Iraque: À memória de Ali Shafeya Al-Moussawi

Ali Shafeya Al-Moussawi

Nascido 16 de dezembro de 1984. Morto em 14 de dezembro de 2007.

Com muita tristeza, eu relato a morte de um blogueiro iraquiano. Ali Shafeya Al-Moussawi era um colaborador do vídeo blogue, Alive in Baghdad. Ele foi morto em casa, durante uma blitz da Guarda Nacional Iraquiana na rua em que ele morava. Ali recebeu 31 tiros entre o peito e a cabeça e morreu imediatamente. Hussain, seu vizinho, foi encontrado morto. Um irmão e sobrinho de Hussain também desapareceram.

Ali será lembrado pela sua mãe e irmã. Alive in Baghdad está arrecadando doações para ajudar a família com os custos do funeral.

A blogosfera de hoje é imensa e diversificada, ainda assim, mesmo com todo o tamanho, somos uma comunidade de pessoas muito próximas. Há apenas alguns degraus separando-nos uns dos outros e cada blogueiro – desde lendários ao twitterador ocasional.

E quando a membro de nossa comunidade é morto, todos nós sangramos juntos. então aqui está o meu pequeno tributo a Ali. Sua luta acabou e agora ele pode descansar em paz enquanto nós todos lutaremos com um vigor renovado por sua memória.

Nenhum dos blogues que eu cito abaixo são da blogosfera iraquiana mas todos estão juntos na tristeza da perda de um membro da comunidade e formam minha ronda do Iraque dessa semana.

Robert Scoble:

this week ends on another tragic note. I know all three of these bloggers. PodTech awarded Alive in Baghdad its highest award at last year’s Vloggies event. One of their correspondents was killed. I’m looking forward to a better week next week. Sigh.

essa semana termina com outra nota trágica. Eu conheço todos os três blogueiros. PodTech deu ao Alive in Baghdad o seu maior prêmio no evento do Vloggies no ano passado. Um de seus correspondentes foi morto. Aguardo dias melhores na semana que vem. Suspiro.

Comitê de proteção aos blogueiros:

Ali’s brothers were killed several years ago in the Firdos Square bombing and his father was kidnapped and killed after that. His mother and sister are all that remain of the family…If you’re unfamiliar with AiB, it is an on-the-ground news gathering service, built up with native Iraqi journalists. They cover things foreign journalists can’t or won’t. They are, in spirit, bloggers. Ali was one of ours. Let’s take care of his family.

Os irmãos de Ali foram mortos há muitos anos no bombardeio da Praça de Firdos, e o seu pai foi sequestrado e assassinado em seguida. Sua mãe e irmã são os únicos que sobram na família. Se você não conhece muito bem AiB, trata-se de, em termos práticos, de um serviço de apuração de notícias, montado por jornalistas iraquianos. Eles cobrem assuntos que jornalistas estrangeiros não poderiam ou não cobririam. Eles são blogueiros de alma. Ali era um de nós. Vamos cuidar dessa família.

Hugh McGuire:

I can’t even imagine. I keep thinking about the safe little projects I work on, imagining what it would be like to have a web project where people started dying. It’s so easy to start good web projects. But it takes so much courage to continue in the face of reality this bloody.… of all the projects [Alive in Baghdad] is – to me – by far the most important. AiB is exactly why the web changes things – even if it has been mostly ignored.

Não posso nem imaginar. Fico pensando sobre a segurança de pequenos projetos nos quais eu trabalho, imaginando como seria ter um projeto na internet e as pessoas começassem a morrer. É tão fácil começar bons projetos na internet. Mas é preciso tanta coragem para continuar frente a essa realidade sangrenta… de todos os projetos, [Alive in Baghdad] é -para mim – de longe o mais importante. AiB é exatamente o motivo pelo qual a internet causa mudanças – mesmo que tenha sido ignorado na maioria.

Josh Wolf:

Alive in Baghdad is one of the only destinations providing weekly video of life in Baghdad from an Iraqi perspective. The reporting examines current issues facing the country, and also features evergreen material documenting what life in a war-torn country looks like.

Alive in Baghdad é um dos poucos fornecendo vídeos semanais sobre a vida em Bagdá, a partir de uma perspectiva iraquiana. As reportagens examinam as questões atuais que o país enfrenta, e também apresenta sempre materiais documentando como é a vida num país dilacerado pela guerra.

Mike do Blip.tv (que hospeda os vídeos do AiB):

The news made me cry. I know how deeply Brian cares for his team, and how consistently worried he has been for their safety and security. I also know how important it is to Brian that the world see what life is like for Iraqis by way of coverage that flies in the face of network television’s “live from” model. Ali helped make it possible for us to see Iraq as what it was, not as what the Green Zone was.Ali was someone who did God’s work — showing people around the world what life was actually like in Iraq for Iraqis. He showed us the reality of the Iraqi condition in his life, and he shows us the reality of the Iraqi condition in his death. Our entire office is in mourning, as is the entire Web video community. … Please join us in remembering Ali, someone most of us barely knew but whose work touched thousands. Please join us in remembering all of the Iraqis who have perished over the course of the past few years. And please do not allow politics to enter into it.

