Curdistância: O Estado do Ativismo Curdo

Alguns podem surpreender-se ao ouvir que a cobertura da blogosfera curda tem aparecido no Global Voices por mais tempo que a cobertura das blogue-esferas turcas. Enquanto a blogosfera turca tem se expandido, a blogue-esfera curda (pelo menos a extremidade em língua inglesa) está desaparecendo lentamente. O artigo de hoje irá focar no estado atual do ativismo curdo (já que a blogagem pode ser considerada um elemento primário disso) e em uma nova iniciativa desenvolvida para ajudar a estende a voz curda.

O declínio de vozes curdas é difícil de ser explicado, mas grande parte da diminuição da blogagem pode ser atribuída ao ataque de sites curdos por vários hackers. IraqiKurdistan [Curdistão Iraquiano], [EN], tem sido invadido por um hacker que se auto-nomeia “dangerous ghost ne mutlu turkum diyene”. E embora ainda não possa confirmar isso, suspeito que From Holland to Kurdistan [Da Holanda para o Curdistão], [EN], tenha restringido seu blog a apenas leitores convidados devido a uma razão similar, já que o site (e também seu outro site de notícias em holandês) teve problemas com hackers no passado. Hackers não são o único perigo à blogagem curda mas também os governos fora dos quais seus escritores operam. Um novo site The Arab Network for Kurdish Rights [Rede Árabe pelos Direitos Curdos], [EN], é uma nova organização que busca preservar a voz curda online. Eles estão em processo de realizar uma petição, que deverá estar pronta até o fim do mês. Até lá, aqui vai um pedacinho do seu post de abertura:

“Kurdish Rights is a project by independent students who wish to fight for the rights of Kurds within the Middle East. In this website, we aim to empower Kurdish bloggers and administrators to keep writing despite the fact that an alarming number of Kurdish blogs and sites get blocked by many Middle Eastern countries, from Iran to Turkey to Bahrain to Syria to God knows where else. Traditionally, Kurds were never allowed a voice in mainstream media outlets within our region. Now we as students and youth activists are standing up to say ‘enough!’

New technology is making it increasingly easier for us to hear the voices of those who weren’t given a voice throughout our history; and we will NOT allow this powerful tool to be taken away from fellow Kurdish bloggers and authors online.”

“Kurdish Rights [Direitos Curdos] é um projeto realizado por um grupo independente de estudantes que desejam lutar pelos direitos dos curdos dentro do Oriente Médio. Neste website, temos o objetivo de fortalecer blogueiros e administradores curdos para que continuem escrevendo a despeito do fato de um número alarmante de blogues e sites curdos estarem sendo bloqueados por muitos países do Oriente Médio, como Irã, Turquia, Barein, Síria e Deus lá sabe onde mais. Tradicionalmente, os curdos nunca tiveram voz perante à grande mídia de nossa região. Agora, nós como estudantes e jovens ativistas nos levantamos para dizer ‘Basta!’

Novas tecnologias facilitam cada vez mais nosso desejo de ouvir aqueles que não tiveram voz ao longo de nossa história; e nós NÃO permitiremos que um instrumento tão poderoso seja tirado de colegas blogueiros e autores curdos online.”

A declaração da missão do site Hevallo [EN] fala sobre a falta de vozes curdas na rede:

“It is shocking at a time when the psychological warfare and criminalisation of the Kurdish struggle in Turkey is at its highest, that there are not a lot of sites/blogs in English, that give uptodate information from a Kurdish perspective and challenge the label of ‘terrorist’ and ‘terror’ that is so readily accepted by the Western governments. Hevallo tries to do that.”

“É chocante que num momento em que a guerra psicológica e a criminalização da luta curda na Turquia esteja em seu ápice, não existam muitos sites/blogues em inglês que forneçam informações atualizadas sob a perspectiva curda e desafiem o rótulo de ‘terrorista’ e ‘terror’ tão facilmente aceito pelos governos ocidentais. A Hevallo tenta fazer isso.”

