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No dia 18 de janeiro, importantes manifestações [en] ocorreram para contestar as reformas à Constituição propostas pelo presidente de Burkina Faso, Blaise Campaoré. O que significam essas manifestações e por que essas reformas despertaram tantas reações nos cidadãos do país? Quais seriam as implicações para a região de uma crise prolongada? Tentaremos esclarecer essas questões percorrendo as reações dos cidadãos burquinenses na internet:
O porquê das manifestações
Jan18th, 2014. #Burkina. Another mvt like this and Blaise #Compaoré (27 years in power) will step down. Big Up! pic.twitter.com/l1aghkxYGw
— Alain Doh Bi (@AlainDohBi) January 19, 2014
18 de janeiro 2014, Burkina: um outro movimento como esse e Blaise Comparoé (há 27 anos no poder) vai cair. Viva!
As manifestações foram organizadas pela oposição para contestar uma modificação da Constituição que permitiria que o presidente Blaise Compaoré se apresente em 2015 para um terceiro mandato de cinco anos. Essa revisão do artigo 37 da Constituição, que estipula que os mandatos presidenciais devem se limitar a dois períodos de cinco anos, é fortemente contestada por uma parte dos políticos e dos eleitores.
A contestação teve sua origem já na semana anterior quando 75 membros do partido governista se demitiram para protestar contra a ausência de pluralismo dentro do partido.
Um governo controverso
Não é a primeira vez que a autoridade do presidente Campaoré é colocada em xeque durante este mandato. Em fevereiro de 2011, manifestações explodiram em Ouagadougou e no resto do país, após a morte de um estudante agredido por policiais de Koudougou.
Para acalmar a manifestação, Blaise Compaoré demitiu os governadores de todas as treze regiões do país e propôs medidas que aumentavam o poder de compra dos estudantes. As violências policiais e os assassinatos de adversários do presidente Blaise Compaoré [pt] se repetiram entre 1990 e 2000. O ponto comum entre essas manifestações é a contestação do enriquecimento da família presidencial e da corrupção crescente.
As implicações de uma crise prolongada para a região
As implicações dessas manifestações não se limitam às fronteiras de Burkina Faso. O presidente Campaoré recebeu o presidente do Senado da Costa do Marfim, Guillaume Soro, como mediador da crise. Théophile Kouamouo, blogueiro costa-marfinense, comentou esse encontro:
Depuis l’annonce, il y a une dizaine de jours, de la démission collective de plusieurs membres éminents du Congrès pour la démocratie et le progrès (CDP), parti du numéro un burkinabé Blaise Compaoré, les principales figures du régime Ouattara donnent l’impression que la seule idée de voir celui qui règne sur Ouagadougou depuis bientôt 27 ans à la retraite leur fait perdre tout sang-froid et les pousse à douter de leur propre avenir politique [..] Et si c’était finalement Guillaume Soro qui avait le plus à gagner dans le maintien au pouvoir de Blaise Compaoré, qu’il présente volontiers comme son « mentor » ? Il est probable que l’équilibre des relations pas toujours très claires entre Ouattara et son « dauphin constitutionnel » ait besoin de l’entregent du maître de Ouaga pour ne pas sombré dans la franche adversité.
Desde o anúncio, há dez dias, da demissão coletiva de vários membros eminentes do Congresso pela Democracia e Progresso (CDP), partido do número um de Burkina Faso, Blaise Compaoré, as principais figuras do regime Ouattara dão a impressão que somente a ideia de ver se aposentar aquele que reina em Ouagadougou há quase 27 anos os faz perder todo o sangue-frio e os leva a duvidar de seu próprio futuro político [..] E se, finalmente, fosse Guillaume Soro quem tivesse mais a ganhar com a manutenção de Blaise Compaoré no poder, que ele apresenta de bom grado como seu «mentor»? É provável que o equilíbrio das relações nem sempre claras entre Ouattara e seu «sucessor constitucional» necessite as habilidades do mestre de Ouagadougou para não cair em adversidade declarada.
Laye Doulougou, burquinense na Costa do Marfim, tem uma outra visão sobre essa mediação:
Gardez vous de vous ” immiscer” dans les affaires du Faso lorsque que de bonnes âmes, dans un élan de solidarité sous régionale, l’aident à préserver sa stabilité et sa cohésion.
Nous autres burkinabé avons encore des souvenirs pas si lointains de la longue crise qu’a connue la Côte d’Ivoire et ne voulons pas voir notre pays vivre des moments pareils. Nous croyons en une Afrique stable, une Afrique panafricaine en paix et qui se développe grâce à des médiations de ce genre
Atenção ao se ”envolver” com os problemas de Burkina Faso quando apenas as boas almas, num ímpeto de solidariedade sub-regional, ajudam o país a preservar sua estabilidade e sua coesão.
Nós, burquinenses, temos ainda na memória a longa crise que viveu a Costa do Marfim há não muito tempo e não queremos ver nosso país viver momentos semelhantes. Nós acreditamos em uma África estável, uma África panafricana em paz e que se desenvolve graças a mediações desse tipo.