Peru: Paz Restaurada Após Acordos em Puno

Por meio da aplicação de recentes estatutos, pouco a pouco a paz está sendo restaurada na região de Puno, situada ao sul dos Andes peruanos. Isso depois do recente conflito e da agitação social [en] (ambos relacionados à mineração [es]), que resultaram na morte de seis pessoas, mais de 30 feridos e milhões de dólares em prejuízos materiais: somente o aeroporto de Juliaca, por exemplo, sofreu cerca de 2 milhões de dólares em danos [es].

Os Quéchua (povo residente de Azángaro, norte de Puno) deixaram Juliaca na noite de sábado, e os Aimará, que ocupam o sul da região, retiraram os bloqueios das ruas no domingo.

Road between Puno and Cusco blocked by Aymara in days past. Photo by Juanma Merino, Flickr user, nXpected (CC BY-NC-SA 2.0).

Estrada entre Puno e Cusco bloqueada pelos Aimará dias atrás. Foto feita por Juanma Merino, usuária nXpected do Flickr (CC BY-NC-SA 2.0).

Estas comunidades nativas da região mineira do rio Ramis deram uma trégua temporária para o governo do presidente eleito Ollanta Humala, que trouxe à tona questões relativas às concessões de mineração, que estão em processo de revisão [es] na zona sul de Puno. Entretanto, Humala declarou que isso era uma “responsabilidade constitucional do atual governo” [es] para resolver o problema até o dia 28 de julho, quando termina o mandato.

Um dos estatutos impostos declara que é um interesse nacional [es] a recuperação ambiental da bacia hidrográfica do Ramis e Suche [es], uma medida muito esperada pelos camponeses que moram na área; o restante está associado à regulação da atividade de mineração [es] na região de Puno. Porém, o mais louvável deles para a comunidade Aimará é a revogação do Decreto Supremo 083-2007-EM, que coloca um fim ao projeto Santa Ana [es] da Companhia de Mineração Bear Creek.

Nas redes sociais, variadas são as reações e comentários sobre o assunto.

Algumas estão fortemente de acordo com a reivindicação do povo de Puno, como Ricardo Calmet (@ricardocalmet):

Hay mucho que aprender de los pueblos originarios. Mirándolo bien Aymaras nos dan profunda lección: cuidar la tierra

@jotabruce@chaskicholo Há muito a aprender com os habitantes nativos. Se você de fato observá-los, os Aimará estão nos ensinando uma lição valiosa: cuidar da terra.

Jimena Espinoza (@jespiba) apoia o protesto do povo de Puno:

Deberiamos movilizarnos como muestra de apoyo a nuestros hermanos puneños que son ignorados por el gordo infeliz [el presidente Alan García]

Deveríamos nos mobilizar para demonstrar apoio aos nossos irmãos de Puno, que são ignorados pelo gordo infeliz do presidente [Alan García] bit.ly/kBRp94

Outros sustentam que o próprio povo de Puno está se boicotando, como Alian Molina (@aliomp):

Figueroa: “Los aimaras y quechuas no desean que haya desarrollo en su región”

Figueroa: “Os Aimará e os Quéchua não querem desenvolvimento na sua região”

Nesta mesma linha está o tweet de Ricardo Marapi (@ricardomarapi), que coloca a ênfase sobre o conflito no próprio povo de Puno:

En Puno “habría celos vecinales, por la desigualdad entre los poblados en el reparto de los beneficios”

Em Puno, “há ciúmes entre os vizinhos, por causa da desigualdade entre os residentes com relação à distribuição de benefícios” http://is.gd/2R7M4xhttp://is.gd/2R7M4x

Outros duvidam da sinceridade ou da legitimidade das reivindicações, como Shevyga (@Shevyga):

Si la gente Aimara pelea x la mineria “formal”, la gente de Azangaro pelea x la mineria informal, pero…

Se o povo Aimará luta contra a mineração “formal”, o povo de Azangaro luta contra a mineração informal, mas …

Alguns usuários questionam a gestão do governo central sobre as questões ambientais, como Luis Torres Montero ():

Defensoría del Pueblo tiene 87 meses de informes de conflictos sociales (incluido el de Río Ramis) y Alan García ‘naca la pirinaca’ [no hace caso].

A Defensoria Pública tem 87 meses de relatórios sobre o conflito social (incluindo aqueles sobre o rio Ramis), e Alan Garcia não dá a mínima para isso.

Outros acusam o governo de discriminação e negligência, como Internautilius ():

Ahora entiendo porque dicen Peru no tiene instituciones: la Fiscalia de Puno no investiga la muerte de los punenos! Los muertos son pobres!!

Agora eu entendo porque dizem que o Peru não tem instituições: os órgãos competentes em Puno não estão investigando a morte de seu povo. Pobres daqueles que morreram.

Outros usuários do Twitter acusam a imprensa de não cobrir o conflito na região de forma adequada, como Matteo (@Matteo):

RM Palacios [Rosa María Palacios, periodista peruana] vuela en prejuicios y acusa de racistas a los quechuas y aimaras de Puno

RM Palacios [Rosa María Palacios, a Peruvian journalist] revels in prejudice and accuses the Quechua and the Aymara of Puno of being racist goo.gl/TRl50
RM Palacios [Rosa María Palacios, uma jornalista peruano] se mostra preconceituosa e acusa de racistas os Quéchua e Aimará de Puno goo.gl/TRl50

Com relação à mudança de governo, que vai acontecer no dia 28 de julho, analistas, como Paula Vilca, destacam algumas das tarefas deixadas incompletas [es] na região para o governo de Ollanta Humala, cujo foco é alcançar soluções permanentes na região. Entre elas, estão: fazer cumprir a Lei de Consultoria Prévia, eliminar a mineração informal na zona de conflito, (o que significa legitimá-la), implementar um plano de reestruturação territorial e recuperar o ambiente natural da bacia do rio Ramis, que afeta o Lago Titicaca.

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