No Gabão a música é uma ferramenta de visibilidade dentro e fora do país

Captura de tela do clipe da música gabonesa no canal do Youtube do artista Nigassi

A música gabonesa se tornou uma das cenas musicais da África Central com mais visibilidade nos últimos dez anos, apesar da dominância dos ritmos congoleses e camaroneses.

Apesar da baixa densidade populacional, a República do Gabão é uma terra rica em diversidade cultural e étnica. Pierre Akéndéngué, nascido em 1943, é reconhecido como um dos pioneiros da música gabonesa, desde o lançamento de seu primeiro álbum ‘Nkere’ em 1973. Como revela o seu sucesso ‘Libérée la liberté’ (‘Liberte a liberdade’), ele é também um artista politicamente engajado. A canção, em que denuncia os sinais da ditadura em seu país, foi lançada como um single em 2016:

Junto a Akéndéngué, encontramos outros grandes nomes da música gabonesa: artistas solo como Pierre Claver Zeng, Mackjoss, Aziz’Inanga, Martin Rompavet e Hilarion Nguéma, e bandas como Akwéza, Massako e Diablotins.

Estes pioneiros ergueram o alicerce sobre o qual uma nova geração de artistas constrói a sua arte através de diferentes gêneros musicais. A geração gabonesa entre 1990 e 2010 tem influência não só da riqueza da música tradicional, mas também de produções modernas de outros países africanos e do mundo inteiro.

A influência dos ritmos importados

Seja o veterano Olivier N'goma com seu afro-zouk (inspirado pelo zouk, um ritmo musical caribenho), soukousrumba (estilos musicais criados na República Democrática do Congo), ou rap, os artistas gaboneses mais jovens estão encontrando inspiração na música que vem de fora.

‘Betty’ é uma das canções mais conhecidas de N'goma:

Patience Dabany não é apenas a mãe do atual presidente do Gabão Ali Bongo, mas também uma artista renomada que faz uma ponte entre a tradição e a nova geração. Ela representa a corrente do soukous e da rumba congoleses que inspiram tantos músicos gaboneses, e que deram origem a dois de seus maiores sucessos, ‘Ewawa’‘On vous connaît’:

Música tradicional no presente

Mas a tradição musical gabonesa não foi abandonada. Vickoss Ekondo é um artista que levanta a bandeira da tradição no país e é considerado um ícone do gênero:

Em 14 de agosto de 2023, Ekondo faleceu aos 72 anos. O presidente Bongo divulgou a morte do artista em sua conta no X [antigo Twitter], onde prestou uma homenagem e o descreveu como um monumento da música gabonesa:

Deus chamou Vyckos Ekondo.
É um ícone, um monumento da música gabonesa que se vai.
Mas a sua obra será eterna.
Que o ‘Rei de Tandima’ descanse em paz.
Minhas condolências a sua família e seus numerosos fãs, dos quais faço parte.

Outros políticos como Mike Jocktane também fizeram homenagens:

Ontem, enquanto nos preparávamos para a nossa reunião em Mouila, recebemos a triste notícia do falecimento de Vyckos_Ekondo, Rei de Tandima e um dos baobás da música tradicional gabonesa.
Todas as minhas condolências ao povo gabonês.

Seguindo o caminho que Ekondo abriu estão artistas como Pape Nziengui, Laurianne Ekondo, e Nicole Amogho, que têm influência dos estilos tradicionais. A canção ‘Mouyanga ba mambangue’ de Zang Gabon também mostra uma das danças tradicionais do Gabão:

Outro vídeo, da artista Prisca Along, traz os ritos de iniciação tradicional e espiritual do Gabão:

Rumo à globalização

A geração de artistas gaboneses posterior a 2010 está tentando modernizar a sua produção, e tem fortes influências das novas tendências africanas, especialmente nigerianas e marfinense. Entre os artistas contemporâneos estão Creol, Shan'l, Jeune Vili, General Itachi, Emma'a, L'oiseau rare 8G, Don'zer e Eboloko.

Com a globalização da música, estes jovens artistas podem exportar seu trabalho com mais facilidade. Em 2019, por exemplo, Shan'l foi eleita a a artista da África Central na premiação All Africa Music Awards (Afrima):

Ainda que se fale pouco sobre a música gabonesa nas redes sociais, a parceria entre Emma'a e Shan'l, em estágio de produção, não passou despercebida. BweliTribe, uma canal africano de notícias e urban music, comentou a novidade em sua conta no X:

BTBrandNew | SHAN'L NA SONY MUSIC ÁFRICA.

É Oficial! Shan’L assina com a Sony Music Africa, ela está no estúdio agora com Emma'a, preparando um EP para nós.✨

Ansiosos para ouvir os sucessos das nossas 2 estrelas🫶🏾

Para muitos países africanos, a visibilidade na cena cultural mundial vem através da música. Agora o Gabão também pode se orgulhar de seus jovens artistas e embaixadores musicais.

Para uma amostra da produção musical do Gabão, confira abaixo a nossa playlist no Spotify, e para uma seleção eclética da música mundial, confira o perfil da Global Voices no Spotify.

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