Egito: Quando a Mídia Cidadã Fez o que a Mídia Tradicional Não Faria

Este post é parte de nossa cobertura especial da Revolução no Egito em 2011.

Esta primeira parte de um documentário [en] sobre a Revolução Egípcia conta-a da perspectiva de um blogueiro e produtor de vídeos virais, Aalam Wassef, focando em como os vídeos online e outras mídias acompanharam o processo de revolução civil.

O documentário foi produzido por NarcoNews [en], um site que relata a guerra contra as drogas e a democracia na América Latina, e que também sediou a Escola de Jornalismo Autêntico [en] em maio deste ano, quando o vídeo fora lançado.

Apesar de seu foco ser a América Latina, o Egito tem tido atenção especial na agenda deste ano: uma seção específica para a revolução egípcia, contada por personagens centrais [en], está sendo mantida pelo site, bem como pela mídia que estava no ponto zero na Praça Tahrir contando a história [en], para o resto do mundo.

O vídeo é descrito como o manual para se construir uma resistência civil vencedora e segue a história dos protestos no Egito partindo de alguns anos atrás. Aalam Wassef conta a história de como ele começou a postar vídeos, sob um pseudônimo em 2007, criticando o governo, e de como esses vídeos se tornaram virais.

Mas não fora somente sorte: Wassef, blogando sob diferentes nomes, também publicara artigos, comprara espaços publicitários na ferramenta de busca do Google e, resumidamente, certificara-se de que quem quer que fosse recebesse sua mensagem. Então, partindo para o mundo “real”, chegou à imprensa.

Apesar dele explicar que seus esforços se ativeram a conscientizar os egípcios quanto aos problemas do país, foi somente após a BBC pegar uma de suas histórias que ele percebeu que, após 28 anos da ascensão de Hosni Mubarak ao poder, as pessoas estavam finalmente compreendendo a mensagem dentro e fora das fronteiras, atingindo mais de 10% da população egípcia com acesso à internet. O vídeo também está disponível em espanhol [es].

Depois de outras campanhas virais bem-sucedidas, eles se perceberam caminhando à revolução juntamente com outros milhares de compatriotas egípcios com um objetivo em comum: acabar com o regime. Este outro vídeo [ar], publicado 20 dias antes da revolução começar, pode ter sido a gota d'água. No final, há uma breve mensagem pedindo a todos para chamarem seus amigos, irem para as ruas e gritarem “Fora Mubarak”, e, em 25 de janeiro de 2011, eles o fizeram.

[ar]

O trabalho de egípcios que querem reconstruir seu país está longe de acabar: eles continuam seus esforços por seus blogs, pela mídia e nas ruas. Aalam Wassef faz o mesmo com seus vários sites: duas [ar] contas [en] no YouTube, um blog [en] e seu portfolio artístico online [ar]. Como conclui Wassef no documentário:

Democracy is not something you get, it is something you aim at because you never get 100% democracy… each one has to wake up in the morning thinking that this revolution depends on him or her. This is how it works, this is what makes a revolution succeed. If each one of us has the impression that if he or she doesn't do something about it, that it's gone. And I do wake up with this feeling every morning.

A democracia não é algo que se pega, é algo que você almeja, porque nunca se tem 100% de democracia… todos têm que acordar de manhã pensando que esta revolução depende de si. É assim que funciona, é isso que faz uma revolução dar certo. Se cada um de nós tivermos a impressão de que, se não fizermos nada, tudo acaba. E eu realmente acordo com essa sensação todas as manhãs.

Este post é parte de nossa cobertura especial da Revolução no Egito em 2011.

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