Documentário argentino ‘La educación en movimiento’ mostra outra educação na América Latina

Pôster do longa “La educación en movimiento”. Imagem compartilhada publicamente no Facebook.

Depois de “40 mil km, 500 dias de viagem, 300 horas de filmagem, além de mais de 7 meses de edição”, estreia o tão esperado documentário em longametragem “La educación en movimiento” (A educação em movimento), que encerra com chave de ouro quase três anos do trabalho duro, das histórias e das aventuras dos professores argentinos Malena Noguer e Martín Ferrari em sua jornada pela América Latina para registrar e analisar projetos de educação popular coordenados no coração da “Nossamérica”, como gostam de chamar a região.

Ano passado, publicamos dois artigos sobre a iniciativa La educación en movimiento, que tinha como objetivo percorrer a América Latina para conhecer a fundo projetos educativos surgidos a partir de movimentos sociais e populares, essa educação que “vem de baixo”, que rompe com as normas estabelecidas e que hoje tem identidade e vida própria. O objetivo final do projeto era converter todo o material em um documentário de distribuição gratuita.

Nosso primeiro artigo apresentou o projeto, sua incrível travessia e seus protagonistas, além dos primeiros curtas editados na Argentina, na Bolívia e no Peru. Depois seguiu-se o segundo artigo com novidades sobre a viagem e mais projetos educacionais promovidos na Colômbia e no Equador. Todos os curtas e entrevistas editadas pelo caminho podem ser vistos no site oficial ou pelo canal do YouTube, sendo de livre acesso e uso para fins educacionais, de debate e reflexão.

Os professores compartilharam seu trajeto neste mapa interativo. Foto compartilhada em público no Facebook.

O documentário já está pronto e foi exibido pela primeira vez na sexta-feira (10 de novembro de 2017) no Cine Gaumont, localizado em frente à Praça do Congresso de Buenos Aires, um conhecido ponto de referência cultural do país e que hoje pertence ao Instituto Nacional de Cinema e Artes Audiovisuais (INCAA) da Argentina. A exibição é um pré-estreia (a estreia oficial será em abril de 2018) e fará parte da programação da 11ª Mostra de Documentaristas Argentinos.

O breve vídeo a seguir reúne imagens e impressões dos primeiros seis meses de jornada de Malena e Martín, e é um teaser do documentário:

Um projeto tão ambicioso como esse tornou-se possível graças à colaboração de muitas pessoas, tanto familiares e amigos como colegas e doadores privados interessados em financiar a produção, além de cada um dos grupos e movimentos dos países visitados que deram total hospitalidade e apoio aos viajantes. O INCAA financiou a última etapa de edição, o que permitiu a conclusão do documentário antes do esperado.

A emoção que toma conta dos dois jovens realizadores pode ser sentida em cada publicação deles na página do Facebook do projeto:

Apresentamos a todos o documentário!!!!! Aí vocês podem ver suas cores, suas músicas… Seus protagonistas, suas histórias, suas lutas… 500 dias de filmagem…

Mais curtas da viagem: Bolívia e Brasil

Durante sua visita à Bolívia, tiveram a oportunidade de se aproximar da encantadora cidade de El Alto, a mais de 4 mil metros de altura, na região oeste do país. Lá conheceram a Casa Juvenil de las Culturas Wayna Tambo, um espaço de encontro, culturas e comunicação que tem como objetivo “proporcionar a recriação e consolidação das identidades juvenis através de uma intervenção educativa, cultural, comunicativa, com um enfoque em trabalhar simultaneamente a consolidação da singularidade andina-aymara e o fortalecimento da diversidade cultural em igualdade e justiça”.

Na casa, que já tem mais de 20 anos de história e faz parte da Red de la Diversidad, funciona uma rádio, além de um espaço para a realização de workshops e apresentações de livros, grupos musicais e filmes para debate.

Un aprendizaje colectivo construido desde distintas miradas, desde distintos caminos, desde distintas experiencias, pero que (…) llegan a encontrarse en este espacio y pueden ofrecer una alternativa más en este espacio, una alternativa diferente, una alternativa que apuesta por lo colectivo y lo comunitario, teniendo como ejes transversales lo que es la descolonización y la despatriarcalización, [ya que] que sin eso, estas propuestas no cobran sentido, no tendrían unos pilares muy fuertes de donde agarrarse.

Uma aprendizagem coletiva construída desde olhares, caminhos e experiências distintas, mas que (…) se encontram neste espaço e podem oferecer uma alternativa a mais ali, uma alternativa diferente, uma alternativa que aposte no coletivo e no comunitário, tendo como eixos transversais o significado da descolonização e da despatriarcalização, [uma vez que] sem isso, essas propostas não teriam sentido ou pilares muito sólidos como base.

A jornada de mais de 1000 km os levou até o Ceará, um dos estados do nordeste do Brasil castigados por uma das piores secas do século passado, que já dura seis anos. No assentamento Lagoa do Mineiro está localizada a Escola do Campo Francisco Araújo de Barros, do Movimento Sem Terra (MST), que luta “por uma educação do campo para o campo”. Malena e Martín apresentam a escola e os princípios do movimento neste curta encantador chamado “Parir-nos na luta. Gerações que fazem escola”:

La gente sabe muy bien que la escuela está aquí, conquistada por la lucha, está en lucha y vive en lucha. Es una escuela que vive permanentemente en movimiento. Esta escuela tiene una referencia de cambiar en cualquier momento su currículo pedagógico. Va a depender de las necesidades de la clase trabajadora.

A gente sabe muito bem que a escola tá aqui, conquistada pela luta, está em luta e vive em luta. É uma escola que vive permanentemente em movimento. Essa escola, ela tem uma referência de mudar em qualquer momento seu currículo pedagógico. Vai depender da necessidade da classe trabalhadora.

La educación en movimiento é um projeto autogerido e de financiamiento coletivo que se valeu do apoio de pessoas e de instituições. Siga e compartilhe a página do Facebook do projeto, um diário de fotos e histórias que nos aproxima mais a eles e às pessoas que conheceram pelo caminho, além do canal oficial do Youtube, onde se encontram todos os curtas editados durante a viagem e que compõem o documentário completo. O material é de livre acesso e uso para fins educacionais, de debate e reflexão.

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