Conheça um pioneiro que promove a inclusão por meio da educação digital STEM na língua iorubá

Dr. Taofeeq Adebayo. Foto cedida por Abdulrosheed Fadipe, usada sob permissão.

Por Abdulrosheed Fadipe

Em uma época na qual a informação flui constantemente por meio dos canais digitais, a diversidade linguística pode, muitas vezes, entrar em conflito com a inclusão digital. No entanto, em meio a esse desafio, um defensor da linguagem está revolucionando o cenário das barreiras idiomáticas e da exclusão digital, ao ensinar conceitos científicos e tecnológicos em iorubá, utilizando plataformas digitais.

Como o mundo está cada vez mais interconectado, o Dr. Taofeeq Adebayo reconheceu que a linguagem nunca deve ser uma barreira para o acesso ao conhecimento pelo qual os indivíduos podem compreender assuntos complexos. Acreditando nisso, ele embarcou em uma jornada para preencher essa lacuna, colaborando com outros graduados em áreas STEM e linguística para iniciar em 2017, o Projeto Ciência em Iorubá. Essa equipe traduziu todos os livros didáticos STEM para o iorubá e ensinou os conceitos traduzidos a alunos de três escolas secundárias em Ibadan, na Nigéria, em 2019.

O Dr. Adebayo é um pioneiro que interliga conceitos científicos e tecnológicos à comunidade iorubá. Ele é professor assistente de linguística na Universidade Estadual da Califórnia, em San Bernardino, na Califórnia, Estados Unidos. Sua abordagem inovadora envolve o aproveitamento do poder das redes sociais e as plataformas on-line para fornecer um conteúdo bem elaborado, resumido e visualmente atraente, que fragmenta em detalhes ideias complicadas em partes fáceis de assimilar.

Durante uma ligação via WhatsApp com este autor, o Dr. Adebayo forneceu informações sobre seu trabalho:

Abdulrosheed Fadipe (AF): O que despertou o seu interesse pela inclusão digital e o levou a compartilhar conceitos científicos e tecnológicos na língua iorubá pelas plataformas das redes sociais?

Taofeeq Adebayo (TA):People who speak English have access to common science, technology, engineering and mathematics (STEM) knowledge. However, many people who speak African languages, including some of my siblings and friends, do not speak any European languages like English. As a result, they are automatically excluded from participating in the reception, dissemination, and reproduction of this body of knowledge. I became interested in digital inclusion when I was in high school. My friends and I would often sit under a tree after our exams and talk about the work of Daniel O. Fagunwa, a Yoruba author. We enjoyed these discussions, and I began to wonder how we could talk about biology, physics, or mathematics in the same way that we talked about Fagunwa's work in Yoruba. When I attended Obafemi Awolowo University, my interest in digital inclusion continued to grow. I wrote articles for national newspapers like The Nation about the importance of ensuring that Yoruba and other African languages can be used to express scientific knowledge, describe technological knowledge, and describe STEM knowledge in general. In 2016, I began my PhD at Tulane University and received a scholarship from the Mellon Graduate Program in Community-Engaged Scholarship. I thought that this was the perfect opportunity to start working on what I had always talked about.

Taofeeq Adebayo (TA): As pessoas que falam inglês têm acesso a conhecimentos comuns sobre ciência, tecnologia, engenharia e matemática (STEM). Porém, muitas pessoas que falam línguas africanas, incluindo alguns dos meus parentes e amigos, não falam línguas europeias como o inglês. Dessa forma, são automaticamente excluídos da participação na acessibilidade, difusão e reprodução desse conjunto de conhecimentos. Eu me interessei pela inclusão digital quando estava no ensino médio. Meus amigos e eu costumávamos sentar debaixo de uma árvore depois dos nossos exames e falar sobre o trabalho de Daniel O. Fagunwa, um autor iorubá. Nós gostávamos dessas discussões e então, comecei a me perguntar como poderíamos falar em iorubá sobre biologia, física ou matemática da mesma forma que falávamos sobre o trabalho de Fagunwa. Quando frequentei a Universidade Obafemi Awolowo, o meu interesse pela inclusão digital continuou a crescer. Escrevi artigos para jornais nacionais, como o The Nation, sobre a importância de garantir que o iorubá e outras línguas africanas pudessem ser usadas para expressar conhecimentos científicos e tecnológicos, e conhecimentos STEM em geral. Em 2016, iniciei o meu doutorado na Universidade de Tulane e ganhei uma bolsa de estudos do Programa de Pós-Graduação Mellon em Bolsas de Estudos Comunitárias. Achei que essa era a oportunidade perfeita para começar a trabalhar em algo de que sempre falei a respeito.

AF: Como você começou sua jornada de ensino desses conceitos on-line? Você encarou algum desafio para alcançar seu público de forma eficaz pelos canais das redes sociais?

TA: The project began in 2017 with the goal of translating basic science textbooks for Grade 7 students in Nigeria. We completed the translation in 2019 and taught the textbooks at three schools in Ibadan. However, in 2020, the COVID-19 pandemic made it difficult to continue our work in the classroom. This led me to consider how we could reach more people and extend our work beyond the classroom. I began learning how to make videos and recordings, and I started producing illustrated videos on topics such as COVID-19, the universe, biology, and physics. Initially, it was difficult to reach an audience online because it takes time for people to discover your work before social media platforms will suggest it to others. However, we have since been able to reach a larger audience. We have over 150,000 followers on Facebook alone, and we are also present on other social media platforms.

