Mauk Moruk, nome de guerra de Paulino Gama, foi morto pela polícia numa troca de tiros que ocorreu próximo de Baucau, no sábado (08.08), em Timor-Leste.
Líder de grupo ilegal timorense morto por forças de segurança: Díli, 8 ago (Lusa) – O líder do Conselho da Rev… http://t.co/ArPDJl13pE
— Jose Valverde (@valverdejose) August 8, 2015
Depois de um longo período exilado na Holanda, o ex-combatente regressou a Timor-Leste com o objectivo de “fazer uma revolução para tirar a população da pobreza” tal como demos conta no Global Voices, em 2014. Moruk foi guerrilheiro e primeiro comandante das brigadas vermelhas das FALINTIL (movimento armado da resistência à ocupação indonésia).
O ex-guerrilheiro estava a ser perseguido pelas forças armadas de Timor-Leste, desde Março 2014, por tentar “criar instabilidade política e de pôr em causa as instituições do Estado”.
A morte do ex-combatente está a deixar alguma inquietação no país. A Embaixada dos Estados Unidos da América em Díli emitiu o seguinte comunicado, na sua página do Facebook:
U.S. Embassy – Dili, Timor-Leste: Attention U.S. citizens: Various sources have confirmed to the U.S. Embassy that Mauk Moruk (Paulino Gama), the leader of the Maubere Revolutionary Council (KRM) was killed today (August 8). There is a large presence of police and people on the streets. For more information and to keep informed about security incidents in Timor-Leste, please view our web site.
Embaixada E.U.A. – Dili, Timor-Leste: Atenção cidadãos Norte-Americanos: Fontes confirmaram à Embaixada que o líder do Concelho Revolucionário Maubere (CRM), Mauk Moruk (Paulino Gama), foi morto hoje (08.08). Há muitas pessoas e muita policia nas ruas. Para mais informações e para se manterem informados sobre assuntos relativos à segurança em Timor-Leste, por favor visitem o nosso sitio na internet.
As forças de segurança reforçaram os seus contingentes, no patrulhamento, por se recear represálias quer pelos seguidores de Moruk, que entretanto havia criado o partido do Conselho Revolucionário Maubere (CRM), como também pelo grupo “Sagrada Família” liderado pelo seu irmão, Cornélio Gama, também conhecido por L-7. A “Sagrada Família”, é um grupo de resistência clandestina de carácter animista criado nos anos 90.
Entretanto, em declarações à agência de notícias portuguesa Lusa, L-7 refere que:
O Estado não respeita o povo. Matou Mauk Moruk que estava desarmado. Recusou dialogar e agora tem que assumir responsabilidade por isto. Sempre defendemos e procurámos o diálogo.
Cornélio Gama afirma que “a morte do seu irmão se deve a um ajuste de contas”:
Se tratou de uma vingança que dura desde 1985 até agora, um conflito (tet) entre Mauk Moruk e Xanana (Gusmão). Um ódio que não se revolveu até agora. Com esse ódio, o Xanana matou o meu irmão
Moruk é considerado “um traidor”, por um lado:
Mauk Moruk é considerado pelos principais líderes timorenses como um traidor, tendo-se entregado às forças de ocupação indonésias que posteriormente viria a apoiar contra a resistência.
E pelo outro, “um herói”. Ângela Freitas, líder do Partido Trabalhista diz que:
É tempo da liderança poder encontrar meios, pacificamente, para uma mesa redonda e falar totalmente da história de Timor-Leste. Não tivemos só uma ou duas pessoas heróis de Timor-Leste.