Em 10 de janeiro, todos de olho na Venezuela

Imagem por Global Voices. À esquerda: o candidato da oposição Edmundo González Urrutia (crédito da imagem: Wikimedia Commons/European Union CC BY 4.0). À direita: o presidente eleito Nicolás Maduro (crédito da imagem: Wikimedia Commons/Kremlin CC BY 4.0

10 de janeiro é muito mais que um simples dia de 2025 para a Venezuela: é a data prevista na constituição para o início de novos mandatos presidenciais. Este ano, o que está em jogo é ainda mais importante e os candidatos que concorreram nas disputadas eleições presidenciais de julho estão se preparando para tirar proveito desse dia. Tanto o presidente eleito Nicolás Maduro quanto os líderes da oposição María Corina Machado e Edmundo González Urrutia convocaram mobilizações em todo o país nessa data e no dia anterior.

Como isso aconteceu?

O Conselho Nacional Eleitoral (CNE), o mais alto poder da Venezuela em assuntos eleitorais, declarou o atual presidente Nicolás Maduro como vencedor para um terceiro mandato consecutivo (2025-2031). Não há limite de reeleições para mandatos presidenciais na Venezuela. Isso provocou uma onda de protestos e reações autoritárias: atualmente, mais de 1.700 pessoas continuam presas na Venezuela por motivos políticos, incluindo protestos pós-eleitorais.

Nenhuma contagem de votos foi mostrada desde o dia da eleição em seu site, que continua fora do ar, e o governo lançou material publicitário baseado no slogan #YoJuroporMaduro (Eu Juro por Maduro), convocando os seguidores de Maduro a apoiar sua posse. A cerimônia será realizada em Caracas, a capital do país.

 

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Unidos! Com o punho ✊🏽 levantado, em #10janeiro juramos com nossos corações, pela confiança e amor que temos pela Pátria. Em defesa do voto, temos um encontro!

A oposição reivindica que o verdadeiro vencedor das eleições de julho é seu candidato, Edmundo Gonzáles Urrutia, que atualmente viaja pelas Américas após receber asilo político na Espanha em setembro passado. Eles fundamentam suas reivindicações nas contagens de votos coletadas por testemunhas voluntárias no dia da eleição, que foram compiladas em iniciativas de dados públicos como resultadosconvzla.com e macedoniadelnorte.com. Na data de publicação, a líder da oposição María Corina Machado permanece escondida em um local não revelado. Ela convocou venezuelanos para as ruas em 9 de janeiro, um dia antes da posse.

 

Este é o sinal. Este é o dia!

O dia em que unimos nossa bandeira em um único grito de LIBERDADE!

A Venezuela precisa de você.
Todos vocês, JUNTOS. TODOS NÓS!

Eu irei com vocês.
Neste 9 de janeiro, TODOS para as ruas, na Venezuela e no mundo.

GLÓRIA AO POVO CORAJOSO!

O mundo não ignorou os eventos iminentes. Apenas poucos países reconheceram Maduro como o vencedor das eleições presidenciais, incluindo a Rússia, a China, a Nicarágua e Cuba. O Brasil, a Colômbia e o México, cujos presidentes já estiveram dispostos a ajudar a mediar a crise eleitoral, reunindo-se com Maduro, enviarão representantes governamentais de alto escalão para a cerimônia de posse. Por outro lado, os Estados Unidos e o Parlamento Europeu reconhecem abertamente González como o presidente eleito.

A incerteza poderia resumir o sentimento da maioria dos venezuelanos. O Caracas Chronicles, um parceiro de conteúdo da Global Voices, diz o seguinte em seu artigo de opinião “Algo acontecerá nesta cidade“:

There is a shared feeling amongst all Venezuelans that something will happen in the coming weeks. Be it driven by the government’s military paranoia or by the opposition’s hopeful speech. Let’s just hope that someone with their head and heart in the right place actually does have a plan.

Há um sentimento compartilhado entre todos os venezuelanos de que algo acontecerá nas próximas semanas. Seja pela paranoia militar do governo ou pelo discurso esperançoso da oposição. Esperemos que alguém com a cabeça e o coração no lugar certo realmente tenha um plano.

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