Desde a independência, foram criados diversos feriados “nacionais” nas ex-repúblicas soviéticas da Ásia Central. Contudo, a tradição de celebrar o Ano Novo [en], a data festiva preferida na região, ainda é muito prezada pela população da antiga União Soviética. Apesar dos apelos, em que se reivindica a proibição da celebração por ela ser “importada” e “contrária ao islamismo”, os habitantes do Cazaquistão, Quirguistão, Tadjiquistão e Usbequistão comemoraram a chegada de 2013 em ordem com esta tradição consagrada: com uma árvore de Ano Novo, Ded Moroz [en] (algo como “Avô Geada”, o equivalente soviético do Papai Noel) e Snegurochka [en] (algo como “Dama de Neve”, neta de Ded Moroz).
Cazaquistão
Apesar de 17% dos cazaquistaneses considerarem [ru] a celebração um costume “importado”, mais de 70% da população diz não imaginar o Ano Novo sem a figura de Ayaz Ata (a versão cazaquistanesa de Ded Moroz), Snegurochka, assim como a árvore decorada, que também faz parte da festividade. Os blogueiros Raul Garifulin [ru] e Vyacheslav Firsov [ru] postaram fotos do show de fogos de artifício de Ano Novo na cidade de Almaty, antiga capital e a maior cidade do país.
Outro blogueiro, Ernar Nurmagambetov, escreveu [ru] sobre a viagem que fez ao norte do Cazaquistão para visitar a recém-construída “residência” de Ayaz Ata:
Я не пожалел времени и денег, которые потратил на посещение Резиденции Деда Мороза. Хотя бы потому, что у 6-летней дочки, которая уже переставала верить в Деда Мороза – загорелись глазки. ))) А сын прокатился на настоящих северных оленях!!!
No VoxPopuli, um importante blog de imagens do país, Damir Otegen publicou [ru] um relato ilustrado, com aqueles que “trabalham” como Ded Moroz e Snegurochka durante as festividades. Além disso, Kanat Beisekeyev publicou [ru] a história de dois blogueiros cazaquistaneses que se fantasiaram de Ded Moroz e Snegurochka e saíram pelas ruas de Almaty cumprimentando todos pela passagem do Ano Novo e entregando presentes às crianças.
Quirguistão
No Quirguistão, a celebração do Ano Novo mantém-se viva apesar dos recentes apelos de líderes religiosos e políticos para que sejam abandonadas as tradições da era soviética. No final de dezembro, líderes religiosos islâmicos em um país predominantemente muçulmano, pediram a proibição da celebração do Ano Novo e apelaram à população para que desconsiderasse a festividade. Em Bishkek, em um encontro de estudantes universitários, o legislador Tursunbai Bakir Uulu disse [kg] que celebrar o Ano Novo era algo “contrário ao islamismo”.
De qualquer modo, parece que o apelo surtiu pouco efeito na maioria da população. Kloop.kg publicou [ru] um relatório detalhado sobre a data celebração deste ano, incluindo um resumo das discussões entre blogueiros e tuiteiros que debateram se era certo celebrar a data. As autoridades governamentais de Bishkek, capital do país, organizaram [ru] uma grande parada de Ano Novo, que incluiu a presença dos personagens símbolos da festividade.
Tadjiquistão
Recentemente, no Tadjiquistão, houve também reivindicações para proibir a celebração de Ano Novo. Em meados de novembro de 2012, o site oficial do Partido do Renascimento Islâmico (Islamic Revival Party) do país apelou [ru] ao governo de Dushanbe, capital do Tadjiquistão, para que não inaugurasse a árvore símbolo da festividade. Conforme o partido, não era prudente gastar dinheiro com uma celebração “contrária ao islamismo”.
De forma inesperada, o partido conseguiu o apoio de alguns blogueiros. No Blogiston.tj, Teocrat escreveu [ru]:
Лично моя позиция к этому праздника такова, что пусть каждый сам решает праздновать его или нет! А государству не следует тратить бюджетные средства на всякие торжественные мероприятия – бюджет страны и без того уже последние 20 лет находится в критическом положении. Думаю, в этой ситуации стоит сэкономить немного средств не только на праздновании НГ, но и многих других торжеств…
Os comentários feitos no blog demonstram que a questão gera bastante polêmica entre os internautas tadjiquistaneses, os quais divergem se a celebração tem raízes religiosas ou se é algo alienado do sagrado.
Em seu blog, Zebo Tajibaeva, uma jornalista tajiquistanesa, pediu [ru] às autoridades para que não colocassem a árvore em Dushanbe este ano. De acordo com a jornalista, a árvore geralmente usada na capital é de tamanho mal gosto que o país estaria melhor sem ela.
Em resposta às críticas, o prefeito de Dushanbe anunciou [ru] que a administração continuaria organizando “magníficas” celebrações para marcar a data. A capital tajiquistanesa recebeu a chegada de 2013 com a tradicional árvore de Ano Novo, um grande espetáculo e fogos de artifício.
Em NewEurasia.net, Loki publicou [ru] fotos das celebrações de Ano Novo em Dushanbe.
Usbequistão
No início de dezembro de 2012, houve relatos [en] de que as autoridades governamentais do Usbequistão deram ordens aos canais de televisão estatais para que não mostrassem Ded Moroz, Snegurochk e a árvore comemorativa, símbolos da celebração. Em outras notícias, foi sugerido que as autoridades tinham inventado outros nomes para os símbolos da celebração. O Ministro da Cultura interveio e disse [ru] que tais suposições eram “infundadas”.
De fato, as celebrações no Usbequistão este ano não diferiram das realizadas em outros anos. Em NewEurasia.net, o blogueiro Khayyam escreveu [ru]:
Новый Год прошел <…>, и я с радостью констатирую факт, что Деда Мороза и Снегурочку никто не похитил, и они, как всегда, полноправно властвовали праздником в Узбекистане!
No blog foi postado também um vídeo do YouTube, em que se pode ver as festividades na praça principal de Tashkent, capital do país.