TA: O projeto começou em 2017 com o objetivo de traduzir livros didáticos de ciências básicas na Nigéria para alunos do 7º ano. Concluímos a tradução em 2019 e ensinamos os livros didáticos em três escolas em Ibadan. Entretanto, em 2020, a pandemia da COVID-19 dificultou a continuação do nosso trabalho em sala de aula. Isso me levou a considerar como poderíamos alcançar mais pessoas e estender o nosso trabalho além da sala de aula. Aprendi a fazer vídeos e gravações e a produzir vídeos ilustrados sobre temas como a COVID-19, o universo, a biologia e a física. Inicialmente, era difícil alcançar um público on-line porque leva tempo até as pessoas descobrirem o seu trabalho antes que as plataformas de rede social o sugiram a outras pessoas. No entanto, desde então, conseguimos alcançar um público maior. Temos mais de 150 mil seguidores, somente no Facebook, e também estamos presentes em outras plataformas de redes sociais.

AF: De que forma você comprovou que seus ensinamentos on-line impactaram positivamente o seu público? Poderia compartilhar uma história de alguém que tenha se beneficiado do seu conteúdo educativo de forma significativa?

TA: Our work has demonstrated its impact through several noteworthy examples. For instance, we empowered an individual who had completed only high school education to gain a profound understanding of science from our educational materials. This individual now actively contributes to discussions about general science among their peers. Also, a professor from Covenant University reached out to us for a video we made on the layers of Earth to use in their lectures. And a professor of linguistics from the University of Ilorin was interested in showing her students how we use Yoruba words for STEM concepts. These examples show that our work has the potential to reach a wide audience and make a real difference in people's lives. We are committed to continuing to create high-quality educational content that is accessible to everyone.

TA: O nosso trabalho demonstrou seu impacto mediante vários exemplos notáveis. Por exemplo, nós possibilitamos que um indivíduo que havia concluído apenas o ensino médio obtivesse uma compreensão profunda da ciência a partir dos nossos materiais pedagógicos. Agora, ele contribui ativamente para discussões sobre ciência geral entre os seus colegas. Além disso, um professor da Covenant University nos procurou para pedir um vídeo que produzimos sobre as camadas da Terra, com o propósito de usá-lo em suas palestras. E uma professora de linguística da Universidade de Ilorin estava interessada em mostrar aos seus alunos como nós usamos palavras em iorubá para conceitos STEM. Esses exemplos mostram que o nosso trabalho tem potencial para atingir um grande público e fazer uma diferença real na vida das pessoas. Estamos empenhados em continuar criando conteúdos pedagógicos de alta qualidade e acessíveis a todos.

AF: Olhando para o futuro, como você imagina promover sua missão de inclusão digital e expandir o alcance desses conteúdos? Existe a intenção de colaborar com organizações ou iniciativas alinhadas com os seus objetivos?

TA: In the future, my plan is to collaborate with organizations to expand our initiatives. Currently, I am focused on generating a substantial content library. This will enable us to venture into communities and offer offline access. Our intention is to traverse various communities, sharing the content already available on social media with people on the streets, ensuring its accessibility.

Moreover, we aim to collaborate with local organizations in different Nigerian states that share our objectives. Additionally, I am exploring partnerships with TV stations to broadcast our content on a daily or weekly basis, enhancing its reach. Ultimately, I aspire to integrate our content into educational settings, facilitating teaching and learning. The Science in Yoruba Project's core objective revolves around translating more science textbooks. This endeavor will synergize with our digital content, creating a dynamic interaction with the translated textbooks we intend to produce.

TA: No futuro, eu pretendo colaborar com as organizações para expandir as nossas iniciativas. Atualmente, estou focado em criar uma biblioteca substancial de conteúdo. Assim, podemos nos aventurar nas comunidades e oferecer acesso off-line. Nossa intenção é percorrer diversas comunidades, compartilhando o conteúdo já disponível nas redes sociais com as pessoas em todos os lugares para garantir a acessibilidade.

Além disso, pretendemos colaborar com organizações locais em diferentes estados nigerianos que partilham os nossos objetivos. E ainda, estou sondando parcerias com emissoras de televisão para transmitir o nosso conteúdo diariamente ou semanalmente e aumentar o alcance. Por fim, pretendo integrar os nossos conteúdos aos contextos educativos, facilitando o ensino e a aprendizagem. O objetivo principal do Projeto Ciência em Iorubá gira em torno da tradução de mais livros didáticos de ciências. Essa iniciativa estará em sinergia com os nossos conteúdos digitais, criando uma interação dinâmica com os livros didáticos traduzidos que pretendemos produzir.


 

O autor deste artigo, Abdulrosheed Fadipe, é um escritor freelancer da Nigéria. Suas áreas de atuação abrangem cultura, história, política, mídia, direitos humanos, inclusão digital e boa administração.

Inicie uma conversa

Colaboradores, favor realizar Entrar »

Por uma boa conversa...

  • Por favor, trate as outras pessoas com respeito. Trate como deseja ser tratado. Comentários que contenham mensagens de ódio, linguagem inadequada ou ataques pessoais não serão aprovados. Seja razoável.