Este post é parte da nossa cobertura especial dos Protestos no Egito em 2011.
Quando o governo egípcio decidiu por um desligamento total da Internet no país para frear os crescentes protestos anti-governo, a população das Maldivas pôde se lembrar do dia 13 de agosto de 2004, quando o governo maldivo bloqueou o acesso à Internet no país depois de grandes manifestações pró-democracia. O governo das Maldivas reprimiu [en] manifestantes, desligou a Internet por completo em todo o país, impôs estado de emergência e torceu para que as notícias dos eventos não se espalhassem pelo mundo.
Enquanto acadêmicos e a mídia debatem globalmente sobre a extensão da influência do Twitter e das redes sociais em dar forma a revoluções pró-democracia pelo mundo, governos nervosos em países repressivos se esforçariam mais para manter os cidadãos em silêncio por meio de censura. A revolução na Tunísia [en] inspirou ativistas de democracia no Oriente Médio, e agora regimes mais repressivos tentam bloquear a divulgação de dissidência pela Internet. Há rumores via tuítes de que a Internet está a ser bloqueada na Síria enquanto protestos balançam o Egito.
Jawazsafar tuíta:
wait, what? Syria block internet services? please denounce this this #Jan25 #Syria
Um tuíte popular que tem sido retuitado nos últimos dias trata da abordagem do governo egípcio à censura.
Anon_VV tuíta:
Everything ██is█████ ████ ████fine ███ █ ████ love. ████ █████ the ███ Egypt ███ ████ government ██ #jan25 #Egypt #censorship
Nas Maldivas, o governo deu início à censura de websites críticos já em 1998, apenas dois anos depois de a Internet ter sido introduzida no país, em 1996. Os ativistas pró-democracia tinham de brincar de gato e rato com os censores do governo por uma década até que a democracia foi estabelecida com as eleições pacíficas de 2008. Ativistas sempre encontram um furo na rede de censura montada pelo governo. Às vezes, usar proxies e mudar a porta pela qual os pedidos de http haviam sido feitos eram uma solução. Por vezes, bastava o uso inovador de um ponto a mais após o .com, .net ou qualquer outro sufixo de domínio utilizado. Se ou quando o governo aplicasse filtros de DNS, os endereços de IP de websites bloqueados eram usados para despistar os censores.
No caso do Egito, usuários de redes sociais foram rápidos em localizar esses furos. O governo bloqueou Twitter, Facebook e outras ferramentas de mídias sociais no nível DNS. As pessoas foram rápidas em divulgar que os websites podiam ser acessados pelos endereços de IP.
A decisão do governo egípcio por um bloqueio total da Internet dificultou as coisas. O Egito é um país que depende da Internet para sua economia, e quando a Internet foi desligada, surgiram questões muito importantes. Como as mídias socias podem incitar uma revolução quando a Internet está bloqueada? Como tuitar uma revolução quando existe um apagão completo da Internet?
No caso do Egito, as últimas horas mostraram que o governo foi incapaz de deter a Internet e as mídias sociais de disseminar notícias sobre os protestos das ruas. Pessoas em outros países se comunicaram com manifestantes no Egito por meio de telefones móveis e fixos e atualizaram as notícias por Twitter e blogs.
Nico Diaz informa:
Send SMS reports to +1 949 209 7559 and they will retweet for you. Please spread to those in #Egypt #internet
Na esteira do apagão da Internet no Egito, a importância de métodos low-tech [tecnologia simples] e de tecnologias antigas tomaram renovada atenção. Discute-se se rádios amadoras poderiam se tornar um método de comunicação caso se enfrente um apagão de Internet.
Security4all aconselha:
So people don't throw away those old modems just yet… Or get a ham radio! ;-)
Telecomix tuíta:
#hamradio #morsecode from #Egypt: “[today] marks a great day [for] egypt”; ~00:30 UTC 7078.70 kHz, full msg here: ur1.ca/31l54 #hamr #cw
Muitos posts de blog discutem como lidar com um apagão completo de Internet e recomenda retornar às tecnologias antigas como a internet discada. Twitter está repleto de tuítes sobre criação de contas discadas em outros países para o acesso egípcio.
Habib Haddad tuíta:
Telecomix now offering dial-up internet to egyptians +46850009990. user/pass: telecomix/telecomix #Egypt #Jan25 @telecomix
Nico Diaz complementa:
VPN Server http://texnomic.com/url/2L is now stable and open for FREE to ALL #egypt #internet
Jacob Appelbaum tuíta:
Egypt can use this number for dial up: +33172890150 (login ‘toto’ password ‘toto’) – thanks to a French ISP (FDN) #egypt #jan25
Martin Bogomolni relata:
#BBS usage in Egypt is exploding. Downloads of good old 1980's BBS software are jumping up… who ever said the BBS was dead?
Egypt/Main Page [Egito/Página Principal] [en] é um wiki com links a várias fontes que pode ser útil para despistar a censura.
O sentimento geral entre netcidadãos é que o governo pode paralisar toda a Internet, mas não pode parar a revolução quando todos os ingredientes estão a postos.
Mark tuíta:
Having no Internet did not stop the French Revolution, or the Russian Revolution or any other revolution for that matter
Este post é parte da nossa cobertura especial dos Protestos no Egito em 2011.
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