Polícia faz batida em clubes LGBTQ+ de Moscou logo após Rússia banir ‘movimento internacional LGBTQ+’

Captura de tela de um vídeo do canal DW no Youtube. Uso legal.

O pedido do Ministério da Justiça da Rússia de banir o que apelidou de “movimento social internacional LGBTQ+” foi iniciado no dia 17 de novembro. Em 30 de novembro, menos de duas semanas depois, a Corte Suprema russa classificou o movimento e seus ativistas como “extremistas”. Segundo a Reuters, o ministério afirmou, sem dar exemplos concretos, que havia observado sinais de comportamento extremista, incluindo a promoção de conflitos sociais e religiosos, nas ações da comunidade LGBTQ+ na Rússia.

Essa declaração segue uma sequência de leis contra pessoas LGBTQ+ e trans que foram adaptadas recentemente, para reforçar o controle sobre as expressões de orientação sexual e identidade de gênero. Isso inclui a implementação de leis que proíbem o incentivo às relações sexuais “não tradicionais” e proíbem a redesignação de gênero legal ou médica.

Leia mais: ‘Por favor, critiquem o Estado terrorista': pessoas trans e aliados se pronunciam contra uma lei transfóbica na Rússia

Pessoas LGBTQ+ na Rússia dizem temer que qualquer um que se identifique como LGBTQ+ possa ser apontado como “extremista” e penalizado criminalmente. A porta-voz do Escritório dos Direitos Humanos da ONU, Ravina Shamdasani, citada pela Reuters, disse que a situação da comunidade LGBTQ+ na Rússia estava “indo de mal a pior”, e que a falta de clareza acerca da definição de “movimento LGBTQ+” da Corte abre uma brecha para abuso da lei.

Leia mais: ‘História de amor no país do ódio': influenciadores detidos por ‘propaganda’ LGBTQ+ na Rússia

Desde então, Meduza publicou um relatório sobre como três clubes noturnos que acataram pessoas LGBTQ+ foram procurados pela polícia e pessoas foram detidas durante a noite após a decisão da Corte.

Holod media publicou um tuíte com um vídeo de uma das batidas:

A polícia veio ao clube Secret, bar Mono e Hunters Party no clube Kinky Rouge. Além disso, por causa da decisão da Suprema Corte, o clube gay mais antigo, chamado The Central Station, vai ser fechado em São Petersburgo.

Um dos frequentadores do clube disse ao canal do Telegram Caution, Moscou:

In the middle of the party, they stopped the music and [police] began to enter the halls. There were also citizens of other countries at the party. On the way out they took photographs of passports without permission to do so. The scheme was familiar; this is how similar clubs in Saint Petersburg were closed. Someone was panicking.

No meio da festa, eles pararam a música e começaram a entrar pelos corredores. Tinham vários cidadãos de outros países na festa. No caminho eles tiraram fotografias e passaportes sem a permissão para isso. O esquema era conhecido; outros clubes em São Petersburgo foram fechados de forma parecida. Uma das pessoas entrou em pânico.

Organizações que ajudam pessoas LGBTQ+ a saírem da Rússia, estão pedindo ajuda urgente. Por exemplo, a ONG Queer Svit, disse:

Não é um post simples, é um grito de socorro. Durante os últimos dois dias, por conta da decisão da Corte sobre as pessoas LGBTQ+, tiveram mais de 124% de aumento de solicitações de assistência que normalmente recebemos mensalmente. Nós não temos dinheiro para ajudar todas essas pessoas. Por favor, ajudem.

Muitos opositores da Rússia coloriram seus logotipos com as cores do arco-íris nas redes sociais.

O Mês do Orgulho chegou na Rússia, mas há um porém.

Alguns deles perderam inscritos por causa dessa demonstração de solidariedade.

Lentach, [um canal que é mais focado em humor do que em mídia de oposição], perdeu o maior número de inscritos: 27.000.

(2/3) [Lentach mudou o nome do seu canal para] ‘LGBTach’ publicou uma declaração, eu me inscrevo em tudo: “Não somos políticos ou revolucionários […] Mas saibam que não vamos abandoná-los. Temos vocês, e vocês nos têm, e existem várias pessoas que os aceitam e amam — do jeito que são.

A pena por participar ou financiar uma organização extremista sob o direito penal russo pode chegar até 12 anos de prisão.

Leia mais: Primeiras vítimas de lei anti-LGBTQ+ na Rússia são pessoas trans e livros

Inicie uma conversa

Colaboradores, favor realizar Entrar »

Por uma boa conversa...

  • Por favor, trate as outras pessoas com respeito. Trate como deseja ser tratado. Comentários que contenham mensagens de ódio, linguagem inadequada ou ataques pessoais não serão aprovados. Seja razoável.