O novo presidente
O cargo de presidente da Geórgia tem pouco poder e se limita, principalmente, a funções representativas, enquanto a maior parte dos poderes está nas mãos do parlamento e do primeiro-ministro.
Em 14 de dezembro, os legisladores da Geórgia elegeram o próximo presidente do país, um ex-jogador de futebol e crítico do Ocidente, Mikheil Kavelashvili. Ele substituiu a presidente pró-Ocidente, Salome Zurabishvili, que tomou uma posição mais crítica contra o partido governante desde a invasão à Ucrânia. Desde então, ela tem criticado regularmente a retórica do partido quanto à guerra em curso na Ucrânia e as intenções da Rússia.
Quando milhares de georgianos tomaram as ruas para protestar contra a Lei dos Agentes Estrangeiros imposta pelo governo, a presidente Zurabishvili ficou ao lado da população e da oposição. Suas declarações após os protestos foram firmes e críticas quanto ao governo atual. Quando o governo decidiu restabelecer os voos com a Rússia, a presidente fez uma declaração condenando a decisão.
O rompimento da presidente Zurabishvili com o governo atual, e sua posição ao lado da população e dos grupos de oposição, levou à tentativa do partido governante de impeachment da presidente. A tentativa falhou.
Antes das eleições de outubro de 2024, a presidente Zurabishvili enfatizou a importância das próximas eleições, descrevendo-as como um referendo entre “Europa ou Rússia”, “passado ou progresso”, “liberdade ou escravidão”, “ditadura vs. democracia”.
O recém-nomeado presidente, Mikheil Kavelashvili, é um defensor fervoroso do partido governante. Ele foi o único candidato ao cargo e um dos autores da amplamente criticada Lei dos Agentes Estrangeiros.
Observadores independentes descreveram a votação de outubro como uma eleição não livre e injusta, e pediram que a votação fosse refeita. Assim, também questionaram a legalidade da nomeação do novo presidente. Em um comunicado, a Sociedade Internacional para Eleições Justas e Democracia (ISFED) afirmou: “Quaisquer decisões tomadas por este parlamento ilegítimo, incluindo a marcação e realização da eleição presidencial, são inconstitucionais e ilegais.”
O Tribunal Constitucional do país ainda não emitiu uma decisão final sobre os resultados da votação, que também foram rejeitados pelo Parlamento Europeu em 28 de novembro, por meio de uma resolução. Enquanto isso, Zurabishvili prometeu permanecer no cargo de presidente, afirmando que “um parlamento ilegítimo não pode eleger o presidente.”
Observadores eleitorais estavam entre os manifestantes exigindo uma nova eleição.
Os resultados oficiais das eleições de outubro deram ao partido Sonho Georgiano uma ampla maioria no parlamento, com 54% dos votos, um aumento em relação aos 48% de apoio obtidos pelo partido na eleição de 2020. Em 28 de novembro, o Sonho Georgiano aprovou um gabinete governamental levemente reformulado, liderado pelo atual primeiro-ministro Irakli Kobakhidze. O novo governo foi aprovado sem a presença de nenhum membro da oposição, já que o novo parlamento foi boicotado pelos quatro grupos oposicionistas.
Enquanto isso, para zombar da decisão do governo sobre o recém-nomeado presidente, um grupo de manifestantes foi visto jogando futebol do lado de fora do edifício do parlamento.
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— Katie Shoshiashvili (@KShoshiashvili) December 14, 2024
Circulando nas redes sociais georgianas
Sanções
Em resposta aos contínuos protestos e à resposta desproporcional e violenta do governo, vários países emitiram sanções contra altos funcionários do governo.
Em junho de 2024, os Estados Unidos impuseram restrições de visto a um número não especificado de membros do partido governante, membros do parlamento, oficiais de segurança, cidadãos privados e seus familiares imediatos. Também suspenderam 95 milhões de dólares em ajuda ao governo georgiano. Em setembro de 2024, os Estados Unidos também declararam que as sanções contra o líder oculto do país e fundador do partido governante Sonho Georgiano, Bidzina Ivanishvili, estavam prontas para serem implementadas em um futuro próximo.
Em 12 de dezembro de 2024, o porta-voz do Departamento de Estado dos EUA, Matthew Miller, disse que “ações adicionais” estavam em andamento, proibindo “a emissão de vistos para aqueles que são responsáveis ou cúmplices por minar a democracia na Geórgia”. Especificamente, as novas restrições deveriam afetar cerca de “vinte indivíduos, incluindo pessoas que atuam como ministros do governo e no Parlamento, oficiais de segurança e da lei, e cidadãos privados”.