
Leia “A linha de frente era definitivamente nosso lugar” na página de Facebook do coletivo Nigéria, com fotos de Gabriel Gonçalves, David Capibaribe, Franzé de Sousa e Coletivo Nigéria.
Pedro Rocha, do coletivo Nigéria, explica “como cobrir (sem saber exatamente como) uma revolta popular contra, entre outras coisas, a polícia” em uma nota no Facebook com tom de retrospectiva de final de ano. No texto, intitulado “A linha de frente era definitivamente nosso lugar”, Pedro relembra a experiência de cobrir os protestos ocorridos a partir do mês de junho na cidade de Fortaleza.
(…) Até o primeiro estouro de balas de borracha e bombas de gás lacrimogêneo, tudo pareceu um show lotado e confuso. A diferença é que nós saberíamos o que fazer na cobertura de um evento deste, ou teríamos modelos a copiar. Naquele caso, não tínhamos. Não éramos um jornal diário, uma revista, televisão, rádio, portal de notícias ou mesmo um blog. Não éramos um veículo. Nem fazíamos cobertura ao vivo, como a Mídia Ninja, que havíamos conhecido há poucos dias. (…)
Tudo foi se revelando intuitivamente. Basicamente, nos posicionamos no limiar entre manifestantes
e polícia e começamos a ouvir as pessoas, entrevistá-las. No final, estas duas ações permaneceriam como as coordenadas básicas que guiariam o impulso incontornável de registrar o que se passava no país e, particularmente, em Fortaleza. (…)
O resultado foi o documentário Com Vandalismo, que questiona o discurso da mídia tradicional sobre a violência ocorrida nas manifestações.