Caça Furtiva de Elefantes em Moçambique

Uma reportagem publicada no Jornal @Verdade no final de Outubro de 2012, põe a descoberto a caça ilegal de elefantes na Reserva de Mareja [en], situada em Cabo Delgado, na região Norte de Moçambique. Segundo o artigo, o “massacre” é perpetrado por grupos de caçadores furtivos “sofisticadamente armados” e “tem vindo a ganhar proporções gigantescas”:

Todas as semanas, pelo menos, dois animais são abatidos, dos quais são retiradas as pontas de marfim, que são posteriormente vendidas no mercado negro. A batalha acontece aos olhos das autoridades governamentais e policiais locais que, por conforto e cumplicidade, não agem.

São frequentemente ouvidos ruídos de tiros e depois avistados helicópteros ou aeronaves a sobrevoar a reserva. Estes servirão para carregar as pontas de marfim roubadas aos animais em vias de extinção, e assim dar continuidade ao tráfico de um produto que “atinge preços exorbitantes no mercado negro”, e é exportado para países asiáticos como China, Coreia do Norte, Tailândia e Filipinas.

Elefante na Reserva Especial de Maputo. Foto de Leandro's World Tour no Flickr (CC BY 2.0)

Um comentário deixado ao artigo por Conor Christie através do Facebook acrescenta:

Placa de sinalização de reserva de elefantes em Maputo. Foto de Leandro's World Tour no Flickr (CC BY 2.0)

Trabalhei um pouco na coutada 4 na provincia de Manica e quando la, fomos avisados que os caçadores vêm das zonas da Beira e vêm BEM EQUIPADOS. Nós tinhamos o equivalente dos guardas das Quirimbas, e fomos avisados para nao confrontar os elementos. As pessoas que tem [acesso] a esse tipo de armamentos não são os camponeses. Quando lá, sabiamos que [caçadores] furtivos alugavam AK47 (AKM) do comando ai do Save. Compravamos balas por mil Met [$33 USD] cada, indicando que o [acesso] às armas é fácil. Na minha opinião, as pessoas atrás dessas mortes nas Quirimbas sao pessoas com patencia [sic].

Outra leitora do jornal, Kita Chilaule, expressou a sua indignação:

Nao acredito que nao hajam formas de travar estes cacadores furtivos. Penso que eles nao sao um numero superior aos guardas mas sim tem a proteccao do governo local ate pork esta claro que existe aqui uma cumplicidade e currupcao. o lamentavel e a destruicao do patrimonio do ecoturismo desta zona.

E continua:

Esses caçadores a maioria sao estrangeiros nao podem ter poder de accao mais que os Nacionais. Peco a quem e de direito pra travar esta pratica degradante de fauna bravia.

Inserida no Parque Nacional das Quirimbas, que ocupa uma área de aproximadamente 7506 quilómetros quadrados, a Reserva da Mareja é vigiada por um grupo de 10 guardas florestais precariamente equipados para fazerem frente à caça furtiva. No website da Associação de Camponeses de Mareja está em curso uma campanha de consciencialização e angariação de fundos para fortalecerem o trabalho de proteção dos elefantes.

[O vídeo acima é de Dominik Beissel; mais filmagens dos elefantes no seu habitat natural aqui.]

No seguimento da notícia publicada pelo Jornal @Verdade, foi criada uma petição no site Avaaz:

solicita-se a atenção do mundo que preza a sustentabilidade ecológica e a vida nas florestas, assim como do GOVERNO DE MOÇAMBIQUE, para que providências sejam tomadas de forma a acabar com o extermínio dos elefantes em Moçambique.

“Conflito Homem-Elefante”

Já desde 2006 que o autor do blog Forever Pemba tem reportado sobre conflitos relacionados com a fauna bravia, e em especial os elefantes, naquela região:

Troféu ao extermínio dos elefantes e animais silvestres exposto em hotel da cidade de Pemba – Cabo Delgado. Foto do blog Forever Pemba

Nos últimos tempos, os animais, principalmente elefantes, matam pessoas, criando insegurança nas comunidades, assim como se lhes acusa de fomentarem, com macacos e porcos selvagens, a fome, ao destruírem parcial ou completamente as culturas.

Criticando a implementação de algumas das “medidas de estancamento” da “destruição” causada pelos animais promovidas pelas autoridades locais, tais como a formação de caçadores comunitários, o blog analisa uma notícia publicada no jornal Notícias em 2007:

Em resumo e lendo o texto, entende-se que, as autoridades responsáveis em Cabo Delgado, depois de apresentarem os elefantes e outros animais como inimigos perigosos para o ser humano, agirão, como afirmam com um tom beatificante, quase piedoso, para não dizer cínico.

O website da WWF-Moçambique indica que em 1999 a Direcção Nacional de Florestas e Fauna Bravia (DNFFB) do Ministério da Agricultura e Desenvolvimento Rural publicou a Estratégia Nacional de Gestão de Elefantes em Moçambique, com a definição de metas para a conservação da população de cerca de 18.000 elefantes africanos que existem no país. No entanto, a aplicação da convenção, segundo um relatório de Setembro de 2012, tem-se mostrado deficitária.

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