A notícia me fez chorar. Sei como Brian cuida intensamente
de sua equipe, e como ele tem se preocupado constantemente com a segurança deles. Também sei como é importante para Brian que o mundo veja como a vida é para iraquianos, por meio de uma cobertura que voa
diante de redes de televisão que seguem o modelo “ao vivo”. Ali ajudou a tornar possível que nós vejamos o Iraque como o que foi, não apenas o que é a zona verde. Ali foi alguém que fazia o trabalho de Deus – mostrando para as pessoas em todo o mundo o que a vida, de fato, é para os iraquianos no Iraque. Ele nos mostrou a realidade da situação iraquiana na sua vida, nos mostra a realidade da situação iraquiana na sua morte. Todo o nosso escritório está em luto, como é toda a comunidade de vídeo na internet. … Junte-se a nós para lembrar Ali, alguém que a maioria de nós alguém mal sabia quem era, mas cujo trabalho tocou milhares. Junte-se a nós na lembrança de todos os iraquianos que faleceram no decorrer dos últimos anos. E por favor, não permita que a política se meta nisso.

Rocketboom:

this is a heartbreaking loss for Ali's family. Ali is survived by his mother and sister. As you know, we here at Rocketboom are huge devotees of Alive in Baghdad and are proud to run their work on our show. We wish Brian, Omar, and the rest of the AIB staff the strength to live through this.

essa é uma perda dolorosa para a família de Ali. Ali será lembrado por sua mãe e irmã. Como sabem, aqui em Rocketboom somos grandes devotos do Alive in Baghdad e orgulhosos de executar os seus trabalhos em nosso programa. Desejamos a Brian, a Omar e ao resto do pessoal do AIB a força para seguir vivendo.

Laurel Papworth:

As I go back to working (on a Sunday) writing up stuff on online communities regarding University students and finishing an article on the different revenue streams for social networks, I remember what David N Wallace said to me, quoting Adam Fields…: “There’s really only one rule for community as far as I’m concerned, and it’s this – in order to call some gathering of people a ‘community’, it is a requirement that if you’re a member of the community, and one day you stop showing up, people will come looking for you to see where you went.”

… and I stop to consider the world outside, both known and unknown, with it's beauty and it's evils. My worlds collide: cloistered writing/blogging, my adventures in exotic lands and a war that impacted one lone blogger in a way that the evening News will never capture.

Yes, Ali Shafeya, you will be missed.

Enquanto volto do trabalho (num domingo) escrevendo um material sobre comunidades online e estudantes universitários e terminando um artigo sobre as diferentes formas de receitas para redes sociais, lembro-me do que David N. Wallace me disse, citando Adam Fields…: “Há apenas uma regra para comunidades, que eu saiba, que é – para chamar algumas pessoas juntas de ‘comunidade’, há um requisito: é preciso que se você for um membro dessa comunidade, e um dia você parar de aparecer, as pessoas venham a procurar você para saber por onde andou”… E eu paro de considerar o mundo lá fora, tanto conhecido quanto desconhecido, como ele é belo e é diabólico. Meus mundos colidem: escritos isolados/blogues, minhas aventuras em terras exóticas e uma guerra que afetou um blogueiro solitário, de uma forma que as notícias da noite nunca vão capturar. Sim, Ali Shafeya, sua falta será sentida.

Josh Cohen do Tilzy.tv:

t's fourth months away from the March 19, 2008 Five Year Anniversary of the launch of the US invasion of Iraq, and over that time we’ve had to endure an unfortunate number of sobering experiences. The death of 22 year-old Alive in Baghdad correspondent Ali Shafeya is one that has hit particularly close to home.

São quatro meses desde 19 de março de 2008, o quinto aniversário do início da invasão dos EUA ao Iraque, e dentro desse período tivemos que suportar um infeliz número de experiências decepcionantes. A morte do correspondente do Alive em Bagdá, Ali Shafeya, de 22 anos de idade, é uma [dessas experiências] que particularmente chega perto de casa.

Brickgrrl:

Ali Shafeya, a correspondent for Alive in Baghdad was shot and killed at his home by Iraqi National Guardsmen.He took thirty-one bullets between the chest and head. Thirty-one.

I'll say that again.
Thirty-one.

