O Netizen Report da Global Voices Advocacy oferece uma cobertura internacional dos desafios, vitórias e as últimas tendências sobre os direitos da internet em todo o mundo.
À medida que as sociedades ao redor do mundo se tornam cada vez mais dependentes das redes móveis para tudo, desde o entretenimento até os serviços de emergência, um apagão brusco da comunicação – seja acidental ou intencional – pode interromper rapidamente a vida quotidiana e deixar as pessoas sem serviços essenciais, como assistência médica.
No final de setembro de 2017, dois povos – de lados opostos do globo – sofreram apagão das comunicações, em meio a graves crises humanitárias.
Mais de uma semana após o furacão Maria devastar Porto Rico, de uma forma que não acontecia na ilha caribenha há quase um século, 70% das redes de telecomunicações [1] continuavam inoperantes e quase todas as casas [2] ainda estavam sem eletricidade.
Paralelamente à perigosa escassez de alimentos [3], água e estradas transitáveis, a maioria dos porto-riquenhos ficaram incapacitados de se comunicarem pelo telefone e redes móveis, além de não disporem de recursos para carregar celulares e computadores. Juntamente com linhas telefônicas e torres de telefones celulares, um cabo de fibra ótica de internet [4] foi tão danificado pela inundação que desligou completamente.
O cabo, que em 23 de setembro trabalhava com 25% de sua capacidade normal, fornece a infraestrutura básica de comunicação para hospitais, delegacias, corpos de bombeiros e agências governamentais.
Os moradores de San Juan estão racionando a eletricidade de geradores e outros dispositivos geradores de energia, como as baterias de carros. Como parte dos esforços de socorro, as companhias de telecomunicações criaram hotspots Wi-Fi temporários [5] em áreas urbanas e enviaram satélites [1] sobre a ilha para facilitar a comunicação. Visite esta página [6] para apoiar os esforços de recuperação.
Bangladesh proíbe as vendas de cartão SIM aos refugiados rohingya
A quase 15 mil quilômetros de distância de San Juan, as autoridades de Bangladesh proibiram a venda [7] de cartões SIM de celular para refugiados rohingya em meados de setembro, alegando “motivos de segurança”. Empresas, lojas e até indivíduos que violarem esta proibição serão multados.
A proibição agrava os problemas que enfrentam quase 430 mil refugiados que buscaram refúgio em Bangladesh depois de fugirem de “operações de limpeza” [8], responsáveis por destruir mais de cem aldeias rohingya no estado de Rakhine de Myanmar. A violência nos confrontos [9]entre militares e o grupo militante Exército de Salvação Arakan Rohingya. Funcionários de Bangladesh explicaram que as preocupações com a segurança surgiram após rumores de que havia militantes entre as centenas de milhares de refugiados (a maioria das quais crianças) que cruzaram a fronteira nas últimas semanas de setembro.
A autoridade de telecomunicações do país disse que suspenderia a proibição uma vez que fossem emitidos para os refugiados os cartões de identidade biométricos [10], que se tornaram indispensáveis para os bangladeshianos que adquirirem cartões SIM. O problema é que esse processo poderia levar até seis meses.
Dezenas de milhares de refugiados vivem sem abrigo em campos próximos à fronteira entre Bangladesh e Myanmar, e sofrem com a falta [11] de comida, água, medicamento e, agora,também uma ferramenta de comunicação básica.
A China multou os gigantes tecnológicos locais pelo gerenciamento de conteúdo de qualidade inferior
Com o próximo Congresso do Partido Comunista agora em outubro, a Administração do Ciberespaço da China emitiu grandes [12] multas às empresas tecnológicas nacionais Baidu, Tencent e Sina, dizendo que as empresas não conseguiram controlar a pornografia online, as imagens de violência e mensagens que promovem o ódio étnico. Embora as empresas tenham recebido a multa máxima estabelecida pela lei, isso pode equivaler apenas a 500 mil yuans (cerca de US$ 76 mil) – uma pequena fração de suas receitas anuais, que totalizam dezenas de bilhões.
Arábia Saudita abre alguns serviços de mensagens (com exceção do WhatsApp)
A Arábia Saudita relaxou restrições [13] ao uso de VoIP e aplicações de mensagens, mas manteve a proibição de WhatsApp e Viber. O governo começou a bloquear os aplicativos em 2013 e explicou que as mudanças seguem as “tendências modernas” que “as operadores do reino devem seguir”. Os usuários sauditas agora podem fazer chamadas usando aplicativos como LINE, Snapchat, FaceTime, Skype, Telegram e Tango.
O Facebook permitirá que a Rússia armazene dados de usuários em casa?
As agências de notícias russas dizem que as autoridades locais bloquearão o Facebook [14]no próximo ano, a menos que a empresa comece a armazenar os dados pessoais de seus cidadãos em servidores da Rússia, estratégia que ajudaria as autoridades a obterem dados das redes sociais da população. Em novembro de 2016, a agência reguladora de comunicações Roskomnadzor bloqueou o acesso ao LinkedIn, após uma decisão judicial que declarou a empresa culpada de violar as leis russas de armazenamento de dados. O Twitter disse à Roskomnadzor [15] que pretende localizar os dados pessoais dos usuários russos até meados de 2018.
Jornalista marroquino encarcerado começa greve de fome
O jornalista marroquino Hamid El Mahdoui iniciou uma greve de fome [16] em protesto contra um julgamento injusto, depois de um tribunal de recursos aumentar a pena de três meses para um ano. Mahdoui foi preso e acusado de dar um discurso que, segundo as autoridades, incitava a participação em um protesto que se realizaria em julho e infringiria a lei, mesmo que o direito de protesto e reunião seja garantido pela Constituição marroquina e a Lei das Assembleias Públicas.
Nova ferramenta visa reduzir o abuso online
Em meados de setembro, um grupo de programadores lançou no Paquistão uma nova ferramenta de código aberta, que visa pôr fim ao abuso online [17]. O aplicativo, conhecido como Muavin, permite que os usuários criem grupos no Twitter e Facebook, para poderem mandar alertas de forma segura quando forem vítimas de assédio.
Nova pesquisa
- Uso de Mídia no Oriente Médio, 2017 [18]- Northwestern University em Qatar
- Não Podemos Ser O Que Não Podemos Ver [19] – GenderIT.org
Assine o Netizen Report [20]
Afef Abrougui [21], Ellery Roberts Biddle [22], Leila Nachawati [23], Elizabeth Rivera, [24]Nevin Thompson [25] e Sarah Myers West [26] contribuíram para este relatório.