No olho do furação: Blogueiras de Bangladesh falam

Você provavelmente soube das notícias do ciclone Sidr que devastou as regiões da costa sul de Bangladesh, levou centenas de vidas e deixou milhões desabrigados. Possivelmente você leu as notícias em jornais ou blogues, viu as imagens gráficas na TV ou ouviu a terrível reportagem no rádio. Mas o seu conhecimento sobre a destruição causada pelo ciclone e a resistência do povo de Bangladesh estará incompleta se você não ler descrições dadas em primeira mão por blogueiros locais.

As blogueiras do Nari Jibon [en] contam como reagiram ao desastre natural em seu blogue em inglês, Bangladesh from our view [en] e no blogue em bengalês, Amader Kotha [bn].

Kazi Rafiqul Islam narra a experiência da capital Dhaka:

“Due to strong wind electricity was cut off at about 10:15 pm (Thursday). Then I went to bed but could not sleep as the roaring of the wind was increasing. …. At 2:00 am I got a phone call from my eldest sister who was in her sister’s house at Barisal city. She informed that they were in great danger. The roof of the house (tin shed house) was flown away by the cyclone and somehow they were saved. …..I phoned my youngest sister in village. She informed me that she is safe but many trees were broken and fallen down by the Cyclone…. At about 2:30am I heard a big sound outside. I looked outside and saw that the Eucalyptus tree had fallen down on a tin shed house and people are shouting.

Since there was no electricity I could not turn on the TV or Radio all day long (Friday). We could not contact cyclone affected people as we could not get the mobile charged. …. So we were detached from the world. At night Dhaka city became ghost city. We did not have electricity, no water; we could not take bathe also many people could not cook as they did not have water.”

“Por causa dos ventos fortes, a eletricidade foi cortada por volta das 22h15 (quinta-feira). Então fui pra cama, mas não consegui dormir porque o barulho do vento estava aumentando… Às 2h00 da manhã, eu recebi um telefonema de minha irmã mais velha, que estava na casa de uma irmã dela na cidade de Barisal. Ela me informou que eles estavam passando or um grande perigo. O telhado da casa (um barraco pequeno) foi arrancado pelo ciclone e de alguma forma eles se salvaram. … Eu telefonei para minha irmã mais nova na vila. Ela me contou que estava salva, mas que muitas árvores foram quebradas e derrubadas pelo ciclone… Por volta das 2h30am eu ouvi um barulho grande do lado de fora. Eu olhei para fora e um pé de eucalipto tinha caído sob um barraco e as pessoas estavam gritando.

Uma vez que não havia eletricidade, eu não pude ligar a TV ou rádio o dia inteiro (na sexta). Não pudemos contactar as pessoas afetadas pelo ciclone, já que não pudemos carregar o celular… Portanto estávamos isolados do mundo. Durante a noite, Dhaka se transformava em uma cidade fantasma. Não tínhamos eletricidade, nem água; não podíamos tomar banho e muita gente ficou sem poder cozinhar, já que elas não tinham água.”

Experiências e reações similares foram postadas por outras participantes do Nari Jibon:

Sofia Khatun [bn]: “Milhões de pessoas estão desprotegidas em Bangladesh. Por favor, estenda a sua mão.”

Zannat Ara Amzad Liva [bn]: “Dúvidas surgem em minha mente sobre o porquê dessa fúria da natureza ter sido descarregada em crianças inocentes e em pessoas extremamente pobres?”

Irin Sultana [bn] “As vítimas do ciclone são pessoas afetadas pela necessidade de água potável, alimentos, roupas e medicamentos. Esse ciclone deixou muita gente sem um centavo.”

Laily Jahan Meghla [bn] “a notícia que me deixou muito deprimida o nascimento de uma menina no dia 15 de novembro em Shariatpur e sua morte na tempestade na mesma noite.”

Taslima Akhter “Passamos medo naquela noite. Eu e minha família adoecemos por ter tomado chuva”

A diretora executiva de Nari Jibon, Dr. Kathryn Ward, nos fala sobre a inspiração que vem da resistência dos funcionários e estudantes de Nari Jibon [en]. Os funcionários e estudantes do projeto Nari Jibon chegaram no escritório para o trabalho e aulas no sábado apesar de uma falta total de eletricidade e internet. Ela também postou notícias regularmente [en] sobre a situação e os esforços do resgate.

MG Rabbany Sujan mostra com fotos como os moradores de favelas da capital Dhaka estão se virando com os prejuízos que o ciclone de terceira categoria trouxeram. Sujan postou mais relatos atualizados e fotos que foram até destaque na CNN. Rafiq também foi entrevistada pela CNN apesar da conexão telefônica de baixa qualidade.

Sujan também posta fotos e notícias sobre os trabalhos de resgate das comunidades locais.

Na sexta-feira passada, o projeto Nari Jibon organizou um treinamento sobre vídeo e fotografia digital para blogueiras [en]. Uma das participantes, Shirin Sultana, diz:

I enjoyed this training very much and also very happy to join this program. I think of buying a digital camera so that I can take lots of pictures from Bangladesh and I would like to show how beautiful is our Bangladesh.

Eu curti bastante esse treinamento e estou feliz em entrar nesse programa. Estou pensando em comprar uma câmera digital para que eu possa tirar um monte de fotos de Bangladesh e eu gostaria de mostrar como ela é bonita.

Veja mais impressões de participantes [en].

Aqui tem um vídeo postado pelos funcionários da Nari Jibon em julho do ano passado retratando as enchentes que áreas baixas de Dhaka, capital. Em breve veremos mais fotos e mais vídeos feitos pelas participantes que atenderem à oficina recentemente.

(Texto original de Rezwan)

 

O artigo acima é uma tradução de um artigo original publicado no Global Voices Online. Esta tradução foi feita por um dos voluntários da equipe de tradução do Global Voices em Português, com o objetivo de divulgar diferentes vozes, diferentes pontos de vista. Se você quiser ser um voluntário traduzindo textos para o GV em Português, clique aqui. Se quiser participar traduzindo textos para outras línguas, clique aqui.

Inicie uma conversa

Colaboradores, favor realizar Entrar »

Por uma boa conversa...

  • Por favor, trate as outras pessoas com respeito. Trate como deseja ser tratado. Comentários que contenham mensagens de ódio, linguagem inadequada ou ataques pessoais não serão aprovados. Seja razoável.