Índia: Poetas e Terror em Mumbai

Este post faz parte de uma cobertura especial do Global Voices [En] sobre os terríveis ataques em Mumbai, Índia, de 26 de novembro de 2008.

Nada expressa melhor o coração do que um poema. Às vezes a composição complexa de um poema simplifica as questões complexas da vida, às vezes, ajuda você a compreender o seu entorno. Os poetas da Índia estão entristecidos pelos terríveis ataques que ocorreram recentemente em Mumbai. Você descobrirá que eles fazem perguntas em seus poemas e às vezes eles até as respondem para nós. Aqui estão alguns poucos fragmentos de suas manifestações.

flying pidgeons over bycicle and people on square in Mumbai

Glory: Imagem feita por usuário da Flickr, 50mm, usada sob uma Creative Commons License [En]

Uma menina de 12 anos, de Bangalore, atiça sua imaginação. Logo após a divulgação das notícias trágicas sobre a morte dos reféns de Nariman House, Lavanya trancou-se em seu quarto por cerca de 15 minutos e mais tarde entregou a seu pai Anand Krishna um poema intitulado ‘The city that never slept, slept’ [En] [A cidade que nunca dormia, dormiu, em Inglês].

[…]More lives are lost,
More battles fought.
The war was raging on,
The guns just fire everywhere,
Victory goes to no one.
The terrorists may be killed,
But the void of the lost loved one is never filled.
The roads are empty, there is no sound.
Mumbai, the city that never slept,
Slept long, deep and sound.[.]

[…]Mais vidas perdidas,
Mais batalhas findas.
A guerra continuava raivosa,
Os rifles abrindo fogo para todos os lados,
A vitória a ninguém pertence.
Os terroristas podem vir a ser mortos,
Mas o vazio deixado pelo amado que se foi nunca será preenchido.
As estradas estão vazias, não há qualquer som.
Mumbai, a cidade que nunca dormia,
Dormiu longa, profunda e solidamente.

Vivek Sharma em Desicritics fez uso de metáforas retiradas de épicos Indianos para descrever o terror de Mumbai em seu poema, “Mumbai burns” [En] [Mumbai arde em fogo, em Inglês]:

[.]Did you see the sobbing reporter describe how the Taj of Mumbai burns?
How many will Asuras (devils) cause to die before O Vishnu as avataar returns?

The fanatic bullet hunts gazelles everywhere that nostalgia mourns.
Where is the machine crafted that chokes our unfinished yearns? […]

[.]Você viu o repórter em prantos descrever como arde em fogo o Taj de Mumbai?
A quantos os Asuras (demônios) levarão à morte antes que Vishnu, como avatar, retorne?

A munição fanática caça as gazelas por toda parte onde a nostalgia guarda o luto.
Onde se fabrica a máquina que afoga nossas saudades inacabadas? […]

Teal intitula seu poema ‘Battle without a cause’ [En] [Batalha sem uma causa, em Inglês] em ~ Spero ergo sum ~. Tudo que ela deseja, no final das contas, é a paz. Mas suas indagações, sem fim, são nebulosas:

[…]Has the power at center gone completely callous

focused on nothing, but creating chaos, raucous?

How many more to die, how many more to lose

Until they get the backbone to act, and set loose

The act of retribution, against these evil minions

Who, despite education and well bringing, act heinous

How dare you take away something that god has given?

How can you walk on, like nothing ever happened?[…]

[…]Tornou-se, o poder no centro, tão completamente insensível
focado em nada, mas criando caos, áspero?
Quantos mais a morrer, quantos mais a perder
Até que consigam que a espinha dorsal entre em ação e ponha em liberdade
O ato de retribuição, contra esses serviçais diabólicos
Que, apesar da educação e da boa criação, agem de forma atroz
Como você se atreve a levar embora algo que foi dado por deus?
Como pode continuar a caminhada como se nada houvesse acontecido? […]

Sandhya Ramachandran não consegue mais sorrir em paz. Não consegue encontrar um lugar onde possa ir e se esconder do terror em seu poema, “Why can’t I smile in peace?” [En] [Por que não posso sorrir em paz?, em Inglês]

[…]I seem to have no streets
to run and play and fall!
There is no place to cycle
no place to hide and crawl

I am a little kid of seven
with her book and toys and doll
Why can't I smile in peace
It is my world too, after all![.]

