Este artigo que foi escrito por Traci Tong para o The World e foi ao ar no PRI.org [en]em 3 de dezembro de 2013, está sendo republicado como parte de um acordo de compartilhamento de conteúdo.
Nesta semana, uma coisa inédita aconteceu na Islândia — um homem foi morto pela polícia.
“A nação inteira ficou chocada. Essas coisas não acontecem no nosso país,” disse Thora Arnorsdottir, jornalista da RUV, a agência nacional de telecomunicações na Islândia.
Ela estava se referindo a um senhor de 59 anos que foi morto por policiais na segunda-feira. O homem, que começou a atirar nos policiais assim que entraram no prédio, já tinha um histórico de doença mental.
É a primeira vez que a polícia tira a vida de alguém na Islândia, desde que o país se tornou um república independente em 1944. Na verdade, a polícia islandesa nem chega a carregar armas. Crimes violentos são raros nesse país.
“A nação não quer que a polícia seja armada porque é perigoso e ameaçador”, diz Arnorsdottir. “Isso faz parte da nossa cultura. Armas são usadas para a caça esportiva, mas você nunca vê ninguém andando com uma pela rua.”
A verdade é que os islandeses não são “anti-bélicos”. Em questão de propriedade de armas per capita, a Islândia ocupa a 15ª posição no mundo. Mesmo assim, esse incidente foi tão raro que os vizinhos do homem morto chegaram a compará-lo a uma cena de filme americano.
O departamento de polícia da Islândia afirmou que os policiais envolvidos vão passar por acompanhamento psicológico. O departamento pediu formalmente desculpas à família do homem que foi morto — o que nem era necessário, já que a polícia não fez nada de errado.
“Eu acho que isso é respeitável”, diz Arnorsdottir, “porque ninguém quer tirar a vida das outras pessoas.”
Ainda há muitas perguntas sem resposta, como por que a polícia não tentou negociar com o homem antes de entrar no prédio.
“Uma das grandes vantagens de viver na Islândia é que se você entrar no Parlamento, a única coisa que vão te pedir é que você desligue o celular para não perturbar os parlamentares enquanto conversam. Não temos policiais armados protegendo o primeiro ministro ou o presidente. Essa é a vantagem de viver em uma sociedade pacífica, e não queremos que isso mude por nada.”