Tsitsernakaberd Genocide Memorial, Yerevan, Republica da Armênia © Onnik Krikorian
No que acabou por ser uma votação tensa, os Comitê de Assuntos Estrangeiros do Congresso dos EUA votou no dia 4 de março uma resolução não vinculativa reconhecendo a deportação e o massacre dos armênios que viveram no Império Otomano como Genocídio. Embora aceito como tal por muitos outros países, bem como pela maioria dos historiadores, tentativas anteriores de traduzir resoluções em propostas de lei reais falharam depois de funcionários em Washington alertarem para as consequências de alienar a Turquia, um aliado-chave na região.
No ano passado, citando o ímpeto nas tentativas de fazer a Armênia e a Turquia resolverem seu próprio passado doloroso, o presidente dos EUA, Barack Obama, evitou denominar os massacres como Genocídio apesar de promessas eleitorais em fazê-lo. Desde então, porém, muitos analistas consideram que a Turquia não tem cumprido a sua promessa de ratificar dois protocolos assinados em outubro que iriam estabelecer relações diplomáticas entre os dois vizinhos há muito afastados e estabelecer uma comissão histórica para resolver o problema de uma vez por todas.
Eventualmente, a resolução foi aprovada por 23 votos a 22 e ambos os armênios e turcos tuitaram ao vivo (live-tweeted) o processo, embora ambos estivessem insatisfeitos com os atrasos persistentes, apesar de interpretá-los de maneiras diferentes. Muitos também foram confundidos pela falta de um registro de votação imediata.
@talkturkey Será que alguém tem uma contagem exata?
Na confusão, e, especialmente, como para a maioria dos que votavam era incerto se a resolução seria aprovada, houve até mesmo alguma comunicação limitada entre os dois.
Ao fim, porém, a resolução foi aprovada e muitos armênios na Armênia bem como sua grande diáspora celebraram, enquanto outros alertaram sobre as possíveis repercussões que virão.
Uma jornalista holandesa baseado na Turquia blogou e tuitou [sobre] sua preocupação enquanto alguns armênios resignaram-se a certas “realidades” sobre as relações Turco-Americanas.
Em geral, os armênios na #Turquia também são contra este tipo de jogo político. Serve apenas aos nacionalistas da Turquia, não serve para a reconciliação
Portões na fronteira turca, Margara, Republica da Armenia © Onnik Krikorian
Na verdade, como esta não é a primeira vez que uma resolução deste tipo foi aprovada, ainda é incerto o que vai acontecer a seguir, dada a sua natureza não vinculativa, a pressão internacional sobre a Turquia para normalizar as relações e abrir sua fronteira com a Armênia, e os principais objetivos da política externa dos EUA que exigem o apoio da Turquia.
Mesmo assim, algumas pessoas em ambos os lados da divisão étnica têm esperança de que a cabeça fria vai prevalecer. Por agora, porém, alguns poucos acreditam ou esperam isso, mas a situação ficará mais clara à medida em que o dia 24 de Abril, data em que os armênios marcam o aniversário dos massacres, se aproxima.
Sobrevivente do Genocídio, Yerevan, Republica da Armenia © Onnik Krikorian