
A seleção de basquete da Nigéria jogando nos Jogos Olímpicos Especiais Mundiais de Verão em Los Angeles, 2015. Captura de tela do vídeo do YouTube, , ‘Nigeria Conquista Medalaha de Ouro do Futebol Unificado nas Olimpíadas Especiais em – 03/08/15. Uso justo.
Por Toheeb Babalola
Em 1990, Eugenia Omere, uma enfermeira profissional dedicada, comemorou seu 34º aniversário dando as boas-vindas ao seu quinto filho, Solomon Omere, na família. Quando Solomon tinha um ano e meio de idade, a mãe observou atraso no desenvolvimento da fala e dificuldade para atingir seus marcos de desenvolvimento. Preocupada, ela consultou um pediatra que diagnosticou Solomon com Síndrome de Down.
Indivíduos, sejam crianças ou adultos, que apresentam atraso no desenvolvimento, deficiência intelectual leve a moderada e apresentam traços físicos característicos são classificados como portadores de síndrome de Down (SD). Medicamente, atribue-se ao estágio pré-natal, quando um cromossomo 21 parcial ou completo é copiado à medida que o embrião se desenvolve. Este cromossomo adicional afeta o corpo e o cérebro.
A Organização Mundial da Saúde (OMS) estima que a síndrome de Down afete aproximadamente 1 em cada 1.000 nascidos vivos em todo o mundo. No entanto, a taxa de prevalência da síndrome de Down na Nigéria é desconhecida devido à falta de dados.
Tal como referido pelo jornal diário nigeriano Leadership News, as pessoas com síndrome de Down enfrentam muitos desafios, incluindo discriminação, estigmatização, falta de acesso à educação, cuidados de saúde, emprego e outros direitos humanos básicos.
Omere passou dias de tristeza depois que seu filho foi diagnosticado com SD. Em entrevista à Global Voices, ela expressou sua angústia, dizendo:
“O pediatra dizia para continuar pressionando; ele vai chegar lá, e as lágrimas começaram a escorrer dos meus olhos. Estamos em Lagos, mas a família do meu marido está no Benin. Meu marido achava que eu mimava muito o Solomon, e por isso que ele era lento.”
Aos seis anos de idade, Omere matriculou Solomon na creche e escola primária St. Bernadette em Akoka, estado de Lagos. Embora inicialmente tenha lidado bem, ele começou a ter dificuldades acadêmicas no quarto ano do ensino fundamental. Apesar de ter professores especializados em necessidades especiais desde os três anos de idade, Solomon enfrentou desafios ao progredir para o ensino secundário depois de terminar o ensino primário.
Em 2003, Omere encontrou por acaso a Down Syndrome Foundation Nigeria (DSFN) por meio de um anúncio de televisão nacional. Como enfermeira, ela acreditava que a organização poderia ajudar Solomon a desbloquear seu potencial, então ela o matriculou lá. A DSFN é uma organização não governamental dedicada a trabalhar com indivíduos com deficiências cognitivas e a ajudá-los a descobrir o seu potencial oculto por meios de sistemas de apoio assistencial.
As habilidades cognitivas de Solomon não se estendiam à escrita, mas a fundação o apresentou a atividades esportivas como basquete e coreografia. Alguns anos depois, ele se juntou ao time de basquete da escola e fez parte dos 42 atletas que representaram a Nigéria nos Jogos Olímpicos Especiais Mundiais de Verão em Los Angeles, Estados Unidos, em 2015. A equipe garantiu o segundo lugar, rendendo a Solomon uma merecida prata medalha. Em entrevista à Channels Television, o técnico da seleção, Michael Ani, elogiou sua equipe pela vitória sobre a Bélgica.

A equipe nigeriana de basquete das Olimpíadas Especiais nos Jogos Olímpicos Mundiais de Verão de 2015 em Los Angeles, EUA. Foto fornecida por Toheeb Babalola, usada sob permissão.

Solomon Omere nos Jogos Olímpicos Especiais Mundiais de Verão de 2015 em Los Angeles, EUA. Foto fornecida por Toheeb Babalola, usada sob permissão.
Refletindo sobre a participação de Solomon Omere e outros estudantes da fundação nas Olimpíadas Especiais ao longo da última década, a presidente da DSFN, Rose Mordi, revelou à Global Voices em uma entrevista que a Comissão Nacional Desportiva, por meio dos seus olheiros, patrocina regularmente a fundação para atividades desportivas. Ela mencionou que os olheiros buscam recomendações a cada quatro anos.
Mordi disse: “Solomon Omere não foi o único aluno de nossa fundação a representar a Nigéria. Alunos como Yemi Oshin e David Ikoje também participaram dos Jogos Olímpicos Especiais de 2011 na Grécia, na modalidade de hóquei de solo. Embora não tenham garantido nenhuma medalha, eles tiveram um desempenho excelente e deixou o país orgulhoso.”
De acordo com Mordi, Oshin e Ikoje graduaram-se na fundação anos após a participação olímpica. Yemi e a sua mãe estabeleceram a sua própria fundação na Nigéria, enquanto David viajou para o estrangeiro.
No entanto, ela disse que, como resultado, Solomon tem mais habilidade teatral. Ele foi protagonista de uma popular série de filmes nigerianos, Godwin, dirigida e produzida pela Wale Adenuga Productions em 2014:
“Wale Adenuga Productions tem colaborado conosco devido ao nosso envolvimento na mídia na organização de eventos. Um dia, o presidente, Wale Adenuga, manifestou interesse em escrever uma história sobre a síndrome de Down. Quando questionados se tínhamos alguém adequado para o papel de protagonista, recomendamos Solomon. Eles o levaram para o estúdio, fizeram um teste e enviamos nossa educadora especial, Helen Bassey, como equipe de apoio para ajudá-lo a recuperar a confiança em um novo ambiente. Eles passaram um mês na locação do filme e ela foi devidamente compensada.”
Reconhecendo o contrato do filme, Eugenia Omere disse à Global Voices em uma entrevista virtual que a Wale Adenuga Productions contatou a sua família por intermédio da DSFN para negociações antes de apresentar o seu filho. “Salomon foi remunerado como ator profissional e estamos orgulhosos dele”, afirmou Eugenia.
Chukwuemeka Nkocha, pai de Chinaza Nkocha, de seis anos, que também tem síndrome de Down, observou que há muita discriminação afetando as crianças com deficiência na Nigéria.

Solomon com a equipe de filmagem da Wale Adenega Production. Foto fornecida por Toheeb Babalola, usada sob permissão.
Chukwuemeka acrescentou: “A fundação DSFN está a colmatar a lacuna para criar consciência e garantir que a discriminação seja erradicada ao mínimo. Estou muito feliz por ter conhecido a DSFN e testemunhado o seu programa. Há uma melhoria na reabilitação do meu filho. Não se deve esperar uma melhoria automática porque é um processo gradual.”
Oladunni Juliana Ayegbogun, professora e mãe de um menino de 14 anos, Oluwatifemi Ayegbogun, pediu ao público que não expresse simpatia, mas que entenda as crianças com deficiências cognitivas.
“Quero pedir aos pais que parem de manter os filhos com deficiência em casa. Eles deveriam procurar uma fundação como a DSFN para inscrever seus pupilos. Durante o período de sete anos em que meu filho estudou aqui, testemunhamos muitas mudanças nele. Para citar algumas, quando frequentava a escola regular não sabia escrever, ler e identificar alfabetos e números. Mas agradecemos a Deus por ele ter superado esses desafios agora e estamos felizes em enviá-lo em uma missão sem medo.”