Rússia: “Mamãe, estamos no inferno!”

O pequeno texto abaixo [ru], do usuário do LJ smitrich, tem sido um dos mais populares na blogosfera russa esta semana:

“A friend was on a Helsinki-Moscow train and got stuck in the railway traffic jam, caused by [the crash in Novgorod region].

The train was re-routed through [Pskov] region. They traveled for [one day and one night]. In the compartment next door, a girl aged 20 or so, [dressed like a rich person], who must have never been outside of Moscow on anything but a plane, began to panic. She was breathing heavily, looked out of the window, horrified, and kept calling her mama on the phone.

- Oh, what taxi! A taxi to where?! I don’t know where we are, mama! There are some fences here! And cow barns! Mama, we’re in hell! We’re in hell, mama!”

“Um amigo estava em um trem Helsinki-Moscou e ficou preso em um engarrafamento nos trilhos, causado por um acidente na região de Novgorod.

O trem tomou outra rota através da região de Pskov[en]. Eles viajaram por um dia e uma noite. No compartimento ao lado, uma garota de aproximadamente uns 20 anos, vestida como uma garota rica, que provavelmente nunca saiu de Moscou em nada além de um avião, começou a entrar em pânico. Ela respirava pesadamente, olhava pela janela, horrorizada, e sempre chamava a mamãe no telefone.

- Ó, que táxi! Um táxi para onde? Eu nem sei onde estamos, mamãe! Tem umas cercas aqui! E celeiros! Mamãe, estamos no inferno! Estamos no inferno, mamãe!!”

Esta história recebeu 469 comentários até agora; aqui estão alguns deles, traduzidos do russo (NdT: traduzidos do russo para o inglês e do inglês para o português):

val_bregitsky:

“The Pepsi generation has grown up…”

“A geração Pepsi cresceu…”vitus_wagner:

“Ah, what Pepsi? It’s [Denis Fonvizin’s Mitrofanushka], […], “Why study geography when you can get anywhere by carrier?” Only this is a female version.”

“Ah, que Pepsi? É Denis Fonvizin’s Mitrofanushka[en], […], “Para que estudar geografia quando se pode chegar a qualquer lugar com as empresas de transporte?” Só que essa é uma versão feminina””

walker_07:

“It wouldn’t hurt to take many of the adult, male writers from Moscow on a ride along this road.”

“Não machucaria ninguém se levassemos muitos dos adultos, homens escritores de Moscou para passear nessa estrada.”

hamsterin:

“:):):)

When my friends went on a car trip to St. Pete, their kid started begging them to take him “back to Russia” about 50 km from the [MKAD beltway].”

“:):):)

Quando meus amigos fizeram uma viagem de carro parão São Pedro, o filho deles começou a implorar para que o levassem “de volta para a Rússia” cerca de 50 km de distância da MKAD[en] .”

andrey_larin:

“Is it possible to build and maintain cow barns and pigsties in a way that they wouldn’t remind one of hell? ;)”

“É possível manter celeiros e chiqueiros de uma maneira que faria alguém lembrar o inferno? ;)”

mephistoua:

“Ten percent of Russia’s population live in Moscow… and the other 90 percent work for [Moscow].”

“Dez por cento da população da Rússia vive em Moscou … e os outros 90 por cento trabalham para Moscou.”

lastalaika:

“Why don’t you try to move to Moscow and work there? First, get an education – so that they hired you, and then learn to get up at 5 am – to get to the other end of the city on time, and then we’ll talk.”

“Por que não tentam mudar para Moscou e trabalhar lá? Primeiro, tenham instrução- para que eles te contratem, depois aprenda a acordar às 5 da manhã – para chegar à cidade em tempo, então conversamos.”

mf_amber:

“[…] In [Kursk] region, an average farmer’s salary is 4.500 rubles [$180 a month].

7,000 rubles a month [$280] is considered a very decent salary.

10,000 rubles [$400] is a crazy amount of money for a village.

The region’s population is 1.2 million people, 800,000 of them or so live near [the city] Kursk, the region’s territory is close to that of Belgium. […]

This is where Russia is, basically. And Moscow is far away somewhere.”

“[…] Na região de Kursk[en] , o salário médio de um fazendeiro é de 4.500 rublos [$180 ao mês].

7.000 rublos ao mês [$280] é considerado um salário bastante decente.

10.000 rublos [$400] é uma quantia exagerada de dinheiro para uma vila.

A população da região é 1.2 milhão de pessoas, aproximadamente 800.000 delas vivem perto da cidade de Kursk, o território da região é próximo ao da Bélgica. […]

Isso é onde a Rússia é, basicamente. E Moscou é longe, em algum lugar.”

ulis_aka_janek:

“[…] It’s reminded me of how I was on a commuter train from [Smolensk] one winter. As the train was leaving the station […], all you could see were two or three little lamps in the houses at a distance and darkness for the next half an hour…

“Here’s where it’d be scary to live – no one to get an ambulance to arrive,” – my relatives told me.

Let this discovery of the Province be a lesson for this [spoiled girl] – she’ll at least know that many people in Russia live in similar conditions, in cow barns and barracks, and they don’t have the time for fireworks of live butterflies and toilets made of gold… many have never seen hot water leaking out of their taps… many have to carry their cold water from [an outdoor tap]… […]”

“[…] Isso me lembrou de como eu estava em um trem urbano de Smolensk em um inverno[en]. Quando o trem saiu da estação […], tudo o que você podia ver eram duas ou três lâmpadas nas casas à distância e escuridão pelos próximos 30 minutos…

“Aqui sim seria um local assustador para se morar – ninguém para chamar uma ambulância,” – meus parentes me disseram.

Deixemos que essa descoberta da Província seja uma lição para essa garota mimada – ela pelo menos saberá que muitas pessoas na Rússia vivem em condições similares, em celeiros e barracos, e eles não têm tempo para fogos de artifícios de borboletas vivas e banheiros feitos de ouro… muitos nunca viram água quente pingando de suas torneiras… muitos têm que carregar água fria de uma torneira no lado de fora da casa… […]”

snilus:

“I got my daughter to read this blog, explained to her about the girl’s glossy-plastic world and why she was horrified by the landscape many people are used to, and why there’ve been so many comments.

My daughter listened to it all and said: “I wish I could spend some time living like this girl, mama!”

My daughter is 11.

[…]”

“Fiz minha filha ler este blogue, expliquei o mundo brilhante e plástico dessa garota para ela e porque ela estava horrorizada com a paisagem com que muitas pessoas estão acostumadas, e porque houveram tantos comentários.

Minha filha escutou tudo e disse “Eu gostaria de poder passar algum tempo vivendo como essa garota, mamãe!”

Minha filha tem 11 anos..

[…]”

(Texto original de Veronica Khokhlova)

 

O artigo acima é uma tradução de um artigo original publicado no Global Voices Online. Esta tradução foi feita por um dos voluntários da equipe de tradução do Global Voices em Português, com o objetivo de divulgar diferentes vozes, diferentes pontos de vista. Se você quiser ser um voluntário traduzindo textos para o GV em Português, clique aqui. Se quiser participar traduzindo textos para outras línguas, clique aqui.

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