EUA: No Censo, Apenas Algumas Raças são Incluídas

Foto do Censo feito pelo Departamento de Agricultura Americano (flickr: USDAgov)

Foto do Censo feito pelo Departamento de Agricultura Americano (flickr: USDAgov)

É hora dos cidadãos e residentes dos Estados Unidos se levantarem e serem contados. Todas as famílias receberão um formulário do Censo E.U.A que deverá ser preenchido e enviado de volta ao governo antes do dia 1 de abril. O Censo se destina a fornecer um “retrato detalhado” do país que ajuda a determinar como é gasto o dinheiro dos impostos. O formulário foi traduzido em vários idiomas para assegurar que a diversidade seja representada nas respostas, mas alguns cidadãos queixam-se de que a questão de raça não oferece respostas suficientes para dar uma imagem precisa do seu contexto cultural e étnico.

Alterar as Definições

De dez em dez anos, o Censo conta o número de pessoas vivendo em cada domicílio, bem como o seu gênero e raça.

A questão racial adaptou-se ao longo do tempo para incluir a constante mudança da composição racial e étnica do país. Em 1850, por exemplo, as únicas opções eram “branco”, “negro” e “mulato”, enquanto 30 anos mais tarde adicionou também as opções de “chinês” e “índio” (entenda-se americanos nativos).

2000 foi o primeiro ano em que os entrevistados foram autorizados a marcar mais de uma categoria racial; dados mostraram que cerca de 7 milhões de americanos designam-se pertencentes a duas ou mais raças.

Faça um passeio através do formulário do Censo para ver as diferentes categorias oferecidas hoje. Embora as opções raciais sejam amplas, nem todos se sentem acrescentados.

Os Árabes são Brancos?

Este ano, houve polêmica na comunidade árabe-americana sobre a questão da raça, porque “árabe” não está incluída. Os árabes são supostamente vistos como “brancos”, ou podem escrever “árabe” ou sua etnia escolhida (por exemplo, Síria, Arábia Saudita), embora eles continuem sendo oficialmente considerados como brancos. Maytha do blog Kabobfest acredita que isto é um enfraquecimento dos árabes-americanos [en]:

Because of the extreme variance in phenotype, in “gross morphology” (as Princeton professor Kwame Anthony Appiah terms it), nation-state identifications, overlapping religious identities, and the courts and federal governments’ inconsistent racial categorizing, it is my presumption that it has been a difficult task to say what category or label appropriately describes the experience of being “Arab” in America. but as the above images demonstrate, it has done the job of disempowering minority privilege and left little or no safeguard in moments of necessary minority rights protection.

Devido à extrema variação no fenótipo, em “morfologia básica” (conforme designado e registrado pelo professor de Princeton Kwame Anthony Appiah), as identificações estado-nação, a sobreposição de identidades religiosas, e a inconsistente categorização racial dos tribunais e governo federal, presumo que tem sido uma tarefa difícil dizer em que categoria ou etiqueta apropriada descreve a experiência de ser “árabe” na América, mas como mostrado nas fotos acima, seu efeito é enfraquecer a minoria privilegiada, e deixou pouco ou nenhum apoio nos momentos em que a proteção dos direitos das minorias é necessária.

Como Maytha, outros blogueiros árabe-americanos não sentem que eles se encaixam nas opções disponíveis. A marroquina-americana Sarah Alaoui explica que “branco” não a descreve:

Because “white” does not only embody a color. What the term “white” means in the United States today is something that transcends any skin color. White means the suburbs and white means affluence and white means picket fences. Some people may argue then, that I do fit into the white category based on my definition of the term. But white also means no questions asked ever, no extra security checks at the airport or in that same category, no mispronunciations of my last name or being told it's a “cool” name as a precursor for the question of where I'm from. Being white means being untouchable in this country.

Porque “branco” não é apenas encarnar uma cor. O que significa o termo “branco” nos Estados Unidos, hoje, é algo que transcende qualquer cor da pele. Branco significa o subúrbio, a riqueza e cercas. Algumas pessoas podem argumentar, então, que se encaixam na categoria de branco com base na minha definição do termo. Mas branco também significa nada de perguntas sempre, sem controle extra de segurança no aeroporto ou, nessa mesma categoria, sem erros de pronúncia do meu sobrenome dito como “legal” como um motivo para perguntar de onde eu sou. Ser branco significa ser intocável neste país.

No entanto, existem campanhas advogando pela raça árabe no censo (a autora original do texto, Jillian C. York, escreveu sobra a campanha Yalla! Contagem em seu próprio blog). Helen Samhan, escrevendo para o American Arab News, explica uma escolha que os árabes-americanos têm no Censo:

One option is to choose the “Some Other Race” category and write in your ethnic identity or national origin. This gives voice to our concern about the limits of current racial categories, but allows us to be counted for the primary reasons the census is collected: congressional apportionment, and distribution of federal funds to states and localities. Imagine the impact on the cities of Dearborn, Michigan, or Paterson, New Jersey if their sizable Arab American populations sat out the 2010 Census? Funds available for schools, roads, hospitals and other assets serving the entire community would come up short.

