Organizadores de “Marcha pela Justiça” apresentam denúncia contra a Polícia na Malásia

TBH-ADA

Membros da Associação para o Avanço Democrático Teoh Beng Hock confrontam a Polícia próximo ao Parlamento da Malásia. Buscam justiça por Teoh Beng Hock, que morreu em 2009 enquanto era interrogado pelas autoridades. Captura de tela do vídeo do YouTube de KiniTV. Uso legítimo.

Os membros da Associação para o Avanço Democrático Teoh Beng Hock (TBH-ADA) estão solicitando uma investigação independente sobre a suposta força excessiva utilizada pela Polícia durante a “Marcha pela Justiça” organizada pelo grupo no dia 15 de julho próximo ao Parlamento na Malásia.

Inicialmente, a Polícia impediu que os membros da TBH-ADA entregassem uma carta dirigida ao primeiro-ministro e bloquearam a entrada do Parlamento.

A TBH-ADA busca justiça pela morte de Teoh Beng Hock, que foi encontrado sem vida em 16 de julho de 2009 depois de ser interrogado na noite anterior na sede da Comissão Anticorrupção da Malásia (MACC) em Selangor. Na época, Teoh Beng Hock, de 30 anos, era assistente de um político investigado por corrupção. Sua morte gerou indignação e se tornou um símbolo de abuso governamental contra críticos e aparentes opontentes do partido governante.

Em 2011, as autoridades determinaram que sua morte foi um suicídio. Três anos depois, o Tribunal de Apelação declarou que havia sofrido múltiplas lesões causadas por pessoas desconhecidas. Em 2023, sua família solicitou formalmente ao governo que fosse retomada a investigação do caso e que os responsáveis fossem processados pelo seu assassinato. A seguinte audiência para a revisão judicial do caso ocorreu em 29 de julho.

Ng Yap Hwa, presidente da TBH-ADA, narrou o último encontro do grupo com a Polícia:

While blocking the members of walk for justice from accessing to the main gate of the Parliament, several participants were manhandled, pushed by the police and fell to the ground, and Teoh Lee Lan [sister of Teoh Beng Hock] was also pushed to the ground and cried out in pain.

Another female organising committee member had the collar of her clothes grabbed by the police, and even though her neck was being choked, they did not let go for a long time. This caused her necklace to break and left marks on her neck.

Enquanto bloqueiam os participantes da marcha pela justiça para que não cheguem ao portão principal do Parlamento, vários foram maltratados, a Polícia os empurrou e caíram no chão. Teoh Lee Lan (irmã de Teoh Beng Hock) também foi empurrada, caiu no chão e gritou de dor.

Outra mulher integrante do comitê organizador foi agarrada pela gola da roupa, e mesmo com o pescoço sufocado, não a soltaram durante muito tempo. Isto fez com que seu colar rompesse, deixando marcas em seu pescoço.

Um familiar de Teoh Beng Hock ficou ferido durante o incidente, como se vê em um vídeo publicado no X (antigo Twitter):

1. A família de Teoh Beng Hock enviou uma carta ao escritório do primeiro-ministro para solicitar ao governo, dirigido pela Aliança da Esperança, a reabrir a investigação sobre sua morte em 2009.

‘Tentamos entrar em contato com o primeiro-ministro, com o Secretário de Estado e alguns parlamentares, mas não conseguimos’, disse o representante Ng Yap Hwa.

📸 Bernama
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A Polícia perseguiu e deteve ativistas da Associação Teoh Beng Hock quando tentavam apresentar um memorando.

Segundo Bersih, a Polícia se negou a permitir a entrega em frente ao Parlamento e perseguiu os ativistas, o que provocou a queda da irmã de Beng Hock.

O primeiro-ministro da Malásia, Anwar Ibrahim, reconheceu o incidente e assegurou que se reuniria com um membro da família do falecido Teoh Beng Hock.

A Polícia impediu que o grupo de defesa de Beng Hock se aproximasse do Parlamento.
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Estou ciente do incidente ocorrido hoje em frente ao Parlamento que envolveu a família do falecido Teoh Beng Hock.

