Na corrida eleitoral iraniana, ex-presidente Ahmadinejad e o clérigo favorito do aiatolá Ali Khamenei são favoritos

O ex-presidente populista, Mahmoud Ahmadinejad, anuncia a sua intenção de candidatura à presidência nas eleições presidenciais de Maio de 2017. Foto tirada por Mohammad Ali Marizad para a Agência de Notícias Tasnim, que publica fotos com direito a serem redistribuídas.

As eleições iranianas acontecem dentro de cerca de um mês, no dia 19 de Maio de 2017. No entanto, o dia 11 de Abril assinala um dia importante — abriram as inscrições oficiais aos candidatos e mais de cem deles já colocaram o seu nome na lista.

Dois candidatos de peso conseguiram destacar-se e atrair a atenção dos media: Ebrahim Raisi, o previsto sucessor do aiatolá Ali Khamenei como líder supremo, a figura religiosa e política mais importante do Irão; e Mahmoud Ahmadinejad, o controverso ex-presidente do país.

As candidaturas extendem-se por cinco dias, seguidas de um período em que o Conselho dos Guardiões, um rigoroso órgão religioso com poder de veto, avalia as qualificações políticas e Islâmicas dos candidatos registados. Por norma, o Conselho é responsável pela desqualificação da maioria dos registados, dando origem à lista de candidatos finais.

Antes do dia 11 de Abril, as expectativas em relação aos candidatos finais tinham vindo a aumentar. O anúncio de candidatura à presidência por parte de Raisi — o candidato favorito à sucessão do Líder Supremo, aiatolá Khamenei — no dia 6 de Abril, gerou uma onda de reacções nas redes sociais persas.

O conservador Ebrahim Raisi anunciou, oficialmente, a sua candidatura à eleição presidencial.

Reacções de preocupação foram rápidas a espalhar-se, dado que Raisi é um clérigo influente com uma relação próxima com Khamenei. A sua candidatura pode vir a dificultar a reeleição do popular presidente moderado, Hassan Rouhani.

Em nome de Deus, fico ansiosa por causa das eleições. As condições para os moderados pioraram.

Na história da República Islâmica, que já realizou 11 eleições presidenciais, nunca um presidente governou menos de dois mandatos seguidos. No entanto, muitos acreditam que esta eleição será uma das mais importantes na história do regime, pois é um período em que muitos esperam assistir à morte do Líder Supremo, doente e já de idade. A última vez que um Líder Supremo foi eleito, foi após a morte do fundador e primeiro líder supremo da República Islâmica, Ayatollah Khomeini. Durante esse período, a Assembleia de Peritos escolheu Seyyed Ali Khamenei, o presidente da altura, para o substituir, movida pela certeza de que era um favorito do falecido Khomeini.

No início desta semana, o presidente Rouhani realizou uma conferência de imprensa na qual evitou perguntas relacionadas com os seus planos de candidatura a um segundo mandato de presidência.

#Rouhani evitou, pela segunda vez, perguntas relacionadas com a sua candidatura às eleições – disse “vamos aguardar e ver nos próximos 5 dias, quando os candidatos se registarem”

Embora não tenha discutido a sua participação nas próximas eleições, a conferência de impressa pareceu uma campanha eleitoral precoce. Rouhani passou grande parte da conferência a defender o papel que teve na melhoria das condições de vida dos iranianos pobres, e os benefícios trazidos ao país graças aos seus esforços para levantar sanções internacionais.

Com a combinação Raisi-Rouhani já se previa alguma tensão nas eleições. Porém, a 12 de Abril, o ex-presidente Ahmadinejad fez o inesperado e anunciou a sua candidatura às eleições.

Mais notícias *potencialmente* importantes para as eleições iranianas de 2017: #Ahmadinejad e #Bagahei, ambos registados como potenciais candidatos.

Ahmadinejad é conhecido como o presidente cuja reeleição foi manchada por irregularidades, o que gerou o Movimento Verde de 2009, em que milhares de iranianos saíram às ruas para protestar.

Em Setembro de 2016, Ahmadinejad anunciou que não se juntaria à corrida pela presidência, motivado pelo aviso do líder supremo sobre o possível efeito da sua candidatura na polarização e divisão prejudicial à sociedade iraniana. Enquanto estava proibido de se candidatar à reeleição, em 2013, Ahmadinejad participou na campanha eleitoral do seu antigo Chefe de Estado Maior, Esfandiar Rahim Mashei. Contudo, Mashei não conseguiu passar na avaliação do Conselho de Guardiões, e não fez parte da lista final de candidatos à presidência.

O ex-vice presidente de Ahmadinejad, Hamid Baghaei, é também um candidato. Alguns defendem que o facto de ambos se candidatarem é uma forma de aumentar as probabilidades de vencer as eleições, visto que há quem não acredite que Ahmadinejad consiga integrar a lista final do Conselho de Guardiões.

Registration | Day Two | the moment when the one hundred or so photographers and journalists who'd crammed into the basement of the Interior Ministry in #Tehran made a collective ? and ? as Mahmoud #Ahmadinejad was handed his identity papers by his protege and former deputy Hamid Baghaei and prepared to take a seat to register to stand in #Iran's presidential elections. It's a shock move, in defiance of the advice of the Supreme Leader Ayatollah Khamenei and furthermore confounding because Baghaei also registered to stand. The big question now is whether Ahmadinejad actually intends to withdraw and make this a purely symbolic move or whether he wants to wait and see if he will be disqualified from running by the powerful Guardian Council, who are widely expected to reject Baghaei's application for candidacy. #Iran #IranElections #انتخابات

A post shared by Golnar Motevalli (@iamgolnar) on 

Registo | Segundo dia | o momento em que cerca de cem fotógrafos e jornalistas amontoados na cave do Ministério do Interior, em Terão, fizeram um ? e? colectivo quando Mahmoud Ahmadinejad recebeu os seus documentos de identificação, entregues pelo seu protégé e ex-deputado Hamid Bahaei, e se preparou para sentar e se registar como participante nas eleições presidenciais do Irão. É uma decisão chocante, que vai contra a recomendação do líder supremo aiatolá Khamenei e é ainda mais confuso porque Baghaei também se candidatou. A pergunta principal é se Ahmadinejad tenciona retirar a sua candidatura e a fez apenas como um acto simbólico, ou se quer esperar e ver se será desqualificado da corrida à presidência pelo poderoso Conselho dos Guardiões, do qual se espera a rejeição da candidatura de Baghaei. Uma publicação partilhada por Golnar Motevalli (@iamgolnar) no dia 12 de Abril, 2017 às 2:23 PDT

Inicie uma conversa

Colaboradores, favor realizar Entrar »

Por uma boa conversa...

  • Por favor, trate as outras pessoas com respeito. Trate como deseja ser tratado. Comentários que contenham mensagens de ódio, linguagem inadequada ou ataques pessoais não serão aprovados. Seja razoável.