Teresa de Benguela foi uma líder quilombola durante o Brasil colonial. Viveu onde hoje é o estado do Mato Grosso. Imagem: Reprodução web
Este post foi publicado originalmente no blog da Agência Mural, com quem o Global Voices mantém uma parceria de conteúdo.
Hoje, 25 de julho, é celebrado o Dia Internacional da Mulher Negra Latino Americana e Caribenha, instituído em 1992 durante o 1º Encontro de Mulheres Afro-Latino-Americanas e Afro-Caribenhas. A data é um marco internacional da luta e resistência da mulher negra contra a opressão de gênero, o racismo e a exploração de classe. É um dia para reconhecer a presença e a luta das mulheres negras nesse continente.
No Brasil, também se celebra no mesmo dia o Dia Nacional de Tereza de Benguela e da Mulher Negra. Tereza foi uma líder quilombola no Mato Grosso durante o século 18.
As correspondentes da Agência Mural — agência de jornalismo das periferias de São Paulo, no Brasil — aproveitaram a data para homenagear algumas guerreiras negras periféricas que são inspiradoras para elas.
Lélia Gonzales
Por Semayat Oliveira, correspondente de Cidade Ademar
Lélia Gonzales (esquerda) e Semayat Oliveria (direita).
“No meio do movimento das mulheres brancas, eu sou a criadora de caso, porque elas não conseguiram me cooptar. No interior do movimento havia um discurso estabelecido com relação às mulheres negras, um estereótipo. ‘As mulheres negras são agressivas, são criadoras de caso, não dá para a gente dialogar com elas’, etc. E eu me enquadrei legal nessa perspectiva aí, porque para elas a mulher negra tinha que ser, antes de tudo, uma feminista preocupada com as questões que elas estavam colocando”, disse Lélia Gonzales em entrevista para o jornal do MNU — Movimento Negro Unificado, em maio de 1991.
Lélia nasceu em 1º de fevereiro de 1935, em Belo horizonte, e faleceu em 10 de julho de 1994, no Rio de Janeiro. Intelectual, professora, antropóloga e militante fundamental na história do movimento negro, fez parte da criação do Instituto de Pesquisas das Culturas Negras (IPCN-RJ), do Movimento Negro Unificado, do Nzinga Coletivo de Mulheres Negras-RJ, do Olodum-BA e outras frentes.
Ela é uma inspiração não só por ter sido pensadora fundamental na consolidação do conceito do feminismo negro no Brasil, mas, também, pela autenticidade de sua escrita, combativa, embasada e, ao mesmo tempo, irônica e leve — na medida do que se pode ser.
Seus textos oferecem uma leitura intrigante, uma viagem que ensina e provoca, atiça a reflexão e a ação. “Se a gente dá uma volta pelo tempo da escravidão, a gente pode encontrar muita coisa interessante. Muita coisa que explica essa confusão toda que o branco faz com a gente porque a gente é preto. Prá gente que é preta então , nem se fala”. Este é um trecho do artigo Racismo e sexismo na cultura Brasileira (1984\Lélia Gonzales). Fica o convite.
Leia um compilado de textos e artigos de Lélia aqui.