Prometo me reunir com eles em breve e examinar o memorando de reclamação.

De acordo com os relatórios, a reunião ficou programada para 01 de agosto. Anwar, que foi líder da oposição em 2009, também enfrentou perseguição estatal quando esteve detido. O vice-presidente da TBH-ADA, Kenneth Cheng, lembrou a Anwar sua promessa de buscar justiça para Teoh Beng Hock:

…your promise to seek justice for Teoh Beng Hock previously does not cost a single cent to the government coffers. And the nature of promise is immune to changing circumstances. And that applies to your cabinet colleagues from PH [Pakatan Harapan ruling coalition] where our demands could easily been achieved at a stroke of pen since you are the government now.

…sua promessa de buscar justiça para Teoh Beng Hock não custa nem um só centavo do fundo público. E a natureza de uma promessa é imune as circunstâncias variáveis. Isto se aplica a seus colegas do gabinete da coligação governante Pakatan Harapan, em que nossas demandas poderiam ser conseguidas facilmente de uma só vez, já que agora vocês governam.

Grupos da sociedade civil criticaram as ações da Polícia, incluindo sua ameaça de citar os organizadores da “Marcha pela Justiça”. Por exemplo, a ONG local Agora Society lembrou à Polícia que se dedicasse a encontrar os assassinos de Teoh Beng Hock. Em um comunicado, Agora Society declarou:

“A Agora Society exige que a Policía dedique seu tempo e energia para descobrir a verdade sobre a morte de Teoh Beng Hock, e a encontrar e processar os suspeitos que devem ser considerados legalmente responsáveis”.

O fundador da Agora Society, Lim Chee Han, escreveu uma carta a Teoh Beng Hock, em que assegura que os grupos de direitos humanos continuam lutando pela justiça, mesmo que os antigos políticos opositores tenham aparentemente esquecido o seu caso.

Don’t worry, unlike some politicians in the ruling parties, we will never forget you and we will continue to fight for you, okay? There are still many of us in civil society who are with you.

Não se preocupe, diferentemente de alguns políticos de partidos governantes, nunca lhe esqueceremos e vamos continuar lutando por você, ok? Ainda tem muitos de nós na sociedade civil que estão com você.

Nalini Elumalai, responsável pelo programa da Malásia ARTICLE 19, organização internacional de vigilância dos direitos humanos, descreveu a obstrução imposta pela Polícia durante a marcha como “desnecessária e nada profissional”, e adicionou:

The obstruction and the harassment of peaceful activists, leading to physical harm, is unacceptable and warrants immediate investigation and accountability. The police must cease all heavy-handed tactics and stop targeting peaceful protesters and government critics.

A obstrução e o assédio a ativistas pacíficos que resulta em dano físico, é inaceitável e requer uma investigação e que os responsáveis prestem contas. A Polícia deve encerrar com todas as táticas violentas e deixar de atacar os manifestantes pacíficos e os críticos do governo.

A escritora Mariam Mokhtar ressalta a importância de lembrar de Teoh Beng Hock e a necessidade de apoiar o chamado a justiça.

If a high-profile case was allowed to fall prey to sloppy methods, how many others have been failed by this system?

Are standard operating procedures adhered to during an investigation? Failure to ensure high standards in behaviour, morality, work ethics and work practices demoralises the workforce.

Teoh’s death and the ensuing investigation is an example of gross incompetence. We must stand up and speak out against injustice, and never give up till we get answers. Only then, will Malaysia be a better place to leave for our children and grandchildren.

Se foi permitido que um caso de alto perfil fosse vítima de métodos descuidados, quantos outros falharam neste sistema?

Os procedimentos operacionais padrão são seguidos durante uma investigação? A falha em não garantir altos padrões de comportamento, moralidade, ética laboral e práticas de trabalho desmoraliza a força de trabalho.

A morte de Teoh e a investigação posterior são um exemplo de grande incompetência. Devemos nos erguer e levantar a voz contra a injustiça, e nunca desistir até obtermos respostas. Só então, a Malásia será um lugar melhor para nossos filhos e netos.

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