[…] Parece não haver ruas para mim
onde possa correr e brincar e cair!
Não há lugar onde andar de bicicleta
nenhum lugar onde possa me esconder e engatinhar

Sou uma criança pequena de sete anos
com seu livro e brinquedos e boneca
Por que não posso sorrir em paz
É meu mundo também, afinal de contas! [.]

Ashq, um engenheiro de 28 anos de idade de Rajasthan deseja saber quando tudo isto irá terminar. Ele intitula seu poema em Hindi, “Aakhir kab tak?” [H & En](Untill when?) [Até quando?, em Inglês].

ये सपने नहीं जानते ,
किसी हिन्दू को न मुस्लमान को ,
न ये जानतें है हिंदुस्तान को , न पाकिस्तान को ,
फिर क्यों उन्हें ही चुकाना पड़ता है हर बार इस क़र्ज़ को ,
क्यों भूल जाते है वो ‘कायर’ मानवता के अपने फ़र्ज़ को ,
क्यों आतंक को हमेशा जेहाद कहा जाता है ,
क्यों धरम को इस तरह नंगा नचाया जाता है I

They don’t care about dreams
If you are Hindu or Muslim
Nor do they care
If India or Pakistan
Why then do they always pay the debt?
Why do those cowards (terrorists) forget their duty towards humanity?
And name terror as jihad
(Where) Karma is made to dance naked

Eles não ligam para sonhos
Se você é Hindu ou Muçulmano
Nem se importam
Se é Índia ou Paquistão
Por que então são sempre eles que pagam as contas?
Por que aqueles covardes (terroristas) se esquecem de seus deveres para com a humanidade?
E nomeiam o terror como guerra santa (jihad)
(Onde) Karma é posta a dançar nua

Shreya Tiwari de Mumbai convida todos os Indianos a se unir e dar as mãos contra o terror em seu Untitled Hindi poem [H & En] [poema em Hindi, Sem Título, em Inglês].

आगे आओ मिलकर हाथ मिलायेंगे ,
भारत को फिर से आजाद कराएँगे ।
समझो बस इस धरती को अपनी माता ,
समझो सबको अपना ही भाई – भ्राता ।
नही ज़रूरत मुझको तख्तो ताजों की ,
नही ज़रूरत स्वागत की और बाजों की ।
मुझे ज़रूरत सबकी देश सुरक्षा में ,
मै मांगू बलिदान देश की रक्षा में ।
बोलो क्या मै ऐसे ही चिल्लाऊंगा ,
दो ज़बाब क्या ऐसे ही मै गाऊंगा ।
इंतज़ार है मुझको देश के पुत्तर का ,
इंतज़ार है मुझको सबके उत्तर का ।

Come ahead and we’ll join our hands.
Try to free our country from terror
This land is our mother
And every Indian is our brother
I don’t need any crowns neither do I want to rule
I don’t need you to welcome me
We need to unite to protect this country
I need your blood for this nation
Tell me would I remain screaming?
Tell me would I remain sing like this?
I am waiting for this country’s child
And I am waiting for your replies.

Dê um passo à frente e daremos nossas mãos.
Tentar libertar nosso país do terror
Esta terra é nossa mãe
E todo Indiano é nosso irmão
Não preciso de quaisquer coroas e nem quero eu governar
Não preciso que você me dê as boas vindas
Precisamos nos unir para proteger este país
Preciso de seu sangue para esta nação
Diga-me, ficaria aqui gritando?
Diga-me, ficaria aqui cantando assim?
Estou esperando pela criança deste país
E estou esperando por suas respostas.

Se você deseja partilhar um poema favor adicioná-lo na seção dos comentários.

1 comentário

Junte-se à conversa

Colaboradores, favor realizar Entrar »

Por uma boa conversa...

  • Por favor, trate as outras pessoas com respeito. Trate como deseja ser tratado. Comentários que contenham mensagens de ódio, linguagem inadequada ou ataques pessoais não serão aprovados. Seja razoável.