A música gabonesa se tornou uma das cenas musicais da África Central com mais visibilidade nos últimos dez anos, apesar da dominância dos ritmos congoleses e camaroneses.
Apesar da baixa densidade populacional, a República do Gabão é uma terra rica em diversidade cultural e étnica. Pierre Akéndéngué, nascido em 1943, é reconhecido como um dos pioneiros da música gabonesa, desde o lançamento de seu primeiro álbum ‘Nkere’ em 1973. Como revela o seu sucesso ‘Libérée la liberté’ (‘Liberte a liberdade’), ele é também um artista politicamente engajado. A canção, em que denuncia os sinais da ditadura em seu país, foi lançada como um single em 2016:
Junto a Akéndéngué, encontramos outros grandes nomes da música gabonesa: artistas solo como Pierre Claver Zeng, Mackjoss, Aziz’Inanga, Martin Rompavet e Hilarion Nguéma, e bandas como Akwéza, Massako e Diablotins.
Estes pioneiros ergueram o alicerce sobre o qual uma nova geração de artistas constrói a sua arte através de diferentes gêneros musicais. A geração gabonesa entre 1990 e 2010 tem influência não só da riqueza da música tradicional, mas também de produções modernas de outros países africanos e do mundo inteiro.
A influência dos ritmos importados
Seja o veterano Olivier N'goma com seu afro-zouk (inspirado pelo zouk, um ritmo musical caribenho), soukous e rumba (estilos musicais criados na República Democrática do Congo), ou rap, os artistas gaboneses mais jovens estão encontrando inspiração na música que vem de fora.
‘Betty’ é uma das canções mais conhecidas de N'goma:
Patience Dabany não é apenas a mãe do atual presidente do Gabão Ali Bongo, mas também uma artista renomada que faz uma ponte entre a tradição e a nova geração. Ela representa a corrente do soukous e da rumba congoleses que inspiram tantos músicos gaboneses, e que deram origem a dois de seus maiores sucessos, ‘Ewawa’ e ‘On vous connaît’:
Música tradicional no presente
Mas a tradição musical gabonesa não foi abandonada. Vickoss Ekondo é um artista que levanta a bandeira da tradição no país e é considerado um ícone do gênero:
Em 14 de agosto de 2023, Ekondo faleceu aos 72 anos. O presidente Bongo divulgou a morte do artista em sua conta no X [antigo Twitter], onde prestou uma homenagem e o descreveu como um monumento da música gabonesa:
Dieu vient de rappeler à lui Vyckos Ekondo.
C'est une icône, un monument de la #musique gabonaise qui s'en va.
Mais son œuvre, elle, restera éternelle.
Que le “Roi du Tandima” repose en paix.
Mes condoléances à sa famille et à ses très nombreux fans dont je fais partie.#Gabon pic.twitter.com/ZRVlIl06kS— Ali Bongo Ondimba (@PresidentABO) August 14, 2023
Deus chamou Vyckos Ekondo.
É um ícone, um monumento da música gabonesa que se vai.
Mas a sua obra será eterna.
Que o ‘Rei de Tandima’ descanse em paz.
Minhas condolências a sua família e seus numerosos fãs, dos quais faço parte.
Outros políticos como Mike Jocktane também fizeram homenagens:
Hier, alors que nous nous préparions pour notre meeting de #Mouila, nous avons été frappés par la triste nouvelle du décès de #Vyckos_Ekondo, roi du #Tandima et l'un des baobabs de la musique traditionnelle Gabonaise.
Toutes mes condoléances au #Peuple_gabonaisDr #MikeJocktane pic.twitter.com/4Pf7xvseBD
— Mike Jocktane (@mikejocktane) August 15, 2023
Ontem, enquanto nos preparávamos para a nossa reunião em Mouila, recebemos a triste notícia do falecimento de Vyckos_Ekondo, Rei de Tandima e um dos baobás da música tradicional gabonesa.
Todas as minhas condolências ao povo gabonês.
Seguindo o caminho que Ekondo abriu estão artistas como Pape Nziengui, Laurianne Ekondo, e Nicole Amogho, que têm influência dos estilos tradicionais. A canção ‘Mouyanga ba mambangue’ de Zang Gabon também mostra uma das danças tradicionais do Gabão:
Outro vídeo, da artista Prisca Along, traz os ritos de iniciação tradicional e espiritual do Gabão:
Rumo à globalização
A geração de artistas gaboneses posterior a 2010 está tentando modernizar a sua produção, e tem fortes influências das novas tendências africanas, especialmente nigerianas e marfinense. Entre os artistas contemporâneos estão Creol, Shan'l, Jeune Vili, General Itachi, Emma'a, L'oiseau rare 8G, Don'zer e Eboloko.
Com a globalização da música, estes jovens artistas podem exportar seu trabalho com mais facilidade. Em 2019, por exemplo, Shan'l foi eleita a a artista da África Central na premiação All Africa Music Awards (Afrima):
Ainda que se fale pouco sobre a música gabonesa nas redes sociais, a parceria entre Emma'a e Shan'l, em estágio de produção, não passou despercebida. BweliTribe, uma canal africano de notícias e urban music, comentou a novidade em sua conta no X:
#BTBrandNew | SHAN'L CHEZ SONY MUSIC AFRIQUE.
C’est Officiel ! Shan’L signe chez Sony Music Afrique, elle est actuellement en studio avec Emma'a, qui elle nous prépare un EP.✨
On a hâte d’écouter les pépites de nos 2 stars🫶🏾 pic.twitter.com/Co06hSVPdM
— BweliTribe (@BweliTribe) July 31, 2023
BTBrandNew | SHAN'L NA SONY MUSIC ÁFRICA.
É Oficial! Shan’L assina com a Sony Music Africa, ela está no estúdio agora com Emma'a, preparando um EP para nós.✨
Ansiosos para ouvir os sucessos das nossas 2 estrelas🫶🏾
Para muitos países africanos, a visibilidade na cena cultural mundial vem através da música. Agora o Gabão também pode se orgulhar de seus jovens artistas e embaixadores musicais.
Para uma amostra da produção musical do Gabão, confira abaixo a nossa playlist no Spotify, e para uma seleção eclética da música mundial, confira o perfil da Global Voices no Spotify.