Brasil: Terceiro protesto contra o preço da passagem foi pacífico, mas terminou com bombas no metrô

Presença ostensiva da Polícia Militar. Foto do coletivo Mídia Ninja.

Presença ostensiva da Polícia Militar durante o protesto no centro de São Paulo. Foto: Mídia Ninja,

O terceiro ato contra o aumento das tarifas de ônibus e metrô em São Paulo, convocado pelo MPL (Movimento Passe Livre) e realizado no dia 14 de janeiro, seguiu de forma pacífica até o final, quando alguns manifestantes resolveram pular as catracas e foram atacados pela polícia com bombas.

Depois da repressão policial no ato do dia 12, que efetivamente impediu o protesto de acontecer, o MPL cedeu e divulgou nas redes sociais o trajeto da passeata — tradicionalmente, o movimento decide o percurso da marcha na hora da concentração, em assembleia com os presentes.

Dois atos simultâneos foram convocados desta vez: um saindo da Praça da República, no Centro, que contou com a presença de cerca de 6 mil pessoas, e outro do Largo da Batata, na Zona Oeste, com cerca de 5 mil. Em ambos, a mobilização da polícia foi tremenda, com ativistas chegando a denunciar o que consideravam “terror psicológico”:

Havia destacamentos de policiais por diversas esquinas dos trajetos das duas manifestações, além de barreiras policiais em diversas ruas a fim de impedir qualquer desvio de trajeto, o que o professor Pablo Ortellado, presente ao protesto, chamou de “Parada Militar”. A Agência Democratize denunciou as práticas de intimidação da polícia antes mesmo do começo do ato:

Relatos de que manifestantes já estão sendo detidos na concentração do protesto contra o aumento das passagens em São Paulo, na região do Largo da Batata. Passageiros estão sendo revistados após sair do metrô.

Nas ruas do centro, uma “pré-manifestação” circulou por ruas e avenidas exigindo o fim da escalada repressora da PM do Estado de São Paulo contra o direito de livre manifestação.

Em fotos postadas pelo coletivo Mídia Ninja é possível observar a quantidade de policiais presentes tanto no Largo da Batata quanto no Centro:

A passagem de trens, ônibus e metrô na cidade de São Paulo aumentou de 3,50 para 3,80 na semana passada. Foto: Território Livre, uso permitido.

A passagem de trens, ônibus e metrô na cidade de São Paulo aumentou de 3,50 para 3,80 na semana passada. Foto: Território Livre, uso permitido.

Apesar da tensão, os protestos seguiram tranquilos até seu destino final. Ainda no começo da marcha que saía do centro da cidade em direção à Avenida Paulista uma bomba estourou no meio da multidão, mas a organização da marcha foi capaz de conter a Polícia Militar antes que as agressões começasse. Manifestantes alegam que a bomba foi disparada por um policial infiltrado; A PM, por outro lado, diz que a bomba pertencia a um manifestante.

A animação dos presentes pode ser vista nos vídeos gravados pelo coletivo Jornalistas Livres no Centro (primeiro vídeo) e na Zona Oeste (segundo vídeo):

Após o fim do ato, a polícia resolveu atacar alguns manifestantes que tentavam realizar um ‘catracaço’ (pular a catraca e não pagar a passagem) na estação Consolação, com bombas de gás e cassetetes. Ao menos nove manifestantes foram presos e um ficou ferido. O perfil do Movimento Passe Livre no Facebook escreveu:

Relatos de muitas bombas e repressão na avenida Paulista, após o ato ser encerrado no MASP e as pessoas não conseguirem ir embora devido ao bloqueio da PM nas estações.

Repressão no metrô Consolação. Foto do Movimento Passe Livre.

Repressão no metrô Consolação. Foto do Movimento Passe Livre.

Ativistas denunciaram ainda que mulheres teriam sido espancadas por policiais depois do ato:

ÁS ESCONDIDAS, POLICIAIS BATEM EM MENINAS DEPOIS DO ATO CONTRA A TARIFA EM SÃO PAULO.Esse é um depoimento de uma…

Publicado por Juntas em Sexta, 15 de janeiro de 2016

O coletivo Território Livre postou uma série de fotos do ato. Nova manifestação foi convocada pelo MPL para o dia 19 de janeiro.

 

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