O tribunal superior de Lagos, na Nigéria, condenou à morte o policial Drambi Vandi pelo incidente que terminou com o falecimento da advogada, Omobolanle Raheem, grávida, no Natal.
Em 25 de dezembro de 2022, policiais em Ajah, Lagos, ordenaram que Raheem e sua familia parassem o carro em que retornavam de uma missa natalina. Um dos agentes, depois identificado como Drambi Vandi, superintendente assistente de polícia, atirou contra o carro causando a morte da advogada. Logo depois dos disparos, os policiais fugiram do local.
O assassinato de Raheem gerou indignação com a violência policial na Nigeria. Este incidente com resultados fatais é um dos vários incidentes de violência policial registrados recentemente em Lagos e em outras partes da Nigéria. Apenas três semanas antes do assassinato de Raheem, Gafaru Buraimoh, de 31 anos, foi morto a tiros por policiais da mesma delegacia em Lagos. Um estudo realizado pelo The Cable identificou que cerca de 91 nigerianos foram assassinados por policiais no último ano.
A Anistia Internacional condenou o assassinato de Raheem em uma publicação no X (antigo como Twitter).
Amnesty International strongly condemns the killing of Mrs. Omobolanle Raheem by a police officer on Christmas day at Ajiwe Ajah #Lagos. It is horrifying that police officers who are meant to protect lives take it with impunity. #EndSARS #Nigeria pic.twitter.com/ZgzH39lDc4
— Amnesty International Nigeria (@AmnestyNigeria) December 26, 2022
Anistia Internacional condena veementemente o assassinato da senhora Omobolanle Raheem cometido por um policial em Ajiwe Ajah, Lagos, no Natal. É assustador pensar que policiais, que juraram proteger vidas, possam tirá-las com tamanha impunidade.
Em 29 de dezembro de 2022, uma liga de mais de 223 organizações de mulheres, sob o nome de Womanifesto, exigiu justiça para Raheem. A doutora Abiola Akiyode-Afolabi, coordenadora da Womanifesto e diretora executiva do Centro de Investigação e Documentação de Defensores dos Direitos das Mulheres, levantou o assunto em um comunicado intitulado “Justiça para Omobolanle Raheem, assassinada pelo ASP Drambi Vandi!”
“Exigimos o rápido processamento de Drambi Vandi em toda a extensão da lei penal de 2015 do Estado de Lagos e de outras leis aplicáveis. Tanto a família como os amigos da falecida Omobolanle Raheem merecem justiça e uma compensação por sua perda e traumas causados”, declararam.
Enquanto lamentavam a morte da advogada, nas redes sociais os nigerianos e ativistas dos direitos humanos expressaram seu descontentamento no X (antigo Twitter), com muitos apelos à Polícia para que adotassem medidas contra os agentes da delegacia de Ajiwe. O advogado de direitos humanos, Festus Ogun, descreveu o incidente como um padrão recorrente e exigiu justiça para a vítima. Em uma publicação no X, disse:
This unfortunate incident is not unprecedented. The police have shown consistent contempt and hatred to lawyers, over the years. The legal profession must rise in unison to avert this perilous precedent. There must be consequences for impunity.
— FESTUS OGUN (@mrfestusogun) December 26, 2022
A advogada Omobolanle Raheem foi assassinada a tiros por policiais nigerianos integrantes da delegacia de Ajiwe, em Ajah, Lagos. Uma morte a mais. Estes malvados e desprezíveis homens uniformizados estão se encorajando com sua imprudente ilegalidade. E os advogados estão sempre no ponto de mira.
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Lamentavelmente, este incidente não é algo incomum. A Polícia tem demonstrado ódio e desprezo constantes pelos advogados ao longo dos anos. A profissão jurídica deve se erguer unida para evitar este perigoso precedente. Deve haver consequências para a impunidade.
Advogados nigerianos da divisão do estado de Lagos da Associação de Advogados da Nigéria, liderados pelo presidente do Instituto de Advogados da Nigéria, Yakubu Chonoko Maikyau, se uniram para a acusação do policial como parte de seus esforços para assegurar uma justiça rápida e eficaz para a família da falecida.
A Associação de Advogados da Nigéria exigiu um pagamento adicional pelos danos causados não menor que 5.000 milhões de narias (12.000 dólares aproximadamente).
Em 30 de dezembro de 2022, o Procurador-geral do estado de Lagos, Moyosore Onigbanjo, apresentou uma acusação única contra Vandi pelo assassinato de Raheem. O magistrado deferiu a solicitação de aprisionar o acusado no Centro Penitenciário de Ikoyi até o dia 30 de janeiro de 2023.
O tribunal considerou Vandi culpado pelo assassinato e o condenou à morte por enforcamento em 9 de outubro de 2023, depois que o marido da falecida, sua irmã, o armeiro policial, o patologista e outras sete pessoas testemunharam contra ele.