A Argélia seguirá o Egito?

Este post é parte da cobertura especial do Global Voices aos Protestos na Argélia em 2011 [en].

Apesar da queda do presidente da Tunísia [en], Zine El Abidine Ben Ali, seguido da revolta popular e da saída forçada do presidente do Egito [pt], Hosni Mubarak, argelinos ainda não conseguiram dominar suas próprias ruas.

As duas tentavias da Coordenação Nacional para a Mudança e Democracia de organizar a marcha de argelinos nos dias 12 e 19 de fevereiro de 2011 falharam, em grande parte, por conta das medidas de segurança tomadas para prevenir os protestos dos argelinos, mas também graças à fraqueza das organizações que clamaram pelas manifestações.

Police out in force to prevent demonstrations from escalating in Algiers, Algeria on 12 February, 2011. Image by ENVOYES_SPECIAUX_ALGERIENS, copyright Demotix (12/02/2011).

Police out in force to prevent demonstrations from escalating in Algiers, Algeria on 12 February, 2011. Image by ENVOYES_SPECIAUX_ALGERIENS, copyright Demotix (12/02/2011). | Força policial para prevenir o crescimento das manifestações em Algiers, Argélia, em 12 de fevereiro de 2011. Foto por ENVOYES_SPECIAUX_ALGERIENS, copyright Demotix (12/02/2011).

Para o internauta algeriano Dihya Roufi, a diferença é óbvia [fr]:

tout le monde en Algérie est conscient de la nécessité d’un changement mais les paramètres dans les différents pays ne sont pas pareils donc la méthode sera différente et spécifique à l'Algérie. En Tunisie: éclatement brusque parce que les répressions des libértés étaient totales. Pour une blague, une parole, une chanson contre le régime c'était la prison et la torture…

Everyone in Algeria is aware of the need for change but the parameters in the various countries are not the same, so the methods will be different and specific to Algeria. In Tunisia, we saw a sudden outburst because in that country freedoms are completely repressed. A simple joke, a word, or a song against the regime meant prison and torture…
Todo o mundo na Argélia está ciente da necessidade de mudança, mas os parâmetros nos diversos países não são os mesmos, logo o método será diferente e específico à Argélia. Na Tunísia, vimos um um movimento brusco, porque as repressões às liberdades eram totais. Por uma piada, uma palavra ou uma canção contra o regime havia a prisão e a tortura…

Em 12 de fevereiro de 2011, aproximadamente 2.000 pessoas participaram da manifestação na Praça Primeiro de Maio na capital Algiers. Forças de segurança evitaram que os manifestantes marchassem nas principais ruas da cidade.

O blogueiro R.Z escreve [fr]:

If there were any gathering to speak of in Algiers today, it would undoubtedly be the police gathering, which numbered some 40,000 sent to stop and repress the march for change. The protest managed to draw only about 2,000 participants. Clashes broke out between the protesters and the police, who were armed to the teeth. They called in 16 people for questioning and immediately released them, according to the Ministry of the Interior.

Se houve alguma multidão sobre a qual falar hoje em Algiers, seria sem dúvida a multidão de policiais, que chegou a 40.000 enviados para parar e preprimir a marcha por mudança. Confrontos se iniciaram entre os protestantes e a polícia, que estava armada até os dentes. De acordo com o Ministério do Interior, eles levaram 16 pessoas para interrogatórios e depois as liberaram.

O aparato de segurança armado para a manifestação não foi a única coisa desencorajando argelinos de participarem. Alguns dos organizadores da marcha foram desacreditados, porque eram membros do parlamento. Algerienmeskine escreve [fr]:

Sorry guys, you were marching for the Department of Intelligence and Security (DRS), not for Algeria. We “Algerians” don't have a big problem with President Bouteflika because he's just a puppet. Yesterday was total confusion. Said Sadi, “a creature of the DRS,” took center stage everywhere, and no one else did… Said Sadi, the first one to loudly applaud the genocidal massacre of Algerians, just got ahead by stomping on the blood of Algerians.

Desculpe-me pessoal, vocês estavam marchando pelo Departamento de Inteligência e Segurança (DRS), não pela Argélia. Nós “argelinos” não temos um grande problema com o presidente Bouteflika, porque ele é apenas uma marionete. Ontem foi uma confusão total. Said Sadi, “uma criatura do DRS”, se tornou o centro das atenções em todos os lugares, e ninguém mais o fez… Said Sadi, o primeiro a aplaudir veementemente o massacre genocida de argelinos, simplesmente saiu na frente pisando no sangue de argelinos.

Khaled Satour coloca seu ponto de vista num artigo intitulado “Algérie : Le leurre de la « révolution arabe »” [fr] (Argélia: A ilusão da “Revolução Árabe”):

We have to free ourselves from this harmful siren call of the “Arab revolution” that deludes us into thinking the slate has been wiped clean and all alliances are possible. Sadly, we already know some of the apostles of “democracy” who are protesting once again; authorities didn't even bother to find a younger generation of the acolytes it secretly maintains! For the moment, the organized protest is just for show. People are waiting doggedly, almost indecently, for the spark that will enflame the nation's cities.  Under the present circumstances, I fear that this is for the worse rather than the better.

Temos que nos libertar desse chamado danoso da “Revolução Árabe”, que nos ilude e leva a pensar que a lâmina foi limpa e todas as alianças são possíveis. Infelizmente, nós já conhecemos alguns dos apóstolos da “democracia” que estão protestando mais uma vez; as autoridades nem se deram ao trabalho de encontrar uma geração mais nova dos acólitos que eles secretamente mantêm! Por enquanto, o protesto organizado é apenas para demonstração. O povo está esperando obstinadamente, quase indecentemente, pela centelha que inflamará as cidades da nação. Nas atuais circunstâncias, temo que seja para o pior e não para o melhor.

Este post é parte da cobertura especial do Global Voices aos Protestos na Argélia em 2011 [en].

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