Camboja: Comemorando a libertação ou a invasão?

Em 7 de janeiro de 1979, o regime de Khmer Vermelho no Camboja foi expulso do poder. O regime comunista foi acusado de ordenar o assassinato em massa de mais de um milhão de cambojanos. Na semana passada, o governo cambojano marcou o 30º aniversário [en] da queda de Khmer Vermelho. Mas as opiniões estão divididas entre se esse seria um dia para ser celebrado como o Dia da Libertação ou lembrado como o Dia da Invasão do Vietnã, que ajudou a derrubar Khmer Vermelho e ocupou Camboja até 1988.

O primeiro ministro Hun Sen insiste que o 7 de janeiro de 1979 foi uma vitória contra o genocídio [en]. Ele critica aqueles que se recusam a honrar a ocasião:

“This is the truth of history that even those unwise groups and extremist groups must acknowledge this truth. If you dare not acknowledge the truth, you are not a human being, you are a real animal. This is the truth. If we didn’t have the 7th January 1979, we will not have today.”

“Essa é a verdade histórica que mesmo aqueles grupos ignorantes e extremistas devem reconhecer. Se você se atreve a não reconhecer a verdade, você não é um ser humano, é um verdadeiro animal. Essa é a verdade. Se não tivéssemos o 7 de janeiro de 1979, não teríamos o hoje.”

Mas Sophan Seng explica por que nem todos cambojanos estão do lado do governo nas celebrações:

“To celebrate this day is not significantly representing Cambodians as the whole nation. It is only celebrated by the Cambodian People's Party (CPP), which has been in power since the day of January 7, 1979.

“It has not been generally accepted by the Cambodian people. Whatever theme each celebration expects to achieve, those themes still belong to the CPP, and it is truly reminding Cambodian people of the brutality, the foreign invasion and the nonstop division among Cambodian nationals.”

“Celebrar esse dia não significa necessariamente representar o Camboja como uma nação inteira. A data é apenas celebrada pelo Partido Popular Cambojano (CPP), que está no poder desde 7 de janeiro de 1979.

“Mas ela, em geral, não é aceita pelo povo cambojano. Seja qual for o tema que cada celebração almeje alcançar, esses temas ainda pertencem ao CPP, e de fato relembra o povo cambojano da brutalidade, da invasão estrangeira, e a divisão sem fim dos povos cambojanos”

Modern Progressive Khmer menciona a invasão do Camboja pelo Vietnã [en] após 7 de janeiro de 1979:

“January 7th did in fact stop the killing, but Cambodia was not free. Vietnam occupied Cambodia; therefore, by definition Cambodia was not liberated. This is why the word “liberation” has a major semantic problem. One cannot call oneself a liberated being if one is not free to determine one’s destiny. Liberation could not be further from the truth. The world knows that Cambodia was under Vietnam’s control from the day it invaded Cambodia until it was pressured to withdraw.”

“O dia 7 de janeiro parou, de fato, parou com as mortes, mas os cambojanos não foram libertados. O Vietnã ocupou o Camboja; portanto, de acordo com a definição, o Camboja não foi libertado. É por isso que a palavra “libertação” tem um grande problema semântico. Uma pessoa não pode se chamar de livre se não está livre para determinar o seu próprio destino. A libertação não poderia estar mais longe da verdade. O mundo sabe que o Camboja esteve sob o controle do Vietnã do dia em que invadiu o Camboja até o dia que sofreu pressão para sair.”

A oposição acredita que a verdadeira história da libertação surgiu em 23 de outubro de 1991, quando os Acordos de Paz de Paris foram assinados. O legislador da oposição Sam Rainsy [en] levanta outra questão:

“Celebrating January 7 without having in mind a broader historical perspective, is playing into the hands of the current Phnom Penh regime whose only raison d'être was to “free” the Cambodian people from the Khmer Rouge with communist Vietnam's decisive but not unselfish help.”

Celebrar o 7 de janeiro sem ter em mente a perspectiva histórica mais ampla é jogar nas mãos do atual regime Phnom Penh cuja única razão de ser era “libertar” o povo cambojano de Khmer Vermelho com a ajuda decisiva, mas nada desinteressado, do comunista Vietnã.

The Son of the Empire [Filho do Império, en] traz uma ronda inicial de opiniões sobre o assunto. Khmerization disponbiliza imagens das celebrações organizadas pelo governo [en] na semana que passou.

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