Ali Shafeya, correspondente do Alive in Baghdad foi baleado e morto em sua casa por um oficial da Guarda Nacional Iraquiana. Ele recebeu 31 tiros entre o peito e a cabeça. Trinta e um. Vou dizer isso novamente. Trinta e um.

bicyclemark:

Ali Shafeya Al-Moussawi. You’ve never heard me mention that name before. I’ve never written the name before. Yet Ali was a colleague of mine. He was someone who participated as a correspondent for one of the greatest independent news reporting projects today: Alive in Baghdad…Ali’s murder is a tragedy to add on to this neverending list of tragedies. Perpetrated while the whole world COULD be watching, but lets be honest, most of the world isn’t watching, they’re probably Christmas shopping.

This post is to offer my heartfelt condolesces to a colleague that probably did not know I existed or how much his work meant to me. This post is also to renew my pledge as an independent internet based journalist and podcaster; I will not forget the importance of his work… and if I may be so bold as to compare… of our work… I will remember Ali.

Ali Shafeya Al-Moussawi. Você nunca ouviu eu falar esse nome antes. Eu nunca escrevi o nome antes. Ainda assim, Ali era um colega meu. Ele foi alguém que participou como um correspondente de um dos maiores projetos independentes notícias da atualidade: Alive in Baghdad… O assassinato de Ali é uma tragédia a ser acrescentada a esta lista sem fim de tragédias. Perpetrada enquanto o mundo inteiro PODERIA estar atento, mas para dizer a verdade, a maioria do mundo não está prestando atenção, está provavelmente nas compras de Natal”. Esta postagem serve para oferecer minhas sinceras condolências para um colega que provavelmente não sabia que eu existia ou o quanto o seu trabalho significava para mim. Este lugar é também para renovar o compromisso assumido como jornalista independente baseado na internet e podcaster; não vou esquecer a importância de seu trabalho… e se não posso ser tão audacioso a ponto de comparar… do nosso trabalho… vou lembrar, Ali.

David Semeniuk:

Although blogs no doubt bring out a more endearing perspective on local events where mainstream media falters, and allow both professional journalists and ordinary folks to have their message publicized by their comrades in bloggery, lest we forget there are individuals and governments that don’t want this to happen. Although people living in a war zone have access to a vast amount of information concerning their everyday lives, they lack a shiny press badge, a camouflaged “PRESS” army vest, and a chopper warming up and waiting to take them back to their hotel.

Embora blogues sem dúvida trazem um perspectiva mais terna sobre eventos locais onde os principais veículos de imprensa hesitam, e permitem que ambos jornalistas profissionais e pessoas comuns tenham suas mensagens divulgadas pelos seus camaradas de blogues, não esqueçamos que existem indivíduos e governos que não querem que isto aconteça. Embora as pessoas que vivem na zona de guerra tenham acesso a uma grande quantidade de informações relativas à sua vida quotidiana, elas não dispõem de uma credencial de imprensa brilhante, uma jaqueta de exército camuflada com “IMPRENSA” escrito e um carro aquecendo a espera deles para levá-los de volta ao hotel.

C. C. Chapman:

These guys are DOING what new media is suppose to be about. Sharing stories and giving insight into the things that mainstream media is overlooking. Giving a voice to the stories that need to be shared.
To have one of their reporters killed is just….well I don’t know. I’m beyond words right now.

Esses caras etsão FAZENDO o que as novas mídias são supostamente. Compartilhando histórias e dando pontos de vista sobre as coisas que os principais veículos estão igonorando. Dando uma voz para as histórias que precisam ser partilhadas. Ter um dos seus repórteres morto é apenas…. nem sei. Estou sem palavras agora.

E por último, mas não menos importante, leia através Twitter de Brian Conley's (do Alive in Baghdad) para entender a verdadeira devastação de se dar conta que um de seus colegas morreu.

Brian escreve:

what is it they say about grief? denial, sadness, anger? here comes the anger… aaaagggghhhh!!!!!Happy Birthday Ali Shafeya Al-Mousawi, I'm sorry you didn't live to see your 23rd birthday. you will be missed.

o que é que eles dizem sobre sofrimento? Negação, tristeza, raiva? Aqui vem a ira… aaaagggghhhh !!!!! Feliz aniversário Ali Shafeya Al-Mousawi, sinto muito que você não viveu para ver o seu 23º aniversário. Sentiremos sua falta.

(Texto original de Salam Adil)

O artigo acima é uma tradução de um artigo original publicado no Global Voices Online. Esta tradução foi feita por um dos voluntários da equipe de tradução do Global Voices em Português, com o objetivo de divulgar diferentes vozes, diferentes pontos de vista. Se você quiser ser um voluntário traduzindo textos para o GV em Português, clique aqui. Se quiser participar traduzindo textos para outras línguas, clique aqui.

1 comentário

Junte-se à conversa

Colaboradores, favor realizar Entrar »

Por uma boa conversa...

  • Por favor, trate as outras pessoas com respeito. Trate como deseja ser tratado. Comentários que contenham mensagens de ódio, linguagem inadequada ou ataques pessoais não serão aprovados. Seja razoável.