Único museu de música tradicional do Nepal sofre para salvar instrumentos raros

Museu de Instrumentos Musicais Folclóricos do Nepal nas instalações do Templo Tripureshwor Mahadev em Catmandu. Foto de Sanjib Chaudhary. Usada com permissão.

Enquanto na rotatória de Tripureshwor, no Nepal, o movimento é grande durante o dia, a apenas alguns minutos de caminhada da estrada encontra-se o tranquilo Templo Tripureshwor Mahadev, um dos maiores templos do Vale Catmandu. Dentro do templo está um museu pouco conhecido, que abriga instrumentos típicos da música folclórica nepalesa. Apesar da importância cultural da coleção, o local está atualmente envolvido em uma batalha legal para manter suas portas abertas ao público. Se o fundador do museu perder a disputa, precisará mudar o acervo de lugar.

Ram Prasad Kadel, fundador e curador do Museu de Instrumentos Musicais Folclóricos do Nepal. Foto de Sanjib Chaudhary. Usada com permissão.

O fundador e curador do museu, Ram Prasad Kadel, tem coletado os instrumentos musicais desde 1995, junto com sua esposa Nanda Sharma. Sua paixão o levou a todos os 77 distritos do Nepal, e dos 1.350 diferentes instrumentos musicais do folclore nepalês, ele conseguiu 650. Ele compra instrumentos antigos que não estão sendo mais usados ou encomenda novos aos habitantes locais. “Nunca compramos instrumentos que estão sendo usados nos vilarejos”, disse à Global Voices. “Se tirarmos os instrumentos, o que eles tocarão e como a tradição continuará?”.

No livro de Ram Prasad Kadel, encontramos mais de 360 instrumentos musicais do #Nepal, com explicações sobre suas origens, como eles são feitos e como tocá-los.

“Nossos instrumentos musicais são muito simples”, acrescentou. “Eles são feitos de todo tipo de material encontrado na região, e a música é inspirada pelos sons das cachoeiras, do vento, do mugido do gado e do canto dos pássaros, entre outros”. A natureza também influencia o formato dos instrumentos. Por exemplo, alguns lembram a árvore nativa harro (myrobalan negra), sementes de Rudraksha, grãos de cevada e até mesmo o rabo de uma vaca. O Hiti Manga, um instrumento inspirado nas bicas de água encontradas em Catmandu, produz música que se assemelha ao som de uma jarra sendo enchida.

Mas nem tudo está bem com o museu. Os instrumentos expostos estão em más condições e o próprio local recebe poucos visitantes, em sua maioria pesquisadores em etnomusicologia (estudiosos em músicas folclóricas, nativas). Além disso, Kadel foi intimado a desocupar as instalações pelo Guthi Sansthan, uma instituição independente encarregada de cuidar e conduzir a herança religiosa, cultural e social do país. Segundo relatos, o Sansthan concordou em arrendar sua propriedade para a Universidade de Catmandu, que está planejando abrigar seu departamento de música lá. Kadel apresentou uma petição contrária ao pedido no Tribunal do Distrito de Catmandu.

Enquanto a batalha judicial continua, a equipe de Kadel está ocupada documentando e digitalizando a música tradicional nepalesa. “Nossa expectativa é entregar o museu registrado como uma organização não governamental (ONG) ao governo do Nepal ou à Universidade de Tribhuvan“, disse. Contudo, ele necessita de tempo e dinheiro para mudar o museu de lugar, cuidando dos delicados instrumentos, e tem a esperança de não precisar fazer isso.

Visite o site do museu e a página do Facebook para saber mais sobre o local.

Aqui estão alguns dos raros instrumentos típicos exibidos no museu:

Murchunga. Foto de Saccha Karki. Usada com permissão do museu.

Binaayo. Foto de Saccha Karki. Usada com permissão do museu.

Ek-tare. Foto de Saccha Karki. Usada com permissão do museu.

Jor murali. Foto de Saccha Karki. Usada com permissão do museu.

Pungi. Foto de Saccha Karki. Usada com permissão do museu.

Dharma dandi. Foto de Saccha Karki. Usada com permissão do museu.

Madal. Foto de Saccha Karki. Usada com permissão do museu.

Nekku. Foto de Saccha Karki. Usada com permissão do museu.

Ranasinhaa. Foto de Saccha Karki. Usada com permissão do museu.

Hiti manga. Foto de Saccha Karki. Usada com permissão do museu.

Tri-taal. Foto de Saccha Karki. Usada com permissão do museu.

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