Erdogan pode ter pressionado pelo encerramento de escola turca em Luanda

Colégio Esperança Internacional, conhecido como o “Colégio Turco”, teve suas atividades encerradas pelas autoridade Angolanas no dia 10 de Fevereiro. Imagem: Screenshot/Facebook

O Ministério da Educação de Angola encerrou na última sexta-feira as actividades do Colégio Esperança Internacional, conhecido como “colégio turco”, uma escola privada de Luanda.

De acordo com o jornal angolano O País, todos os estrangeiros que prestavam serviço ao Colégio Esperança Internacional perderam seus vistos de trabalho e serão convidados a sair do país.

A decisão, amparada por um despacho presidencial datado de 3 de Outubro de 2016 que só foi executado agora pelo Ministério da Educação, levanta suspeita entre angolanos de que esta tenha sido motivada por pressões do presidente turco Recep Tayip Erdogan, que desde a tentativa fracassada de golpe de estado em Julho tem conduzido detenções em massa na Turquia.

Em Outubro de 2016, uma notícia avançada pelo jornal Folha 8 apontou, sem citar fontes, que o Presidente turco estaria negociando com o governo angolano a extradição de cidadãos turcos em troca de fornecimento de produtos alimentícios, como arroz.

Tchissola Figueiredo, aluna do colégio, publicou um vídeo no seu Facebook em que relata o ocorrido. Segundo ela, representantes do Ministério da Educação interromperam as aulas na manhã de sexta-feira, causando um grande alarido entre alunos, professores e funcionários. Pouco depois, por volta das 11:00, polícias formaram uma fila com todos os professores enquanto verificavam a documentação de cada um.

Tchissola também dá conta de negar boatos recebidos no WhatsApp, como o de que a escola ensinaria preceitos radicais do Islã, ou que a escola fosse envolvida com o movimento de Fethullah Gülen, clérico turco exilado no Estados Unidos acusado por Erdogan de estar por trás da tentativa de golpe.

Esse movimento não tem nada de errado. É um movimento humanista. É um movimento que tem como objetivo mostrar que nem todos os muçulmanos são radicais e são extremistas. E mesmo assim, nós não fazemos parte desse movimento. Nós não fazemos parte do movimento do Fethullah Gülen. Mas mesmo que fizéssemos não haveria problema nenhum. Porque se o Fethullah Gülen estivesse mesmo na base do golpe de estado que aconteceu na Turquia, o povo americano não o teria acolhido como está a acolher até agora.

A ação do governo foi registrada em vídeo pelo jornalista Pedrowski Teca, do jornal Folha 8, que o publicou em sua página pessoal do Facebook:

À Deustche Welle, pais de alunos do colégio fechado afirmaram pretender manifestar-se junto às autoridades angolanas para que revertam a decisão.

Pressões de Ancara

Dois professores turcos do colégio, Ibrahim Gardol e Elgiam Tusdievestão a ser julgados sob acusação de branqueamento de capitais, financiamento ao terrorismo internacional e associação a movimento de cariz ideológico com ligações à tentativa de golpe de estado, de acordo com reportagem do O País.

No entanto, o Ministro do Interior de Angola negou que a decisão tenha sido motivada por pressões externas, mas sem dar detalhes do que teria motivado o governo. Ele adiantou em conferência de imprensa no dia 15 de fevereiro:

A questão que fez com que o Governo tomasse a decisão do encerramento do colégio é uma questão de bastante gravidade, não tem nada a ver com quaisquer pressões que o Governo angolano vem sofrendo de qualquer país, mas por questões de natureza factual em que nós não vamos pormenorizar, porquanto existem outras estruturas que estão também a dar tratamento a esta questão.

O Presidente turco esteve recentemente numa digressão em África tendo passado por Moçambique onde igualmente fez pedido semelhante para que se encerrasse várias escolas e se cancelassem projectos com ligação a cidadãos turcos. Na esteira do que sucedeu em Angola, o usuário do Facebook “El Thazi”, cidadão moçambicano, comentou que isto é impossível suceder no seu país:

Este foi o pedido de Erdogan, presidente Turco. Desde do atentado falhado, diz que temos na SADC celulas/empresários turcos que financiam o terrorismo na Turquia.
Solicitou a entrega destes em troca de apoio financeiro: chantagem
Nós Moçambicanos não vamos entrar nessa. A nossa constituição não nos permite.

Luaty Beirão, um dos activistas implicados no processo 15+2 sob acusação do governo angolano também comentou o assunto:

Rafael Ricardo, jornalista moçambicano, diz que o Governo Turco está a comprar o regime de Angola com um ‘prato de comida, fazendo referência a moeda de troca que Erdogan supostamente prometeu pela actual acção do Ministério de Educação de Angola:

É muito perigoso ser uma nação faminta porque quem tem comida pode fazer o que quiser em onde há fome: Comprar um país com um prato de arroz.

Eis os tentáculos do imperador otomano pelas bandas dos kambas. Ele quer encerrar todo negócio turco dr qualquer cidadão turco que esteja fora do seu “habitat” político. É o mesmo desejo que ele tem por cá.

Nesta mesma publicação, Abel Zico diz que esta atitude é reflexo de uma nação fraca:

Isso só demonstra a fraqueza de uma nação… Tanta corrupção e robalheira que ate ficam sem os pés no seu próprio chão…Vergonhoso para os irmãos angolanos.

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