Januária: Fazendo da Cidade um Lugar Melhor para Viver

O projeto de mídia cidadã de sete semanas que estava sendo realizado na cidade de Juanária, em Minas Gerais, no Brasil, chegou ao seu término com a graduação e uma celebração no final de semana do dia 15 de Outubro. Organizada pelo grupo Amigos de Januária [en], o projeto treinou 14 jovens, que se inscreveram num curso que os ensinou como usar do jornalismo cidadão para o monitoramento do governo local. Durante as oficinas de dois dias realizadas semanalmente, os participantes recorreram a uma combinação de coleta de dados de campo – ao documentarem observações e entrevistas com os moradores – e uma pesquisa online para encontrar soluções possíveis para tornar sua cidade um lugar melhor para viver.

O grupo mantém o blog coletivo Amigos de Januária e salva fotos e vídeos digitais nas contas de Flickr e YouTube.

Além disso, os organizadores do projeto fizeram um ótimo trabalho em registrar seu progresso no blog do projeto no Rising Voices, onde incluem informações sobre palestrantes convidados, atividades semanais e detalhes da implementação do projeto. Também elaboraram materiais curriculares (em .pdf) disponíveis para baixar.

Aqui está uma amostra de alguns posts do blog, escritos pelos participantes:

Priscila Souza de Carvalho com frequência percebe que andar por sua cidade pode ser bem perigoso, porque os desníveis das calçadas dificultam os caminhos. Ela nota, por exemplo, a falta de calçada pelo Centro de Saúde Viva Vida, que traz dificuldades para mulheres grávidas que querem marcar suas consultas. Para esta história, Priscila conversou com moradores da cidade sobre suas opiniões sobre as calçadas e o dever da cidade em garantir um trânsito seguro:

Mas não é o que vemos, a principal rua de maior movimentação da cidade a Avenida Cônego Ramiro Leite os pedestres tem pelo menos duas reclamações principais que os fazem atravessar a avenida pela calçamento de carros, motos e bicicleta. Primeiro a irregularidade das calçadas com grandes degraus ou por vezes tomada por postes de iluminação ou semáforo que torna inviável a passagem de pedestres principalmente idosos, gestantes ou portadores de necessidades. E segundo é a utilização inadequada dos calçamentos para exposição de produtos ou até um estacionamento extinguindo a calçada.

Foto feita pelos Amigos de Januária

Após registrar essa observações, ela se referiu à Agência Brasileira de Normas Técnicas (ABNT) para aprender mais sobre o que é exigido de espaços públicos.

Uma ação do governo municipal de realocar vendedores de rua de alimentos para um local na antiga rodovia de Januária, foi, no começo, bem recebida. No entanto, a jornalista cidadã Hellen Sofia percebeu que faltava maior perspectiva das autoridades na nova iniciativa por conta da quantidade de lixo que era produzida e que não tinha um destino. O post dela se chama “Praça de Alimentação ou Praça do Lixão?“. Ela passou algum tempo com aqueles que seriam afetados:

“Aqui se produz uma enorme quantidade de lixo e pagamos os carroceiros para jogarem em algum lote vago ou dá aos porcos, as vezes fica até nojento de parar aqui para comprar algo”. Palavras de um dos vendedores do local. A ideia foi bacana, mas tinha que ser bem elaborada desde a produção dos alimentos até a dispersão deles, tanto por parte das autoridades responsáveis e pelos vendedores. Pensaram em tudo, mas esqueceram o principal, pra onde que vai todo esse lixo?

Além entrevistar moradores sobre estes problemas, os participantes do projeto também foram às ruas para documentar suas observações. Luana Ramos fez parte da atividade de campo para fotografar questões da comunidade que despertavam sua curiosidade. Ela estava surpresa com o número de cães abandonados e vadios nas ruas de Januária. Após uma pesquisa, ela descobriu como as autoridades locais lidam com a questão:

De acordo com pesquisas feitas durante a semana, a Fundação Nacional de Saúde (Funasa), atualmente só realiza o trabalho de recolhimento dos animais doentes, para serem sacrificados, os demais são vacinados e soltos novamente nas ruas, já que em Januária não existe um canil para abrigar esses animais. A Funasa de Januária possui um veículo com carrocinha responsável pela captura dos animais pela cidade. Segundo informações levantadas em média 200 cães doentes são sacrificados por mês, sendo que as doenças mais comuns são o calazar e a sinomoze.

Foto por Luana Ramos


Nas próximas semanas, o Rising Voices terá mais traduções desses posts, assim como fotografias e vídeos produzidos pelos jovens do projeto de mídia cidadã Amigos de Januária.

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