Em vésperas da realização de dois grandes actos eleitorais, as eleições autárquicas (2018) e as eleições gerais (2019), o website do Conselho Nacional de Eleições de Moçambique encontra-se interditado por via de um hacker.
O Conselho Nacional de Eleições é o principal órgão que se encarrega de preparar todo o processo inerente à realização de eleições em Moçambique, desde a fase do registo de eleitores, dos candidatos e dos partidos à preparação da votação e da divulgação de resultados.
A inoperância do portal do Conselho Nacional de Eleições (CNE) acontece numa altura em que já se conhece a data em que vai decorrer o processo de registo de eleitores e o dia da realização das eleições autárquicas, previstas para 10 de Outubro de 2018.
Borges Nhamire, pesquisador do Centro de Integridade Pública (CIP), foi quem denunciou o estado do website do CNE:
Em plena preparação do processo eleitoral a pagina do STAE e CNE foi tomada por Hackers (www.stae.org.mz).
O mesmo hakcer do FMO, o Pri Nce.
Na publicação de Borges, há quem comente sobre a possibilidade de ter sido uma acção forjada:
Muito perigoso para um Estado isto. E até aqui, pelo que me parece, ainda não resolveram?! Mas este país não tem técnicos para estas coisas? Com a digitalização da informação, a continuar assim, será que estaremos seguros mesmo?
Tomara que a hipótese cogitada aqui, segundo a qual pode tratar-se de um hakeamento forjado, seja válida – porque a ser um hakeamento, de facto, nada está seguro.
Durante o mês de Julho, o website do Fórum de Monitoria do Orçamento, uma organização da Sociedade Civil que se dedica à fiscalização da aplicação do Orçamento do Estado, também foi invadido pelo mesmo hacker e nas mesmas condições, conforme denunciou o jornalista investigativo, Lázaro Mabunda:
Website do FMO hackeado.
O hacker chama-se Pri Nce. Uma imagem desenhada de um indivíduo (assustador) ensanguentado. “Owned by Pri Nce”. http://www.fmo.org.mz/
Para além da questão dos hackers, é comum os portais de instituições públicas moçambicanas não se apresentarem acessíveis aos cidadãos, como denuncia Bitone Viage, estudante moçambicano no Brasil:
Algumas instituições do Estado abrem e atualizam suas páginas na Internet e sobretudo no Facebook quando recebem o chefe de Estado. Sinceramente nós que estamos fora do país passamos mal quando precisamos de alguns dados para dar andamento as nossas pesquisas. Assim somos obrigados a voltar a casa só para fazer levantamento manual dos dados.
É preciso ter vergonha na cara, todos dias andam online nas suas páginas pessoais, Instagram, Facebook, Twitter, mas as páginas das instituições que eles dirigem estiverem online a 9 meses atrás a quando da última visita efetuada pelo chefe de Estado.
No mesmo diapasão, o comentador e influenciador de opinião, Egídio Vaz, já havia colocado o mesmo tipo de críticas:
Estive hoje a pesquisar um pouco sobre a província de Gaza. Então, decidi entrar no website do governo de Gaza (http://www.gaza.gov.mz/) para ver se poderia obter algo útil e vejam o que descobri! Descobri que do ponto de vista geográfico, Gaza é uma província de Moçambique. Do ponto de vista histórico, a cidade de Xai-xai mantém ainda todas as características e ambiente de uma pequena cidade colonial.
Assim nos próximos dias o Presidente Nyusi visitará Gaza, “uma província de Moçambique” e também Xai-xai, “cidade que mantém ainda todas as características e ambiente de uma pequena cidade colonial”.
PS: Se não morri de nervos é porque sou forte.