Brasil: O saldo olímpico

Para um país cuja melhor marca olímpica tinha sido a colocação em 15º lugar no quadro de medalhas nas Olimpíadas de Atenas, a posição do Brasil em 23º lugar nas Olimpíadas de Pequim, com 3 medalhas de ouro (2 a menos que há quatro anos), não foi uma derrota extraordiária. Entretanto, de jornais a blogues, o sentimento geral é de uma grande decepção. Ana Diniz diz que não precisava ser assim:

A medalha olímpica é, no fundo, uma afirmação nacional, e é nisso que se fundamenta a frustração brasileira. Mas somos mais que os vigésimos do mundo? Apesar da propaganda ufanista oficial (meu Deus, como eu me lembro da ditadura, com o “eu te amo, meu Brasil, eu te amo”) não somos mais que isso, mesmo. Não é pouco – afinal, há entre duzentos e trezentos países no mundo todo. Estar no primeiro pelotão deve significar alguma coisa, não sei bem o que, se não temos pretensões a hegemonias ou novos impérios. Ou temos?

Dom equilibra os bons e maus momentos da participação brasileira, e conclui que é preciso mais do que hospedar os jogos olímpicos para ser um campeão:

Para se aproximar do brilhantismo de delegações, como a americana, em eventos internacionais, é necessário investir nas escolas brasileiras. O sucesso no esporte passa pela valorização da educação física e a consciência de que atividades esportivas são excelentes instrumentos de inclusão social. Não podemos formar grandes atletas se não temos a base para que eles nasçam.

A medalha de ouro da seleção masculina de vôlei era tida como garantida, e não veio. Mas o pior momento para os expectadores brasileiros foi, contudo, quando o país perdeu no futebol para o eterno rival time da Argentina. De acordo com Ricardo Jurczyk Pinheiro, ela não se trata, porém, de uma surpresa:

A seleção masculina de futebol continua sendo uma piada, de novo perderam, e de 3 a 0 para a Argentina! Nada mais humilhante, essa é a desforra pela última Copa América. No dia seguinte, Ronaldinho Gaúcho se divertindo, tocando pagode… E todo mundo aqui, de cabeça inchada.

Por Quinho

Angelo da Cia está contente que tudo terminou, e ele não mais precisa:

- Ouvir a história triste do(a) brasileiro(a) que superou um passado de miséria e fugiu da criminalidade graças ao esporte;
– Ouvir a história triste do(a) brasileiro(a) que superou a falta de patrocínio e apoio para chegar às Olimpíadas;
– Ouvir a história triste do(a) brasileiro(a) que superou os preconceitos e venceu no esporte;
– Ouvir a ladainha de que o Brasil não dá apoio a seus atletas;
– Ser humilhados no quadro de medalhas pela Geórgia e a Jamaica;
– Apesar de todas as Odes ao nosso povo humilde, ver que a maioria de nossas medalhas nos Jogos vieram de nossa elite ( Hipismo, Iatismo ) ou da classe média abastada ( judô e natação );
– Ver brasileiros chorando ao ganhar medalhas;
– Ver brasileiros chorando ao perder medalhas;
– Ouvir narradores brasileiros se dizendo emocionados com a conquista de medalhas;
– Ouvir narradores brasileiros se dizendo emocionados com a perda de medalhas;
– Ver o falso público dos jogos. Entendam: Quando mostram uma mancha amarela na platéia em participações brasileiras, geralmente há uma dúzia de nativos que são parentes ou participantes dos jogos. O resto é de chineses “fantasiados” de verde-amarelo, para fazer volume e dar a impressão de que estes Jogos são normais, ou seja, atrairam torcedores do mundo todo.

Agora é hora de voltar ao mundo real e lembrar que as eleições municipais estão se aproximando. Assim como as Olimpíadas, o Brasil apenas escolhe seus governantes a nível local a cada quatro anos, e agora é hora de votar. Nicholas Fernandes Gimenes pede que as pessoas não se esqueçam disso:

Gostaria também que todos os brasileiros, patriotas.. que choraram pelo futebol feminino, pelo vôlei masculino.. e etc… sejam patriotas nas eleições desse ano, no trabalho, no meio-ambiente… o Brasil seria digno de medalha com certeza!

Paródia da campanha do Tribunal Superior Eleitoral para conscientizar a população quanto à importância do voto, tirada do Caixa Pretta.

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