Timor-Leste: Ex-guerrilheiro morto a tiro pelas forças de segurança

Mauk Moruk e L7 escoltados pela PNTL depois de julgamento em Dília, 14 de Março de 2014. Foto de António Dasiparu partilhada no website sapo.tl com licença de reutilização

Mauk Moruk e L7 escoltados pela PNTL depois de julgamento em Dília, 14 de Março de 2014. Foto de António Dasiparu partilhada no website sapo.tl com licença de reutilização

Mauk Moruk, nome de guerra de Paulino Gama, foi morto pela polícia numa troca de tiros que ocorreu próximo de Baucau, no sábado (08.08), em Timor-Leste.

Depois de um longo período exilado na Holanda, o ex-combatente regressou a Timor-Leste com o objectivo de “fazer uma revolução para tirar a população da pobreza” tal como demos conta no Global Voices, em 2014. Moruk foi guerrilheiro e primeiro comandante das brigadas vermelhas das FALINTIL (movimento armado da resistência à ocupação indonésia).

O ex-guerrilheiro estava a ser perseguido pelas forças armadas de Timor-Leste, desde Março 2014, por tentar “criar instabilidade política e de pôr em causa as instituições do Estado”.

A morte do ex-combatente está a deixar alguma inquietação no país. A Embaixada dos Estados Unidos da América em Díli emitiu o seguinte comunicado, na sua página do Facebook:

U.S. Embassy – Dili, Timor-LesteAttention U.S. citizens: Various sources have confirmed to the U.S. Embassy that Mauk Moruk (Paulino Gama), the leader of the Maubere Revolutionary Council (KRM) was killed today (August 8). There is a large presence of police and people on the streets. For more information and to keep informed about security incidents in Timor-Leste, please view our web site.

Embaixada E.U.A. – Dili, Timor-Leste: Atenção cidadãos Norte-Americanos: Fontes confirmaram à Embaixada que o líder do Concelho Revolucionário Maubere (CRM), Mauk Moruk (Paulino Gama), foi morto hoje (08.08). Há muitas pessoas e muita policia nas ruas. Para mais informações e para se manterem informados sobre assuntos relativos à segurança em Timor-Leste, por favor visitem o nosso sitio na internet.

As forças de segurança reforçaram os seus contingentes, no patrulhamento, por se recear represálias quer pelos seguidores de Moruk, que entretanto havia criado o partido do Conselho Revolucionário Maubere (CRM), como também pelo grupo “Sagrada Família” liderado pelo seu irmão, Cornélio Gama, também conhecido por L-7. A “Sagrada Família”, é um grupo de resistência clandestina de carácter animista criado nos anos 90.

Entretanto, em declarações à agência de notícias portuguesa Lusa, L-7 refere que:

O Estado não respeita o povo. Matou Mauk Moruk que estava desarmado. Recusou dialogar e agora tem que assumir responsabilidade por isto. Sempre defendemos e procurámos o diálogo.

Cornélio Gama afirma que “a morte do seu irmão se deve a um ajuste de contas”:

Se tratou de uma vingança que dura desde 1985 até agora, um conflito (tet) entre Mauk Moruk e Xanana (Gusmão). Um ódio que não se revolveu até agora. Com esse ódio, o Xanana matou o meu irmão

Moruk é considerado “um traidor”, por um lado:

Mauk Moruk é considerado pelos principais líderes timorenses como um traidor, tendo-se entregado às forças de ocupação indonésias que posteriormente viria a apoiar contra a resistência.

E pelo outro, “um herói”. Ângela Freitas, líder do Partido Trabalhista diz que:

É tempo da liderança poder encontrar meios, pacificamente, para uma mesa redonda e falar totalmente da história de Timor-Leste. Não tivemos só uma ou duas pessoas heróis de Timor-Leste.

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