças, mortes, violência, desperdício de água e eletricidade, destruição do patrimônio público, não. No final que vai pagar por isso é o povo.
Mas mandem sim a conta para a Anistia Internacional, é algo que todos deviam fazer, assim os aponta para a responsabilidade e coloca a par do que acontece.
Está faltando grandes bandeiras para a Anistia Internacional , que nasceu na década de 60 e defendeu inicialmente o grito de liberdade de dois jovens portugueses contra o regime salazarista. São históricas e importantíssimas as lutas da Anistia contra a tortura e as ditaduras, inclusive a brasileira.
Agora, a Anistia lança a campanha contra a repressão policial durante as manifestações na Copa do Mundo no Brasil, pedindo garantia de liberdade de expressão e direito à manifestação pacífica. Alguém precisa informar a Anistia, que já estamos vivendo numa democracia, aqui, no Brasil.