Os argentinos, o governo e o papa Francisco

Enquanto o mundo estava à espera do resultado do conclave papal, os argentinos tinham esperanças de que um de seus compatriotas se tornaria papa. A fumaça branca no Vaticano anunciou que a decisão havia sido tomada: o primeiro papa jesuíta e argentino, Jorge Bergoglio – agora Francisco -, se tornaria a autoridade máxima da Igreja Católica, sucedendo Bento XVI.

No Twitter, argentinos discutiram o assunto usando várias hashtags, como #Bergoglio, #HabemusPapam, #PrimerasPalabrasDelPapa [es] (Primeiras palavras do papa), #LaBarraDelPapa [es] (fãs do papa), #FranciscoI [es], entre outras. As reações têm sido diversas.

A decisão foi uma surpresa para muitos, como @JessyDelPino [es], que disse:

@JessyDelPino Q?? Me despierto y tenemos PAPA argentino! Pensaba q mi viejo me estaba cargando!!! #HabemusPapam #Bergoglio #Francisco1

@JessyDelPino: O quê?? Acabo de acordar e temos um PAPA argentino! Pensei que o meu velho estava brincando!!! #HabemusPapam #Bergoglio #Francisco1

Até aqueles que não são católicos, como Lucero Aguirre (@LuuceroAguire) [es], compartilharam suas perspectivas:

Argentinos celebran elección de Papa Francisco I en Plaza de San Pedro

Argentinos comemoram a eleição do papa Francisco na Praça de São Pedro, em Roma. Foto compartilhada no Twitter for @aciprensa

@LuuceroAguirre La verdad no lo puedo creer, no soy creyente, ni nada, pero es realmente un ORGULLO tener POR FIN a un Papa como tiene que ser! #Bergoglio

@LuuceroAguirre: A verdade é que eu não posso acreditar, eu não sou católico nem nada, mas é realmente um ORGULHO ter FINALMENTE um papa da maneira como deve ser! #Bergoglio

No blog Política e Políticos [es], Rosa Alcántara republicou um artigo que tratava do relacionamento tumultuado entre o governo de Cristina Fernández de Kirchner e o novo papa. O então bispo e a chefe de Estado discordavam em muitos assuntos, como o casamento gay [es]:

Una de las cuestiones en las que el cardenal Bergoglio se enfrentó al gobierno fue el proyecto de Ley de Matrimonio entre Personas del Mismo Sexo. El 9 de julio de 2010, días antes de su aprobación, se hizo pública una nota de Bergoglio calificando como una «guerra de Dios» dicho proyecto de matrimonio gay, que contemplaba que las personas homosexuales pudieran contraer matrimonio y adoptar niños.:

Um dos assuntos que opunham o cardeal Bergoglio ao governo era o Projeto de Lei do Casamento entre Pessoas do Mesmo Sexo. No dia 9 de julho de 2010, pouco antes de o projeto ser aprovado, Bergoglio afirmou em uma carta aberta que o casamento gay era uma guerra contra Deus, o que também contemplava a possibilidade de casais homossexuais adotarem crianças.

Outro conflito ocorreu durante as comemorações da Revolução de Maio, um feriado nacional que inclui uma celebração tradicional do Te Deum na Catedral de Buenos Aires. Em 2008, entretanto, a presidente argentina decidiu mudar a localização do evento. O blog Rádio Cristandade [en] comentou [es] esse acontecimento:

Pese a que el gobierno cumplió con gestiones protocolares para el cambio, la decisión de llevarlo a Salta, donde se hará una oración interreligiosa, generó inquietud en sectores eclesiásticos. Gobierno dice que es para “federalizar” fiesta patria.

La presidenta Cristina Fernández de Kirchner también esquivará, como lo hizo su marido durante la presidencia, una homilía interpeladora del primado argentino, cardenal Jorge Bergoglio, durante el Tedeum por el 25 de Mayo.

Apesar de o governo haver cumprido com as formalidades para isso, a decisão de mudar o local das comemorações para Salta, onde ocorrerá uma celebração ecumênica, causou ansiedade em setores da Igreja. O governo afirma querer “federalizar” o feriado nacional.

A presidente Cristina Fernández de Kirchner também vai se esquivar, como fez o seu falecido marido quando foi presidente, uma homilía crítica do líder da Igreja argentina, cardeal Jorge Bergoglio, durante o Te Deum de 25 de maio.

Os argentinos também lembram que, quando o ex-presidente Néstor Kirchner teve de ser operado em 2010, a família de Kirchner impediu [es] um representante de Bergoglio de ministrar o sacramento da Unção dos enfermos.

Outros, como Gladys Lopreto, no the blog Igualdade Dignidade [es], criticaram as reações do episcopado argentino a questões como o aborto.

Enquanto isso, longe da política, muitos argentinos comemoraram a notícia. Aracelli Crescimbeni (@aracellicres) [es] escreveu:

@AracelliCres: Hasta en el #Vaticano se dieron cuenta que somos los mejores del mundo #OrgulloArgentino #Bergoglio

@AracelliCres:: Até no #Vaticano se deram conta de que nós somos os melhores do mundo #OrgulhoArgentino #Bergoglio

Também surgiram cânticos, como o de Miko (@Emi_Eguiazu) [es], que comemorou que o novo papa é argentino e não brasileiro, referindo-se claramente à rivalidade futebolística entre os dois países:

@Emi_eguiazu: #LaBarraDelPapa che brasuca che brasuca qe amargado se te ve, nosotros tenemos al papa, vos qedate con pelé

@Emi_eguiazu#LaBarraDelPapa (fãs do papa) Oh brasileiro, oh brasileiro, você parece tão amargurado, nós temos o papa, você que fique com o Pelé

Quanto à relação do governo com Bergoglio, Gabi (@GabiManducaa) [es] “cantarolou”:

@GabiManducaa: Che Cristina, che Cristina, que amargada se te ve, el papa no es kirchnerista, que carajo vas a hacer? #LaBarraDelPapa

@GabiManducaa:: Oh Cristina, oh Cristina, você parece tão amargurada, o papa não é kirchnerista, o que diabos você vai fazer? #LaBarraDelPapa

E outros consideraram que Francisco poderia perdoar seus pecados, como Julian (@MatilaFonte) [es], que tuitou:

@MatilaFonte: Che Bergolio, Che Bergolio, no te lo decimos maaas, este año pecamos todos, total vos nos perdonas ♫ #LaBarraDelPapa

@MatilaFonte: Oh Bergolio, oh Bergolio, não vamos te dizer, mas este ano pecamos todos, de qualquer jeito, você nos perdoa #LaBarraDelPapa

Por outro lado, a presidente Cristina Fernández de Kirchner tuitou (@CFKArgentina) [es] uma nota de felicitações [es] a Sua Santidade Francisco.

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