
Arquivo (01/2007), ruas de Maputo depois de confrontos. Foto: Sharonpe/Flickr (CC BY-NC-SA 2.0)
Moçambique vive dias muito difíceis agudizados por uma crise política desde as últimas eleições gerais que tiveram lugar em Outubro de 2014.
Este impasse, reportado pelo Global Voices em Novembro de 2015, está cada vez mais premente com o escalar de mortes e destruição de bens na zona centro do país. Há relatos de confrontos entre as forças governamentais e o maior partido de oposição, a Renamo, conforme relatam alguns órgãos noticiosos:
Os homens armados da Renamo e as Forças de Defesa e Segurança voltaram a confrontar-se na manhã de hoje no troço Rio Save-Muxúngúe, [mais] concretamente em Zove, Distrito de Chibabava, Província de Sofala. Os confrontos fizeram com que a circulação das viaturas naquele canto da nossa pérola do Índico ficasse interrompida por algumas horas.
Os relatos são tantos que os cidadãos, receosos, clamam pela Paz. Abinelto Bié disse:
Após quase 2 anos da assinatura dos ACORDOS DE CESSAÇÃO DAS HOSTILIDADES MILITARES entre as as forças governamentais e a Renamo, os moçambicanos voltam a viver o drama das colunas no troço entre Muxungwe e Rio-Save na província de Sofala no centro do país.
Tal cenário deve-se aos ataques ocorridos há dias naquele ponto do país, onde aventa-se a possibilidade de terem sido perpetrados por homens armados da Renamo, aliás, a Polícia da República de Moçambique em Sofala atribui a autoria dos ataques a Renamo, tendo em conta o aviso dado há dias por este partido político onde anunciou o bloqueio da EN1 no troço aqui referido.
A escolta de viaturas, em algumas estradas de Moçambique, já é uma realidade como relata Francey Zeúte:
Confirmado: Voltamos às escoltas/colunas no [troço] Rio Save – Muxungué.
Fonte: Radio Moçambique
Dino Foi, diz não perceber as acções da Renamo:
Então a Constituição da República (a Bíblia do nosso país )deve ser pontapeada para acomodar orgias pela governação parcial da nação?!
Sabe que os carros que anda a destruir, independentemente de serem de privados ou do Estado, tem um efeito nefasto na nossa economia?!
Quem lhe deu essa autoridade para andar a disparar sobre civis?!
Penso que já é altura de ilegalizar alguns partidos, retirar imunidade e colocar na cadeia quem deturpa a ordem pública.
Queremos trabalhar e desenvolver o nosso país.
Estes acontecimentos fizeram com que o Consulado Português em Moçambique emitisse um alerta aos cidadãos que viajam para a zona centro de Moçambique:
Persistem tensões político-militares entre o Governo moçambicano e o maior partido de oposição, Renamo (Resistência Nacional Moçambicana), sobretudo nas províncias do centro [Sofala, Manica, Tete e Zambézia e norte de Inhambane], onde têm vindo a ser noticiados incidentes, incluindo confrontos armados”, declara o aviso.
As autoridades consulares portuguesas recomendam “medidas adicionais de prudência, vigilância e autoproteção” nas zonas de risco, que, além da estrada N1, na província de Sofala, incluem também a N6, em Manica, enquanto a situação de instabilidade perdurar, para além do acompanhamento do evoluir da situação através da comunicação social.
No Twitter, criou-se a hashtag (#MozConflict) que serve para relatar os conflitos que ocorrem no país:
#MozConflict
Um veículo da FAO que circulava entre Gorongosa e Nhamapaza foi baleado ontem, 17, por homens armados não identificados.— RAFAEL R.D.MACHALELA (@rafaelmachalela) 18 fevereiro 2016
Hoje, a Polícia da República de #Moçambique anunciou a retoma da escolta de viaturas no troço Save – Muxúnguè. #MozConflict
— Alexandre Zerinho (@AllexandreMZ) 18 fevereiro 2016
O receio de uma nova guerra civil está a provocar a fuga dos moçambicanos que procuram refúgio nos países vizinhos:
#mozconflict Mozambican refugees face humanitarian crisis in Malawi https://t.co/0LQFL39WDd
— Adelson Rafael (@adelsonmz) 19 fevereiro 2016
Refugiados moçambicanos enfrentam crise humanitária no Malawi
Acnur denuncia pressões para retorno de 6 mil moçambicanos refugiados no Malawihttps://t.co/PqwIcHGn5J pic.twitter.com/ytOD5aXeWB
— África 21 Digital (@africa21digital) 19 fevereiro 2016
Estes confrontos surgem a escassos dias de Março, o mês que o líder da Renamo decretou começar a governar as províncias onde foi vencedora, nas eleições de 2014.
Dhlakama reaparece e reitera que vai governar as províncias em Março – https://t.co/HxH3YD8ari #GoogleAlerts
— Eduardo Lobão (@elobaolusa) 12 fevereiro 2016