O espaço civil da Venezuela está em jogo com os resultados eleitorais

Foto da bandeira venezuelana por Joseph Remedor via Flickr. CC BY-SA 2.0.

Essa reportagem foi escrita por Laura Vidal para o IFEX. O texto foi editado e republicado pela Global Voices segundo um acordo compartilhamento de mídia. 

A eleição presidencial da Venezuela, que aconteceu em 28 de julho, terminou com uma declaração oficial da vitória de Nicolás Maduro. No entanto, a oposição, um grande número de organizações internacionais, e alguns governos regionais têm questionado a legitimidade dos resultados, demandando uma revisão aprofundada dos mesmos. As eleições foram marcadas por violações dos direitos dos eleitores, restrições à liberdade de expressão e limitações severas à liberdade da imprensa.

Os riscos são elevados para a sociedade civil, uma vez que existe uma ameaça de fechamento total do espaço civil sob uma nova administração de Maduro. Ao avaliarmos tendências dos anos passados como o fechamento de centenas de estações de rádio, ataques contra a imprensa, acesso limitado à internet, detenções arbitrárias de jornalistas e figuras da oposição; a perspectiva de outros seis anos levanta preocupações significativas.

A paisagem mediática foi fortemente controlada antes das eleições, com a supervisão do governo e a autocensura enviesando a cobertura jornalística. Jornalistas e membros de grupos devotados à liberdade de imprensa, incluindo o Comité de Proteção aos Jornalistas (Committee to Protect Journalists) membro do Intercâmbio Internacional da Liberdade de Expressão (IFEX – Internacional Freedom of Expression Exchange), notou que a TV e as estações de rádio cobriram de forma extensa a campanha de Maduro enquanto ignoraram amplamente a oposição.  Notícias sobre os candidatos da oposição, como Edmundo González e a líder da oposição María Corina Machado, ficaram restritas a sites de jornalismo independente (muitos dos quais eram bloqueados) e plataformas de redes sociais como X (antigo Twitter), Facebook, Instagram, YouTube e WhatsApp.

A aparição dos candidatos oponentes na grande mídia foi rara e cheia de distrações. Por exemplo, quando o candidato presidencial Gonzáles apareceu na estação local de TV Venevisión, em abril, os usuários das redes sociais falaram mais sobre a decisão do canal de transmitir a entrevista do que sobre o conteúdo dos planos políticos de Gonzáles.

A organização local VE Sin Filtro (VE sem filtro) reportou que a estatal CANTV e outras operadoras privadas de internet estavam bloqueando portais de notícias como Tal Cual, El Estímulo, Analítica, e Runrunes, assim como os sites das ONGs Medianálisis e Observatorio de Internet VE Sin Filtro. 

Nas semanas que antecederam as eleições, programas de rádio que apresentavam candidatos da oposição foram fechados. A ONG Laboratorio de Paz reportou um aumento nas detenções de membros da oposição, violência estatal e mal uso de plataformas públicas para campanhas pró-chavistas. Pelo menos 76 prisões arbitrárias aconteceram nas duas semanas anteriores ao dia das eleições.

A sociedade civil continua vigilante com organizações como Espacio Público (membro da IFEX) realizando transmissões ao vivo enfatizando a censura e publicando reportagens sobre a situação. Apesar dos desafios, esforços estão sendo feitos para assegurar o acesso à informação, incluindo um novo aplicativo feito pela VE Sin Filtro que ajuda a contornar os bloqueios de mídia on-line, particularmente útil para aqueles que não tem acesso a VPNs.

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