Uma opção é escolher “Outra Raça” na categoria e escrever sua identidade étnica ou origem nacional. Isto manifesta nossa preocupação sobre os limites das atuais categorias raciais, enquanto que nos permite ser contados pelas razões essenciais do censo ser realizado: a repartição do Congresso e a distribuição de fundos federais para estados e municípios. Imagine o impacto sobre as cidades de Dearborn, Michigan, ou Paterson, Nova Jersey se a sua considerável população árabe-americana ficar de fora do Censo 2010? Os fundos disponíveis para as escolas, estradas, hospitais e outras instalações que servem toda a comunidade encurtariam.

Latinos são Negros ou Brancos?

Os árabes não são os únicos preocupados com o censo. Há muita discussão entre as comunidades hispânicas e latinas em muitas questões, incluindo raça. No jornal portorriquenho* El Nuevo Día, Keila López Alicea escreve (o texto foi arquivado) em um artigo intitulado “No, yo no soy negro” (“Não, eu não sou negro”) [es]:

Café con leche, color chavito, trigueño, jabao… Todos son términos usados por los puertorriqueños para describir su color de piel, unos tonos producto de mezclas entre la raza blanca y la raza negra, pero que no son ni lo uno ni lo otro y, por lo tanto, no aparecen entre las opciones que ofrece en Censo de Puerto Rico.

“Café con leche”, “chavito cor”, “trigueño”, “jabao”. . .  Todos são termos usados pelos portorriquenhos para descrever a sua cor da pele, alguns tons resultados da mistura da raça branca com a raça negra, mas que não são nem um nem outro, e nenhuma aparece entre as opções que o Censo de Porto Rico oferece.

Um blogueiro argentino morador do Texas e escritor da Croníca de Nuestro Viaje a Houston (Crônica de Nossa Viagem a Houston) examina a questão da origem hispânica, e diz que há uma explicação no formulário que Latino não é considerada uma raça.

y yo me pregunto, los que no son blancos, ni negros, solo “morochitos” en cual entrarían? en “Otros”?… No se, me llamo la atención esta pregunta y su correspondiente aclaración.

E eu me pergunto, os que não são brancos, nem negros, apenas “morochitos” intermediários, em que categoria se encaixam? em “Outros”?… Não sei, esta pergunta e seu correspondente esclarecimento me chamaram atenção.

Os casais homossexuais podem ficar felizes em saber que há uma maneira de caracterizar seus relacionamentos no censo. Um blog GLBT portorriquenho chamado Zona Diversa diz [es] que as organizações dos direitos dos homossexuais em Porto Rico explicaram que, embora não há nenhuma pergunta sobre a orientação sexual ou identidade de gênero, pode-se destacar as relações de direito civil e suas combinações de gênero.

Importante ser Contado

Outros segmentos da comunidade discutiram boicotar o Censo, em um esforço para pressionar o governo para a reforma da imigração. A este respeito, Beverly Pratt, escrevendo para o Racism Review, argumenta [en]:

As an activist-in-training, I definitely respect everyone’s right to boycott. However, I find this boycott to ultimately be more detrimental than beneficial. If we in the Latina/o community want to strengthen our voice, then we need to participate in the official “voice-collector” while continuing our struggle through other peaceful and productive means. I, for one, am looking forward to being counted as a Mexican American living within the United States, knowing full well that scholars, politicians, and activists will study my identity as it resides within the communal whole of our nation.

Como uma ativista em formação, eu definitivamente respeito o direito de todos ao boicote. No entanto, acho que esse boicote, em última instância, pode ser mais prejudicial do que benéfico. Se nós, na comunidade Latina/o, queremos reforçar a nossa voz, então temos de participar da “Coleta de Voz” oficial, enquanto continuamos a nossa luta através de outros meios pacíficos e produtivos. Eu, por exemplo, estou ansiosa para ser contada como uma mexicano-americana vivendo nos Estados Unidos, sabendo muito bem que os estudiosos, políticos e ativistas irão estudar a minha identidade como parte integrante de nossa nação.

Os iraniano-americanos também estão trabalhando para ter sua identidade racial e étnica contadas. Em um anúncio de TV estrelado pelo comediante iraniano-americano Maz Jobrani (abaixo, em inglês), a comunidade afirma que os iranianos devem fazer a “declaração explícita de nossa nacionalidade ‘iraniana’ ou ‘iraniano-americana’ na questão 9 do Censo, que pergunta ‘Qual é a Raça da Pessoa?'”

*Residentes de Porto Rico também participam do Censo Americano.

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