E claro, mencionada nesta coluna inúmeras vezes é o site “SaveRojTV [Salve RojTV], [EN], que trabalha ativamente na preservação de seus direitos de transmissão curda.

A respeito do ativismo curdo, a morte de um conhecido ativista curdo Orhan Dogan deixou os curdos do Curdistão turco em estado profundo de luto. Ambos Rasti [EN] e Hevallo [EN] têm anúncios da morte prematura e informação sobre o funeral.

Gostaria de encerrar hoje com uma pequena passagem de um maravilhoso texto que Zaneti [EN] escreveu sobre outra ativista curda e associada de Orhan Dogan, Leyla Zana:

“In all corners of the world, there are people of courage who live their lives determined to do the right thing for themselves and for those around them. These are people who are admired for their actions. They are never accredited timely but the righteous hope that they will be eventually recognized for their good will. In the predominantly Kurdish region of Turkey (see Northern Kurdistan), Leyla Zana has been living a life of constant struggle, determined to attain the rights of her people and in search of democracy in a place where such an idea seems unreachable. One may find it ironic that she has been accused of separatism and hate when she only speaks of peace and democracy. However, it is not irony but the lack of democracy where she lives that effectuates hate in circumstances where individuals like her are forced to strive for peace and are punished for it.In Turkey, Kurds are subjected to terror and barbaric torture and a policy of forceful assimilation. Everything from social and political inequalities exists for the Kurds and the region in which they live is economically undeveloped. Although much of the world has claimed that the country represents a democracy in the Middle East, one can easily argue that this is far from the truth. Kurds who have spoken up about the injustices have been punished, labeled as threatening the Turkish state, and imprisoned. Leyla Zana’s story is symbolic to all those who have tried to take the peaceful road and have been penalized for doing so.”

“Em todos os cantos do mundo, existem pessoas de coração que vivem suas vidas determinadas a fazer a coisa certa para eles mesmos e para aqueles ao seu redor. Estas são as pessoas admiradas por suas ações. Elas nunca são reconhecidas em tempo mas há a esperança justa de que elas sejam reconhecidas no futuro por suas boas intenções. Na região predominantemente curda da Turquia (veja o Curdistão do Norte), Leyla Zana tem vivido uma vida de luta constante, determinada a conquistar os direitos para o seu povo e em busca de democracia em um lugar onde tal idéia parece inalcançável. Pode parecer irônico que ela tenha sido acusada de separatismo e ódio quando ela apenas fala de paz e democracia. No entanto, não é ironia mas a falta de democracia onde ela vive que gera o ódio em circunstâncias que fazem indivíduos como ela serem forçados a lutar pela paz e serem punidos por isso.

Na Turquia, curdos são sujeitados ao terror e à tortura bárbara, e ainda à política de assimilação forçada. Tudo de desigualdades sociais a políticas faz parte da realidade dos curdos e a região em que vivem não é economicamente desenvolvida. Embora grande parte do mundo tenha afirmado que o país representa a democracia do Oriente Médio, é fácil argumentar que isso esteja longe da verdade. Os curdos que se pronunciaram sobre as injustiças foram punidos, rotulados como ameaças ao Estado turco e aprisionados. A estória de Leyla Zana é simbólica para todos aqueles que tentaram tomar a estrada pacífica e foram penalizados por isso.”

(Texto original por Deborah Ann Dilley)

 

O artigo acima é uma tradução de um artigo original publicado no Global Voices Online. Esta tradução foi feita por um dos voluntários da equipe de tradução do Global Voices em Português, com o objetivo de divulgar diferentes vozes, diferentes pontos de vista. Se você quiser ser um voluntário traduzindo textos para o GV em Português, clique aqui. Se quiser participar traduzindo textos para outras línguas, clique aqui.

Inicie uma conversa

Colaboradores, favor realizar Entrar »

Por uma boa conversa...

  • Por favor, trate as outras pessoas com respeito. Trate como deseja ser tratado. Comentários que contenham mensagens de ódio, linguagem inadequada ou ataques pessoais não serão aprovados. Seja razoável.