Este post faz parte de nossa cobertura especial Floresta em Foco: Amazônia.
Wangari Maathai, ativista ambiental e política do Quênia e ganhadora do prêmio Nobel de 2004 faleceu [en] em 25 de setembro de 2011. Ela foi a primeira mulher africana a ganhar o prêmio e é reconhecida mundialmente como liderança na luta pela proteção do meio ambiente por meio de ações sustentáveis no continente africano. Ela também fez parte do júri do World Future Council Award na semana passada.
O conselho escolheu Ruanda e Gâmbia como vencedores do prêmio para melhores políticas ambientais em 2011. O prêmio também destacou a emenda de 2008 do Lacey Act (Lei Lacey), dos Estados Unidos, que proíbe qualquer comércio de madeira e produtos de plantas que tenha origem conhecida como ilegal. A Lei Lacey já causou grande impacto em coibir o desmatamento ilegal de palissandro das florestas úmidas de Madagascar.
Outras nações africanas também se mostraram bastante exitosas em proteger o meio ambiente frente às crescentes ameaças das mudanças climáticas.
Ruanda
Ruanda recebeu o prêmio por seu esforço continuado em reverter a tendência de diminuição de cobertura florestal. A filosofia por trás da prioridade no reflorestamento é explicada desta forma [fr], publicada no afrik.com:
Les experts disent que le transfert de propriété des terres et des ressources aux communautés locales est un moyen de sortir de la tragédie des biens communs, [..] Le gouvernement est actuellement en train de mettre en oeuvre une stratégie de développement économique et de réduction de la pauvreté qui considère l’inversion de la déforestation comme un facteur crucial dans la réduction de la pauvreté, et a fixé l’objectif d’augmenter la couverture forestière du pays de 30 pour cent d’ici à 2020. La couverture forestière a déjà augmenté de 37 pour cent depuis 1990.
Gâmbia
A Gâmbia, com a Política de Floresta Comunitária, é a outra nação a receber o primeiro prêmio Prata. Eduardo Rojas Briales, diretor-geral assistente da Organização das Nações Unidas para Agricultura e Alimentação (FAO), explica:
The success of the Gambia's Community Forest Policy proves that even in the world's poorest countries, with the right policies and adequate legislation in place rural populations can benefit economically and significantly improve their food security. In Gambia the innovative policy included forest tenure transition from state ownership to management by local communities, which enabled them to reduce illegal logging and benefit from using the forest products.[..] Gambia has managed to buck a strong deforestation trend in Africa with over 350 villages managing twelve percent of the country’s forests, with a net increase in forest cover of 8.5 percent over the last two decades.
Madagascar
As medidas institucionais com impacto de maior sucesso na proteção das ameaçadas florestas úmidas de Madagascar se deve à emenda da Lei Lacey de 2008 nos Estados Unidos, que proíbe todo comércio de madeira e produtos de plantas que tenham fonte ilegal conhecida.
Desmatamento ilegal dos palissandros de Madagascar atrapalhou esforços de conservação por muitos anos. O tráfico cresceu a taxas alarmantes desde a crise política de 2009, tal como fora explicado nestas entrevistas [en] e neste relatório [en].
Por que a Lei Lacey é eficaz em ter impacto para além das fronteiras? Tewolde Berhan Egziabher, diretor geral da Autoridade de Proteção Ambiental da Etiópia explica:
The strength of the Act lies in its ability to target and place responsibility on every stage of the timber supply chain. It has forced importers to take responsibility for their wood products and has already produced positive results in increasing due diligence assessments and demand for certified wood products.
A lei também tem sido crítica em proteger as espécies ameaçadas de lêmures [en] na floresta úmida malgaxe, principalmente o macio Sifaka:
Trouble in Lemur Land (“Problema na Terra dos Lêmures”) de Erik R Patel no Vimeo.
A Lei Lacey também criou indiretamente um pequeno incidente diplomático entre França e Estados Unidos, quando a primeira-dama Michelle Obama presenteou a modelo/cantora e primeira-dama da França Carla Bruni com um violão Gibson [fr]. O blogueiro malgaxe Avylavitra explica o incidente [mg]:
Fa ny tena anton-dresaka eto dia ny fanomezana nomen’ny vadin’ny filoha Amerikana, Michelle Obama ho an’i Carla Bruni, vadin’ny filoha frantsay Sarkozy, nandritra ny vovonan’ny OTAN tany Strasbourg tamin’ny taona 2009. Gitara Gibson no natolony tamin’izay fotoana izay, vita avy amin’ny hazo Andramena, hazo sarobidy voarara ny famoahana azy avy aty Madagasikara,
Senegal
Proteger florestas também significa lutar contra a desertificação no continente africano por causa das mudanças climáticas. A iniciativa Great Green Wall (GGW) [en] – Grande Muralha Verde – é um projeto transcontinental, sob o guarda-chuva da Comunidade dos Estados do Sahel-Saara (CEN-SAD) e da União Africana que almeja se tornar um cinturão verde de 15 km de espécies duversas, ligando Dakar à Djibouti numa distância de 7.000 km.
O blog Sécheresse/Désertification explica em maiores detalhes as implicações do projeto [fr]:
Entre 2006 et 2007, quatre mille hectares soit environ sept kilomètres d’arbres ont déjà été plantés sur le tracé sénégalais de la Grande Muraille Verte. en 2008, l’Etat plantera des arbres sur une superficie de deux mille hectares dans la région de Louga. Ces végétaux sélectionés et adaptés au territoire, seront boisés en bloc contrairement aux plantations déjà existantes qui sont cultivées de façon discontinue [..] La muraille traversera le Sénégal, la Mauritanie, le Mali, le Burkina Faso, le Niger, le Nigeria, le Soudan, l’Erythrée et finira à Djibouti [..] Le professeur Dia a annoncé que la désertification a fait perdre au Sénégal près de deux millions d’hectares de terres arables.
O legado de Wangari Maathai viverá em todas as medidas levadas adiante por cada nação africana. Sua mensagem para o mundo foi que temos que garantir coletivamente que o desafio da desertificação está sendo encarado de frente e que as comunidades locais devem ser parte integral desse desafio.
Este post faz parte de nossa cobertura especial Floresta em Foco: Amazônia.